Portugal nos Jogos (Dia 10): Liliana Cá faz história no disco

Fair PlayAgosto 1, 20216min0

Portugal nos Jogos (Dia 10): Liliana Cá faz história no disco

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A lançadora do disco, Liliana Cá, soma mais um Diploma Olímpico para Portugal e contamos o porquê de ter sido feito história em Tóquio

Depois da prata de Patrícia Mamona, Liliana Cá somou um novo resultado histórico para Portugal, com o 5º lugar e Diploma Olímpico no lançamento de disco, e é o grande destaque do 10º dia de Portugal nestes Jogos Olímpicos a decorrer no Japão!

O DESTAQUE DO DIA: LILIANA CÁ CONQUISTA UM LUGAR NO TOP-5

Chuva, humidade e calor, foi a receita temível que se apresentou para as lançadoras do disco a partir da 3ª tentativa, com Liliana Cá a ter tentado lutar contra o piso escorregadio até ao fim da sua prestação nesta final de mais uma disciplina do atletismo olímpico. Na primeira tentativa, a portuguesa treinada por Luis Herédio Costa, entrou bem na prova com uma marca de 62,31, o que ajudou a ganhar confiança para obter uma 2ª marca de maior distância, com cerca de 63,93, colocando-se no 3º lugar e numa disputa clara pelo acesso ao medalheiro, esperando-se forte concorrência por essa luta.

Os primeiros pingos começaram a cair para passarem, num instante, a chuva intensa que tratou de complicar a prova, e apesar do piso estar completamente impraticável, a final só foi suspensa após Liliana Cá ter executado o seu 3º arremesso, escorregando no processo do lançamento, que acabou por afectar fisicamente a representante nacional no disco.

Depois da pausa para as condições atmosféricas estabilizarem, nenhuma atleta conseguiu melhorar as suas três primeiras marcas e Liliana Cá não foi excepção, tendo os seus  três lançamentos finais sido nulos, muito por via de uma pequena lesão que impossibilitou, assim, de lutar pelas medalhas – não chegou a executar o 6º. Mesmo que a prestação final não tenha sido a idealizada pela lançadora, a verdade é que fez história com um 5º lugar numa disciplina onde Portugal tinha pouca ou nenhuma história (Teresa Machado conseguiu um 11º lugar na sua última prestação em 2000 e um top-10 em 1996), evidenciando uma classe e categoria em todos os momentos desde que começou a sua caminhada até e em Tóquio, e é, actualmente, uma das principais atletas desta disciplina para o gáudio e honra de Portugal.

Liliana Cá, depois de Patrícia Mamona e Auriol Dongmo, deu mais força aos ao saltos e lançamentos atletismo português que começa a encontrar um caminho de sucesso, com ainda Francisco Belo, Nélson Évora, Pedro Pichardo e Tiago Pereira por participar em Tóquio.

O QUE ESTÁ EM ABERTO: PIMENTA E PORTELA COMEÇAM BEM NO K1

Dos três remadores de K1 que entraram em cena hoje nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Fernando Pimenta e Teresa Portela conquistaram o acesso às meias-finais do K1 1000 metros e K1 200 metros, respectivamente, ficando Joana Vasconcelos afastada da fase final do K1 200mts – volta a entrar em cena na distância de 500mts. Mas foram boas as prestações dos atletas nacionais? Fernando Pimenta remou com ligeira calma durante o percurso de 1km, reduzindo a velocidade no último trecho de percurso numa gestão de esforço inteligente e de pura táctica, sendo um dos favoritos para se apurar à final desta distância de kayak (passam os 4 melhores de cada heat das meias). O tempo do canoísta português na qualificação foi de 3:40:23, algo longe ainda do seu último melhor tempo internacional de 3:26:48 realizado na Taça do Mundo de 2020, onde conquistou a medalha de ouro do K1 1000 metros, aguçando expectativas para um possível acesso ao pódio de uma disciplina que foi sua aposta depois de ter somado uma prata no K2 em Londres.

Teresa Portela entrou forte no K1 200 metros, com um 2º lugar depois de percorrer a distância em 42:050, que é, coincidentemente, o melhor tempo registado durante a Taça do Mundo de canoagem em 2021, estando ao nível esperado de uma das principais canoístas portuguesas do século XXI, que em 2012 participou em Londres nos 200 metros sem conseguir o apuramento para a final na altura, possuindo agora uma quase derradeira oportunidade para chegar à final.

Ambos entram em acção na terça-feira de madrugada, e o objectivo de atingirem a final das suas disciplinas é bem possível, perante os tempos registados nos últimos meses, a preparação desenvolvida e a competência técnica e física que detêm.

A RECUPERAÇÃO: MARTA PEN NAS MEIAS DOS 1500 METROS

De eliminação suspeita para um protesto que repôs a verdade da prestação de Marta Pen nos 1500 metros, já que a corredora foi seriamente afectada durante o percurso devido a uma desistência (a adversária parou a meio da prova e ficou na linha de Pen), recebendo o merecido bilhete dourado para atingir a meia-final, melhorando assim o resultado e tempo alcançado no Rio 2016, já que na altura acabou eliminada na primeira qualificação com um 4:18.53. Mesmo com o tal atraso sofrido durante o dia de hoje – quando se preparava para começar a meter uma velocidade mais alta -, a corredora nacional acabou nos 4:07.33, estando a 4 segundos do seu recorde pessoal, não se perspectivando que o bata apesar de serem notórias as melhorias.

Numa prova difícil, porque não foi a única a ter de recuperar após um problema durante a sequência deste 1,5km, a capacidade de luta e acreditar da corredora portuguesa foi de bom nível, não desistindo ou cedendo terreno quando a situação parecia mais complicada, e soma uma qualificação histórica. Marta Pen está a realizar a sua melhor prestação em Jogos Olímpicos, e caso consiga bater o seu recorde pessoal poderá chegar ao top-20 olímpico, um registo que seria digno de história para o atletismo português feminino.

OUTROS DESTAQUES

Salomé Afonso terminou em 13º na sua série dos 1500 metros, com um tempo de 4:10.80, longe dos tempos que poderiam lhe ter valido acesso às meias-finais desta categoria do atletismo.

Lorene Bazolo ultrapassou a 1ª fase dos 200 metros (23.21 segundos), ascendendo até às meias-finais onde terminaria em 7º lugar da sua série, atingindo nova boa marca de 23.20, para se despedir dos Jogos Olímpicos aos 38 anos.

Joana Vasconcelos teve de ir à respescagem dos K1 200 metros para tentar chegar às meias-finais, mas não conseguiu registar um bom tempo nos quartos-de-final e acabou eliminada desta distância. Volta a entrar na água na 4ª feira agora nos K1 500 metros.

Não houve regatas, adiadas para madrugada de terça-feira em Portugal, devido à inexistência de vento de qualidade para garantir qualidade nas provas finais.

Em baixo poderão ver qual é a agenda dos atletas portugueses, com menção à Tocha Olímpica que tem feito um trabalho extraordinário, mas que por motivos de força maior suspenderam os tweets, posts e podcast diário dedicado a estes Jogos Olímpicos. Enquanto não retornarem ao activo, faremos este “serviço” que presta homenagem a esta página que tem colocado os portugueses informados sobre o que se passa em Tóquio.

Foto: Fair Play

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