Copa Intercontinental Dubai 2017: Brasil campeão com classe e pragmatismo
Terminou no passado Sábado a sétima edição da Copa Intercontinental de Futebol de Praia, evento organizado anualmente no Dubai desde 2011 que tem vindo a assumir uma dimensão cada vez mais preponderante no panorama mundial do futebol de praia, constituindo actualmente a segunda maior competiçao de selecções a nível global. Este ano, a Copa Intercontinental voltou a reafirmar esse estatuto de torneio de elite, numa prova que reuniu os 4 líderes do ranking da Beach Soccer World Wide (BSWW) e contribuiu para vincar ainda mais a nova ordem do futebol de praia mundial. Encerrada a movimentada época de 2017 com este corolário de luxo, o Fair Play faz um balanço da Copa Intercontinental reunindo as ideias chave que ressaltam da análise do torneio, enquadradas no contexto mais alargado da modalidade nos seis continentes.
Brasil indomável consolida hegemonia
São já mais de 2 anos sem conhecer o sabor da derrota, ao longo dos quais o Brasil de Gilberto Costa construiu um palmarés invejável: campeão mundial, vencedor de todas as competições sul-americanas, bicampeão do mundialito e finalmente bi-campeão intercontinental. Após 5 anos de considerável jejum de títulos e elevado número de derrotas (no âmbito dos padrões brasileiros), o Brasil retomou o seu estatuto natural de líder mundial do futebol de praia de forma avassaladora, sendo necessário remontar ao comando de Alexandre Soares entre 2005-2008 (em que o nível competitivo global era bem inferior ao actual) para encontrar semelhante hegemonia da Canarinha.
No Dubai, o Brasil conseguiu mesmo demonstrar uma evolução em relação ao que havia apresentado em Nassau (mundial) e em Carcavelos (mundialito), revelando um rigor defensivo verdadeiramente notável, mas sobretudo uma fluidez ofensiva formidável, pautada por uma estonteante diversidade de soluções que não garante um segundo de descanso às defesas adversárias. Tacticamente, foi possível discernir algumas das inovações previamente anunciadas pelo técnico Gilberto Costa, com uma parafernália de movimentações rápidas e combinações ao primeiro toque que se tornaram uma dor de cabeça para os adversários. Fica a sensação de que o Brasil joga cada vez mais rápido, mais perto da baliza adversária e capaz de desequilibrar por intermédio de qualquer dos seus elementos.
Defrontar o Brasil: Missão impossível?
Equipas em franco crescimento como o Egipto e os Emirados Árabes Unidos, capazes de causar dificuldades assinaláveis a colossos como Portugal, Rússia e Irão em virtude da sua boa organização defensiva, acabaram dizimados pelas ogivas brasileiras (11-3 e 15-4, respectivamente), dando expressão ao poderio atacante de um Brasil que tira partido do talento inato das suas unidades com grande pragmatismo e eficácia. Não é possível resistir a semelhante poder de fogo sem uma minuciosa preparação defensiva, uma condição física de excelência e uma maturidade psicológica irrepreensível para reagir a todos os momentos do jogo.
Portugal e Irão, derrotados por 2 golos na final e meia final, respectivamente, foram as equipas que mais obstaram ao domínio brasileiro na competição (e no ano de 2017, a bem da verdade), tendo a organização defensiva montada por Mário Narciso e Marco Octávio resultado até certo ponto, mas mais uma vez a eficácia defensiva do Brasil ofuscou as esperanças de recuperação dos adversários uma vez em desvantagem no marcador. Se o Irão ainda conseguiu beneficiar de lances de bola parada para transformar uma desvantagem de 3 golos num perigoso 5-4 a poucos minutos do final, a segurança defensiva brasileira e o fluxo ofensivo constante nunca ameaçaram verdadeiramente a vitória do Escrete. Da mesma forma, a prestação defensiva portuguesa na final foi quase irrepreensível, ao ponto de ter conseguido reduzir o número de golos dos sul-americanos a apenas dois, mas as falhas na finalização e o mérito de Mão impediu a concretização de quaisquer oportunidades de que as cinco quinas foram dispondo esporadicamente.
Nomes como Rodrigo, Datinha, Lucão, Mauricinho (eleito melhor jogador do mundo em 2017), Bokinha e tantos outros são as armas apontadas às balizas adversárias que, ao leme do capitão Bruno Xavier e sempre protegidos pelo lendário Mão, formam aquela que a cada torneio vai reforçando a candidatura a melhor geração de sempre do futebol de praia brasileiro (e mundial).