Futebol de praia: 3 questões para 2020
Ano novo, vida nova, assim diz o ditado. Mas será que 2020 será assim tão diferente de 2019 no que ao futebol de praia diz respeito? A nível de calendário internacional, as mudanças são evidentes, com uma redução drástica do número de competições por comparação com o ano passado, que foi de longe a temporada mais preenchida de sempre. Mas o que nos importa realmente é algo distinto: como irão reagir as grandes equipas da cena internacional aos resultados que obtiveram em 2019 na próxima temporada?
Irá o SC Braga conseguir manter a hegemonia?
No mundo do desporto é costume dizer-se que, apesar de ser difícil chegar ao topo, o mais difícil é manter o estatuto alcançado, entenda-se, o estatuto de campeão. E foi precisamente isso o que o SC Braga tem vindo a fazer nas últimas temporadas, em que se sagrou tri-campeão europeu e nacional. No ano passado, os bracarenses conquistaram ainda o Mundialito de Clubes e a inédita Taça de Portugal.
Para 2020, quais serão os objectivos dos minhotos? Voltar a vencer cada uma das provas, claro está. Uma tarefa hercúlea a que os comandados de Bruno Torres se propõem e que começa já no próximo mês, em Moscovo, com a defesa do ceptro mundial conquistado no ano passado na capital russa. Para já, o triumvirato composto por Jordan, Léo e Bê Martins continua a treinar tendo em vista este próximo objectivo, no qual contará com o poder de fogo dos reforços que chegarão da selecção Canarinha. A oposição será, no entanto, de peso, num ano em que, dentro e for a de fronteiras, todos sonham derrotar o líder do ranking mundial da Beach Soccer WorldWide. Até onde irá durar a hegemonia dos minhotos?
Como reagirá o Brasil à perda do título mundial no próximo ano?
Embora tenha averbado apenas uma derrota no ano de 2020 (excluindo o torneio da Copa Lagos, na qual o Brasil se apresentou com uma selecção de esperanças sub-23), o Brasil falhou o objectivo principal da temporada. Isto porque esse jogo correspondeu precisamente à partida dos quartos de final da prova diante da Rússia, que os pupilos de Gilberto Costa perderam por 4-3.
Num país habituado a ganhar praticamente tudo nos últimos 4 anos, a queda numa fase precoce da competição causou transtorno e de imediato se ergueram algumas vozes contestatárias do modelo de gestão do futebol de praia brasileiro. Além disso, em termos de competição dos escalões jovens, o Brasil não tem averbado resultados tão bons como seria de esperar, não conseguindo assegurar o domínio continental (o Brasil acabou por perder o título da CONMEBOL para a rival Argentina no evento realizado em Dezembro do ano passado). No entanto, o nível apresentado pelos atletas do Escrete na temporada de 2020, assim como a prestação colectiva da selecção, manteve-se em patamares de excelência como em anos anteriores, numa temporada em que o Brasil até conquistou o ouro nos inéditos Jogos Mundiais de Praia.
Assim sendo, coloca-se a seguinte questão: irá o futebol de praia brasileiro sofrer algum tipo de restruturação em 2020?
Portugal campeão do mundo: E agora?
Da mesma forma que o SC Braga, também a selecção nacional protagonizou um ano de sonho em 2020, ao sagrar-se campeã europeia, mundial e olímpica (Jogos Europeus de Minsk). Além disso, viu ainda Jordan ser distringuido como o melhor jogador do mundo, além de diversos prémios individuais terem sido conquistados por Andrade, Léo Martins, Bê Martins e o próprio Jordan.
Num 2020 com menos competição, Portugal terá, no entanto, de lutar pela revalidação dos títulos do Mundialito e da Liga Europeia, assim como a qualificação para o mundial do próximo ano. Assim, existem razões de sobra para alimentar as expectativas em relação aos desafios da selecção lusa no ano que agora começa: conseguirão os comandados de Mário Narciso dar continuidade aos resultados de luxo alcançados em 2019?
A expectativa cresce se considerarmos que em 2020 Portugal jogará sem a sua maior referência de sempre na modalidade, o capitão Madjer que envergou pela última vez a braçadeira na final do Mundial em Assunção. Será interessante perceber como se irá adaptar a equipa portuguesa em campo, com a composição da segunda equipa a alterar-se forçosamente e, consequentemente, também o modelo de jogo.