Fórmula 1 2024: Até quando o domínio da Red Bull?
O campeonato do mundo de Fórmula 1 caminha a passos largos para a pausa de verão. Depois das típicas provas fora do continente europeu, pilotos e equipas preparam-se para correr mais perto das suas casas, num par de rodadas emocionantes e com circuitos históricos.
Até ao momento o campeonato teve um dono: Max Verstappen. Apenas não venceu na Austrália e em Miami. É líder isolado com 136 pontos, mais 33 pontos que Pérez, e à frente de Charles Leclerc que tem 98 pontos. A Red Bull domina no seio dos construtores com 239 pontos, a Ferrari é segunda com 187 e a McLaren terceira com 124.
What a crazy, crazy day in Miami has done to the Driver Standings tonight 📈#F1 #MiamiGP pic.twitter.com/mWsV44KJTs
— Formula 1 (@F1) May 6, 2024
Posto isto, e depois da vitória de Lando Norris no passado grande prémio- corrida vencida sem a desistência de Max – urge a seguinte questão que tento responder no presente artigo: até quando o domínio da Red Bull? Pelo menos até ao final da temporada. A vantagem competitiva dos homens de Milton Keynes é irrecuperável em 2024, estão imparáveis, e não só confirmaram o domínio que haviam tido no ano transato, como o acentuaram e apenas um problema mecânico e um erro de pilotagem de Verstappen impediram que a marca vencesse todas as corridas esta temporada.
O sucesso da Red Bull, não só se explica pelos extraordinário talento de Verstappen, como também pela notável competência e qualidade de quem construiu o monolugar. Contudo, essa equipa parece estar a desmoderar-se, isto porque, apesar do sucesso desportivo, internamente o ambiente não é o mais adequado. Desde logo pelos eventos que marcaram o início desta temporada. Recorde-se da polémica em torno de Horner. O chefe foi investigado internamente pela marca austríaca, depois de ter sido acusado por uma, entretanto, ex-funcionária. Desde aí o clima ficou tenso e, principalmente, dividido. Claro está que isso não prejudicou o desempenho da marca em pista, mas afeta o futuro. Neste momento, o grande inimigo da Red Bull é a própria Red Bull, o que diz muito do estado atual da Fórmula 1: uma equipa que vence e que o seu principal medo é adormecer no seu próprio sucesso, perdendo-se nos casos e casinhos, enquanto a concorrência procura minimizar as diferenças.
O segundo motivo de preocupação é a saída do grande obreiro do domínio da Red Bull, Adrian Newey. O super engenheiro britânico já se despediu da equipa em Miami e saíra definitivamente da marca nos próximos meses. Este não é um simples engenheiro, é engenheiro dos engenheiros, a referência da Fórmula 1, aquele que todos ambicionam um dia ter na sua equipa. A sua saída poderá hipotecar o sucesso da equipa, numa altura em que 2026 se avizinha e os regulamentos mudarão. Uma era com mais motor e menos aerodinâmica, acentua a necessidade de um bom pacote aerodinâmico e um excelente motor. A Red Bull poderá ter dificuldade em o alcançar, ainda para mais com a saída da Honda e de Newey de cena, a equipa ficará sem as suas moletas e terá de caminhar só.
Também não é de descorar as movimentações que a Ferrari tem feito no mercado dos engenheiros. Foi à Mercedes tirar peças importantes, e estará na linha da frente para contar com os serviços de Newey, se este não se quiser reformar. A contratação de Frédéric Vasseur parece estar a surtir efeito e com Charles Leclerc e Lewis Hamilton a pilotar para a Ferrari em 2026, a seca de títulos pode estar mais perto de acabar, destronando o que até lá deverá ser da Red Bull.
🚨 Las conversaciones entre Newey y Ferrari parecen estar muy avanzadas.
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— ElReyGuiri (@ElReyGuiri) May 14, 2024
A crescente evolução da McLaren também deve ser tida em conta. Com uma ótima dupla de pilotos, uma estrutura organizada e muita vontade de ganhar, os papaia continuarão a incomodar a Red Bull, esperando o momento certo para acabar com o seu domínio. Não são certamente os favoritos para o fazer, mas não se pode menosprezar uma equipa que tem a sua história afixada nos livros da categoria.
Até quando o domínio da Red Bull? É uma pergunta previsível, com uma resposta complexa. O domínio para o que resta em 2024 é garantido. É bastante possível em 2025, mas poderá ter o sem fim em 2026. Quando se passa de ano, na gíria popular, diz-se “ano novo, vida nova”. Na Fórmula 1, quando os regulamento trocam, tudo volta ao zero e as portas abrem-se para uma nova vida.