Começa o Brasileiro Sub-23: potenciais MVP’s e as equipas-destaque

Lucas PachecoOutubro 20, 20227min0

Começa o Brasileiro Sub-23: potenciais MVP’s e as equipas-destaque

Lucas PachecoOutubro 20, 20227min0
Lucas Pacheco está a acompanhar o Brasileiro sub-23, o 2º campeonato mais importante no Brasil da modalidade e dá-te a conhecer 5 talentos

Teve largada no último domingo o torneio mais bacana do basquete feminino brasileiro. O Brasileiro Sub-23, organizado pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB), chega a sua segunda edição, após a conquista do Sport Recife em 2021. Com limite mais rígido de idade (na primeira edição, permitiam-se 3 jogadoras acima de 23 anos em cada equipe; em 2022, são liberadas 2 jogadoras acima de 23 por equipe, com limite máximo de 25 anos), o torneio dá rodagem a jogadoras prestes a sair da base e entrar na categoria adulto.

Dadas as dimensões territoriais do Brasil, são raras as chances de intercâmbio; considerando o baixo investimento nas categorias de base, é uma chance de ouro para as jogadoras aparecerem e inserirem seus nomes no circuito profissional. O Brasileiro propõe-se a ser um elo, não apenas para as jogadoras, como também para o resgate da história da modalidade no Brasil. Não à toa, as 11 equipes foram divididas em duas conferências, nomeadas em homenagem a duas ex-estrelas da seleçao brasileira, Suzete e Simone Bighetti.

Com quatro dias de disputa, alguns destaques individuais despontaram e serão apontadas cinco promessas do basquete feminino brasileiro. As jogadoras com passagem pela LBF não serão mencionadas, pois se encontram em outro momento da carreira, em busca de mais tempo de quadra e maior protagonismo. Esse critério retira, por exemplo, a MVP da primeira edição, a pivô Adrielly, que chegou à final da LBF pelo Vera Cruz Campinas. Pela mesma razão, nenhum nome do bom time de São José dos PInhais/Guaxo: Letícia Prudente e Isabela Costa com passagem pelo Vera Cruz, Giulia pelo Blumenau, Leticia Senff por Sorocaba e Mariana Tavares pela LSB.

O Pinda é outra boa equipe, com expectativa de disputar o título, sem nenhuma menção, uma vez que o time disputa o Campeonato Paulista adulto. O Nosso Clube/Instituto Vitaliza possui prospectos interessantes, a maioria formada no próprio projeto, porém a ênfase coletiva sombreia (até o momento) as individualidades. Assim, passemos às 5 jogadoras que chamaram a atenção nas primeiras rodadas do Brasileiro.

Taíssa Nascimento (Bradesco-SP)

A ala-pivô chama a atenção desde que surgiu e merece ser monitorada de perto. Figura carimbada e protagonista nas seleções brasileiras de base, a ala de 16 anos e 1,78m destaca-se mesmo contra adversárias mais velhas. Dona de um vigor físico impressionante, a ala-pivô é uma máquina de duplos-duplos, atacando as tábuas e com liberdade para sair jogando em contra-ataque.

Taíssa é uma pérola que precisa ser lapidada, com atleticismo e mobilidade acima da média. Por vezes, acelera demais o jogo e seu manejo de bola carece de refinamento, o que gera desperdícios em excesso; seu arremesso ainda não inspira confiança, motivo de sua pontuação vir de cestas perto do aro. Há algo de intangível em seu basquete, uma liderança nata que não aparece nos números.

No ano passado, ela jogou pouco e a escolha do Bradesco (sólido projeto de formação em Osasco-SP) em diminuir a idade de seu elenco na edição atual vem propiciando maiores oportunidades para Taíssa. Apesar de ter recebido um troféu Hortência (dado à melhor jogadora de cada partida) em três rodadas, ela ainda está tímida na competição e deve crescer conforme o torneio avança.

Ana Beatriz (Bradesco-SP)

Outro nome carimbado nas seleções de base, Ana Beatriz forma uma dupla de respeito com Taíssa. Com um estilo de basquete muito similar ao de Taíssa, a ala-pivô de 16 anos e 1,76m possui como diferencial o jogo sem a bola; ela carrega menos a bola ao ataque (o que diminui o número de desperdícios) e executa as pequenas ações em quadra, como bloqueios, ajuda defensiva, e muitos rebotes.

Ana Beatriz ainda não teve uma grande exibição nesta edição, e seu potencial ainda está por explodir. A dupla com Taíssa traz muito atleticismo a uma equipe cujos destaques, até o momento, vêm do perimetro (Tita e Fernanda Carreiro); uma dupla de wings que joga maior que sua altura.

Geovana (São José-SP)

O São José realizou apenas uma partida na competição; na vitória na prorrogação sobre o Nosso Clube, por 80 x 77, a ala foi a cestinha de sua equipe com 22 pontos. Os números não condizem com sua importância para o conjunto, sempre acionada nos momentos difíceis, a válvula de escape para as movimentações quebradas. Geovana possui carcaterísticas raras no Brasil, como a pressão no aro a partir do drible, muito ativa em atacar no 1×1.

No jogo isolado, ela chutou bastante, com aproveitamento ruim: 25% de aproveitamento de quadra (7/27), sem nenhum acerto em oito tentativas da linha de três e apenas 57% nos lances livres (8/14). Se o chute merece trabalho, seu manejo de bola, aliado a um primeiro passo explosivo, são excelentes para sua idade. Uma área de atenção para a ala de 1,70m e 20 anos é a defesa – tanto individualmente quanto na ajuda.

Brenda Bleidão (Foz-PR)

A ala causou frissom na edição passada, jogando pelo Campestre, e agora retorna pelo Foz. A carioca de 19 anos e 1,78m possui envergadura capaz de romper as linhas de passe adversárias, razão do alto número de roubos em seus jogos – gerando, além do mais, pontos de contra-ataque.

Brenda era a figura chave ofensiva do Campestre e, no contexto mais horizontal do Foz, continua a brilhar, ainda que menos acionada. Raramente ela força arremessos e possui uma visão de quadra acima da média; sua pontuação é construída sem pressa e a próxima etapa é tornar o arremesso ainda mais consistente, passo que a elevará à categoria de sniper.

Nathalia Lima (Foz-PR)

Outra jogadora, tal qual Brenda, formada pela Mangueira, do Rio de Janeiro. No ano passado, ela fazia parte do elenco do Foz e, saindo do banco, sempre aumentava o ritmo de sua equipe. Porém, suas atuação acabavam diluídas pelo bom desempenho coletivo, de uma equipe cujos esteios eram jogadoras mais experientes.

Agora, Nathália cavou seu lugar no quinteto titular e segue correspondendo à altura. Com 20 anos, ela joga como power-forward, em uma formação alta e ágil; Nathalia defende tanto jogadoras maiores e mais pesadas, como acompanha as mais velozes e móveis no perímetro. Tem todas as ferramentas para, junto de Brenda Bleidão, conduzir o Foz novamente às finais do Brasileiro.


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