Campeonato da Europa de Andebol 2022: Portugal cai no último segundo

Bernardo GalanteJaneiro 17, 20225min0

Campeonato da Europa de Andebol 2022: Portugal cai no último segundo

Bernardo GalanteJaneiro 17, 20225min0
Nova derrota para os comandados lusos no Campeonato da Europa de Andebol, mas ainda há esperança... como? Bernardo Galante explica

Dois dias antes, no mesmo país, na mesma cidade, no mesmo pavilhão, Portugal não entraria com a qualidade de jogo que caracteriza esta promissora seleção nacional, porém, dias maus todos nós vivemos e a resposta (a nível exibicional) acabaria por ser dada na tarde deste domingo. Este era um jogo decisivo para ambas as seleções, já que uma derrota poria, praticamente, uma destas duas equipas fora do Campeonato da Europa.

Na Budapest Multifunctional Arena estavam cerca de 20 mil espectadores – numa casa que leva precisamente cerca de 20 mil pessoas -, a torcer pela anfitriã Hungria, que tinha sido surpreendida e derrotada na 1ª jornada pelos Países Baixos. A seleção comandada por Paulo Jorge Pereira vinha de uma derrota frente à Islândia e também necessitava de uma vitória, mas para isso teria de ser o coletivo que nos habituou a fazer grandes exibições a entrar em campo. E assim foi, mas não chegou.

Portugal entrou no 40×20 determinado e revigorado, sendo que rapidamente chegou a um parcial vantajoso de 3-0. Os lusos demonstravam-se consistentes defensivamente e com um plano ofensivo muito rendilhado, suportado com incursões aos seis metros, tirando partido das qualidades individuais da sua primeira linha – composta por Alexandre Cavalcanti (LE), Miguel Martins (Central) e Fábio Magalhães (Central). A Hungria viria a equilibrar o jogo, conseguindo também chegar ao empate e, inclusive, liderar o marcador por largos períodos do primeiro tempo, no entanto, a turma lusa colocava-se em vantagem pela margem mínima a 4 segundos do intervalo, indo para os balneários na frente do marcador (15-14).

O jogo encontrava-se em aberto com duas seleções muito destemidas – fator que levou a várias exclusões de 2 minutos na partida, totalizando 6 para cada lado, respetivamente – e na entrada para a os últimos 30 minutos, a Hungria veio com todo o gás, à vantagem pela margem mínima (15-16) aos 2 minutos do segundo tempo. O jogo ia-se mantendo na toada do equilíbrio, quando a 10 minutos do final do encontro, a Hungria alarga a sua vantagem para três golos de diferença. Os heróis do mar não desistiram e quando o placar eletrónico marcava os 55 minutos, Portugal empatava o jogo a 28 bolas, perante uma nervosa Hungria.

O encontro estava impróprio para cardíacos e a Hungria passava para a frente a 52 segundos do final da partida. A 12 segundos do fim, Portugal empata por intermédio de Daymaro Salina. Quando os portugueses já pensavam num empate que acabaria por justificar o equilíbrio do encontro e deixar tudo completamente em aberto para a última jornada, Dominik Mathé, perante uma defesa agressiva e compacta dos heróis do mar e com uma Hungria a esgotar as soluções ofensivas, eis que decide o jogo a 4 segundos do final com uma bomba dos 9 metros a 130km/h. 30-31 acabaria por ser o resultado final a favor dos húngaros.

Num Campeonato da Europa, jogar bem não chega…

Portugal fez a melhor exibição da era Paulo Jorge Pereira? Não, é verdade. Mas, apesar disso, realizou uma excelente exibição mesmo com 7 ausências de peso e merecia mais deste encontro. A diferença para os húngaros esteve nas falhas técnicas, visto que os portugueses cometeram 8 contra apenas 2 dos anfitriões.

Os pivôs tiveram mais um dia negativo no plano ofensivo com várias falhas técnicas, o que culminou no desperdício de alguns ataques. Gustavo Capdeville apresentou-se, mais uma vez, num excelente nível com 9 defesas, culminando nuns excelentes 28% de eficácia defensiva.

O futuro reforço do Paris Saint-Germain e atualmente a representar o Elverum da Noruega, Dominik Máthé, esteve endiabrado ofensivamente, realizando uma partida de altíssimo nível, onde marcou o tento decisivo do encontro e acabando por ser nomeado para a EHF como o MVP da partida. No total, foram oito golos do lateral húngaro.Portugal pode fazer mais, no entanto, a exibição é de um nível qualitativo que não representa a situação em que está posicionada – praticamente fora do Campeonato da Europa.

Como estão as contas do Grupo B?

Com a vitória da Hungria frente a Portugal (31-30) e a derrota dos Países Baixos perante a seleção da Islândia por 28-29, esta combinação de resultados acaba por entregar o primeiro lugar aos nórdicos que registam 4 pontos em dois jogos (57GM, 52GS, +5DG), seguindo-se dos Países Baixos (59GM, 57GS, +2DG) e da Hungria (59GM, 61GS, -2DG) com 2 pontos na 2ª e 3ª posição, respetivamente. Portugal (54GM, 59GS, -5DG) segue na última posição não contabilizando qualquer ponto.

As contas estão extremamente complicadas para Portugal se manter no Campeonato da Europa, pois para avançarem para o Main Round, terão de ver a Hungria a ser derrotada perante a Islândia, vencer o seu encontro frente aos Países Baixos, pelo menos, por dois golos de diferença e esperar que tenha o melhor saldo de diferença de golos comparativamente com as outras seleções que, hipoteticamente, poderão estar em igualdade pontual com os lusos.

A terceira e última jornada do Grupo B do Campeonato da Europa joga-se na terça-feira com a Islândia a defrontar a anfitriã Hungria, pelas 17 horas portuguesas e com transmissão na RTP Play. Portugal defrontará os Países Baixos pelas 19h30 com transmissão na RTP2.

 


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS