A rivalidade do momento na NCAA tem mais um capítulo

Lucas PachecoFevereiro 8, 20236min0

A rivalidade do momento na NCAA tem mais um capítulo

Lucas PachecoFevereiro 8, 20236min0
Mais uma super rivalidade dentro da NCAA, com agora Uconn e South Carolina a ganharem destaque para Lucas Pacheco que analisa este duelo

O basquete feminino universitário norte-americano (a NCAA) aproxima-se do seu auge, com o torneio nacional e as loucuras de Março (o tal March Madness da NCAA), após as competições pelos títulos de cada conferência. É o momento das equipes crscerem e realizarem os últimos ajustes. Nada melhor que disputar grandes jogos, televisionados em rede nacional, com ginásios lotados e contra equipes do topo do ranking.

Se o duelo entre Tennessee e Connecticut guarda história e tradição na NCAA, nada se compara, no momento, ao clássico em formação entre Uconn e South Carolina. No último domingo, a partida transcorreu na casa de Connecticut, repetindo os participantes da final do torneio nacional de 2022.

Geno Auriemma novamente deparou-se com as múltiplas contusões no elenco, tendo utilizado 6 jogadoras na rotação (Amari DeBerry e Ines Bettencourt entraram no minuto final, em decorrência da eliminação de duas companheiras). As estrelas da companhia seguem fora e até mesmo a reserva imediata de Azzi Fudd (Caroline Ducharme) estava fora. Já a técnica de South Carolina, Dawn Staley, dispunha de todo seu arsenal, incluindo a iminente escolha 1 no próximo draft da WNBA, a pivô Aliyah Boston.

Com o apoio da torcida, que lotou o ginásio (15.564 presentes), Uconn deu o golpe inicial e venceu o primeiro quarto por 25 x 14 (com direito ao buzzer beater de Lou Lopez Senechal). Toda a versatilidade da equipe comandada por Auriemma apareceu, cuja pontuação produziu-se com excelente aproveitamento de quadra e transição ofensiva. Amplamente dominado, South Carolina não encontrava meios de vencer a superlotação de seu garrafão ofensivo; sem ceder milímetros a Boston, Uconn desejava que as demais jogadoras de South Carolina finalizassem.

Virou rotina essa estratégia ante Boston, todas as adversárias a utilizam. Para piorar, a shooting guard Zia Cooke estava em uma noite apagada nos arremessos; sem ataque, restava a South Carolina emparelhar na defesa, feito alcançado apenas no segundo quarto. Os dez minutos iniciais presenciaram falta de cobertura e Uconn aproveitou-se para abrir vantagem.

O painel mudou com as entradas da armadora Raven Johnson e da pivô brasileira Kamilla Cardoso. Raven impôs um ritmo ofensivo e organizou sua equipe em quadra, procurando sempre as duas pivôs, além de grampear a armadora croata de Uconn. A marcação de Raven foi aspecto pouco comentado, apesar de essencial para a virada: Nika Muhl perdeu a liberdade na transição e South Carolina apertou as linhas de passe. Gradativamente, as mudanças fortaleceram o jogo de meia quadra de South Carolina e, melhor posicionada, a equipe passou a coletar quase todos os rebotes. Valendo-se de sua principal carcaterística, a equipe de Dawn Staley acionou melhor seu garrafão e levou o placar empatado para o intervalo (34 x 34).

Se o impacto de Raven Johnson ocorreu na organização da equipe em quadra e no ritmo, a de Kamilla refletiu-se imediatamente nos números: 11 pontos e 6 rebotes no primeiro tempo, mantendo o time no jogo enquanto as protagonistas Boston e Cooke não deslanchavam.

A falta de opções em Connecticut pesa, sem dúvida alguma. Além dos ajustes de South Carolina, o cansaço de Uconn apareceu na primeira metade da partida; de 25 pontos anotados no 1Q para 9 no 2Q. A volta do intervalo viu as anfitriãs melhorarem no aproveitamento de quadra, apesar de South Carolina ter tirado a transição ofensiva (e os pontos fáceis e rápidos) e imposto seu jogo pesado, com duas torres gêmeas se revezando no poste baixo.

Aaliyah Edwards, pivô canadense de Connecticut, achou um antídoto para Kamilla e passou a explorar o jogo de 1×1 contra a pivô brasileira. Mais móvel, Edwards abusou das isolações e carregou Kamilla de faltas. Senechal, bem marcada por Zia Cooke, seguia se movimentando sem a bola, e Aubrey Griffin atacava linhas de infiltração a partir do drible. Ao final do 3Q, vantagem de 3 pontos a favor de South Carolina – tudo aberto para os 10 minutos derradeiros.

A trocação de cestas seguiu até a metade do último quarto, quando enfim South Carolina abriu uma vantagem de 10 pontos. Aliyah Boston, tímida no primeiro tempo, já entrara em ritmo e, a essa altura, comandava as ações ofensivas, com muitos rebotes e pontos. Nem a marcação dupla, às vezes tripla, brecou a melhor jogadora da temporada passada – foram 13 pontos no 4Q. Sabendo o que Uconn concederia, Boston se aproveitou (finalizou a partida com 26 pontos e 11 rebotes).

Percebam a marcação por zona de Uconn, com duas jogadoras fechando Kamilla embaixo do aro e a concessão do tiro de três para Boston. O time atual de Connecticut sente as ausências, mas não desiste jamais: com rotação curtíssima, com jogadoras limitadas por faltas, a equipe foi atrás e encostou no minuto final.

Nâo teve jeito, a vitória de South Carolina estava decretada, bastando converter os lances livres. O placar final de 81 x 77 para South Carolina demonstra o equilíbrio da partida, decidida em grande parte pelos 12 rebotes a mais coletados, que geraram 13 arremessos extras.

O resultado manteve a invencibilidade de South Carolina na NCAA, agora com 23 vitórias e nenhuma derrota na temporada. As atuais campeãs seguem como francas favoritas ao bicampeonato nacional, feito atingido pela última vez por Uconn com o tetra entre 2013 e 16. A universidade diminui a vantagem das rivais na série história, contando com 4 vitórias (a primeira na casa de Uconn) e 9 derrotas, no embate iniciado em 2007. Sem brecha para respiro, South Carolina volta a um grande palco já no próximo domingo, quando encara a outra universidade invicta na temporada, a LSU comandada por Kim Mulkey.

Os dois principais programas da atualidade produziram novo capítulo na crescente rivalidade. Ao opor os dois técnicos, Dawn Staley e Geno Auriemma, a partida ainda proporcionou dois estilos díspares de basquete: SC com jogo de pivôs, dominando rebotes, explorando as tábuas e dirimindo os chutes de três; contra uma universidade de Connecticut com um basquete mais fluido, aposta nos arremessos longos e muito atleticismo. Uconn acumulou a terceira derrota na temporada, com 21 vitórias, e segue forte na busca por mais um título nacional.

Não duvidemos que as universidades voltem a se enfrentar no Final Four da NCAA, tal qual no ano passado.


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