A importância do retorno da F1 a Portugal e o prémio para AI do Algarve
O asfalto do Autódromo Internacional do Algarve vai sentir pela primeira vez os pneus dos Fórmula 1 a roçarem e acelerarem, oferecendo assim a oportunidade de Portugal estar novamente no mapa de uma das competições mais lendários do desporto mundial, enriquecendo ainda mais as vitórias alcançadas pela indústria desportiva portuguesa neste século XXI.
Desde 1996 que a F1 abandonou as pistas portuguesas, deixando uma saudade profunda nas curvas e contracurvas do Autódromo do Estoril, que durante 12 temporadas recebeu, organizou e pontilhou provas de grande espectacularidade, onde a emotividade foi sentida de forma constante durante anos a fio. Depois de Pedro Lamy e Tiago Monteiro terem passado pela F1, a marca portuguesa tinha praticamente se desvanecido e as oportunidades para voltar a ter a bandeira portuguesa envolvida na competição eram cada vez mais diminutas.
Contudo, o sonho de voltar a ter um Grande Prémio de Portugal fez parte da agenda dos investidores e direcção do Autódromo Internacional de Portimão, que viam e vêem a pista algarvia como um local perfeito para receber uma prova deste nível, seja pela qualidade da pista em si (e já daremos a conhecer algumas curiosidades do AI de Portimão), pela região trabalhada e voltada para o turismo internacional e pelas acessibilidades de qualidade que permitem um acesso fácil ao Algarve.
A candidatura estava no “forno”, mas desde a chegada da CVC em 2005 – entretanto a empresa de investimentos vendeu os direitos da F1 em 2016 – que as possibilidades de localizações mais históricas e menos exóticas em serem sedes de provas tornaram-se diminutas e Portugal acabou quase esquecido, até ao ano de 2020. A pandemia causou estragos em todos os sectores e lançou inclusivé sérias dúvidas da realização das provas da Fórmula 1 desta temporada, levando a uma reformulação parcial do calendário mundial que forçou “saídas” de provas mestras, como o GP do Brasil (a pista de Interlagos não vai ter competição este ano devido à instabilidade sanitária e social vivida no Brasil), abrindo assim a porta para a entrada provisória de outras pistas como o GP da Toscana e, agora, o GP Portugal, agendado para os dias 23 a 25 de Outubro.
Portimão recebe portanto a penúltima prova do calendário desta temporada de Fórmula 1, num ano que pode novamente voltar a coroar Lewis Hamilton não só como o campeão, mas também o recordista em termos de pódios conquistados ultrapassando o registo de 91 pódios de Michael Schumacher, impondo cada vez mais a sua marca lendária nas pistas e asfaltos pelo Mundo.
Mas olhando para Portimão, porquê é que a pista algarvia recebeu este prémio? Seja pelas condições já apontadas no início do artigo, existiram outras vantagens que levaram a esta decisão favorável ao regresso do Grande Prémio de Portugal, que Paulo Pinheiro, administrador do Autódromo Internacional de Portimão, explicou numa entrevista concedida à Eleven Sports, pela qual o Fair Play agradece pelo seu “empréstimo”, que
“É o culminar de muito tempo de trabalho nosso, um esforço grande da equipa toda, que agora tem o prémio devido que é o termos uma corrida de Fórmula 1 em Portugal (…). É apenas o pontapé de saída. Vamos a jogo e temos de garantir que tudo corre bem, e tornar a corrida num evento memorável, para sermos uma candidatura ainda mais forte para o futuro.”.
A vitória de 2020 não é definitiva para anos vindouros mas caso se verifique excelência em todos os aspectos poderá se seguir uma prolongação do GP de Portugal para as seguintes épocas. Em relação aos pormenores técnicos da pista, há algumas a considerar como o seu comprimentos de 4,684 metros, para além do número de curvas (16), onde o raio de curvatura mínimo está nos 18 metros e o máximo nos 160, sem esquecer que a subida máxima está nos 6,2% e declive máximo nos 12%. Com 42 boxes e um paddock de qualidade, a AI Portimão está mais que pronta para receber uma prova desta dimensão.
Outro pormenor de alto interesse é o factor público, que Paulo Pinheiro explicou como se processará à Eleven Sports,
“Desde o primeiro momento quisemos que a corrida tivesse público, trabalhamos nesse sentido com todas as entidades sanitárias. Acho que fizemos um trabalho em conjunto muito detalhado, que exigiu muito tempo, com muita gente envolvida, e o que fizemos acho que é um trabalho muito bem feito. Portanto temos condições, se toda a gente respeitar as regras que forem impostas, para ter publico na corrida, e até uma quantidade de público com alguma expressão. Agora é crucial que toda a gente respeite as regras e os procedimentos que vão ser definidos, e se assim for, será uma corrida segura, e com público.”
Será, portanto, o primeiro evento desportivo de alto nível que terá público envolvido em Portugal, sendo um elemento decisivo para dar outra cor e espectáculo ao retorno da Fórmula 1 a terras lusas. Num ano particularmente complexo, delicado e de grande sofrimento para o desporto nacional e internacional, a aposta da Fórmula 1 em Portugal é mais uma demonstração que o território português é visto como um destino apetecível, seguro, sólido e interessante e agora só resta esperar ouvir os motores, o ranger dos pneus na estrada e o hastear das bandeiras. O impacto económico se fará sentir, colocando Portugal cada vez mais no mapa do automobilismo, esperando-se agora o retorno do Moto GP num futuro próximo (noticiado que 2022 fará o regresso a Portugal).
Para os fiéis seguidores de F1, relembramos que podem assistir às provas, cronometragens e testes em directo pela Eleven Sports, que também detém os direitos da F2, F3 e Porsche Super Cup.