Brasil: o que esperar dessa rodada para as Eliminatórias da Copa de 2022
A Seleção Brasileira está convocada para as próximas duas rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA Catar 2022. No dia 14 de maio, na sede da CBF, o técnico Tite divulgou a lista com 24 jogadores do Brasil para os confrontos com Equador e Paraguai. As partidas estão marcadas para os dias 4 e 8 de junho, respectivamente.
“O momento é de ter contato humano com os atletas e repetir desempenho do jogo do Uruguai. Tentar retomar o padrão, que é o objetivo e a essência, desempenho, resultado e seguir vencendo”, projetou o técnico Tite.
Brasil e Equador se enfrentam no Estádio Beira-Rio, no dia 4 de junho, às 21h30. Quatro dias depois, também às 21h30 (horário de Brasília), será a vez de duelar com o Paraguai em Assunção. Com 24 jogadores convocados, a lista conta com um estreante. Trata-se do zagueiro Lucas Veríssimo, ex-Santos e atualmente no Benfica, de Portugal. Aos 25 anos, o paulista natural de Jundiaí terá sua primeira oportunidade com a Amarelinha.
“O que traz o Lucas é o grande trabalho dele na reta final do Brasileiro, na Libertadores, disputando o título. O César Sampaio esteve com o atleta, nós observamos o atleta in loco. E a sequencia de trabalho dele no Benfica, ele chegou, se adaptou rapidamente ao clube. É um jogador que tem uma técnica elevada, que domina a posição com características boas. É um atleta que a gente vê com uma grande sequência de trabalho, com mais crescimento ainda, então a gente trouxe para observar de perto e poder nos ajudar”, avaliou o auxiliar técnico Cléber Xavier.
Líder das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo, após o melhor início na competição em mais de 50 anos, a Seleção do Brasil contabiliza 12 pontos conquistados em quatro jogos disputados na competição. É a única equipe com 100% de aproveitamento até aqui. Na última rodada, o Brasil derrotou o Uruguai, fora de casa, por 2 a 0. Para os confrontos, a expectativa é de mais seis pontos. O momento é tão bom e tranquilo, que Tite poderia mudar a formação tática da equipa para ter mais opções contra adversários que joguem de forma fechada, com as linhas de defesa mais baixas.
Confira a lista de convocados
GOLEIROS
- Alisson – Liverpool (ING)
- Ederson – Manchester City (ING)
- Weverton – Palmeiras
LATERAIS
- Dani Alves – São Paulo
- Danilo – Juventus (ITA)
- Renan Lodi – Atlético de Madrid (ESP)
- Alex Sandro – Juventus (ITA)
ZAGUEIROS
- Thiago Silva – Chelsea (ING)
- Marquinhos – Paris Saint Germain (FRA)
- Lucas Veríssimo – Benfica (POR)
- Éder Militão – Real Madrid (ESP)
MEIAS
- Casemiro – Real Madrid (ESP)
- Douglas Luiz – Aston Villa (ING)
- Fred – Manchester United (ING)
- Fabinho – Liverpool (ING)
- Lucas Paquetá – Lyon (FRA)
- Everton Ribeiro – Flamengo
ATACANTES
- Everton – Benfica (POR)
- Roberto Firmino – Liverpool (ING)
- Gabriel Barbosa – Flamengo
- Gabriel Jesus – Manchester City (ING)
- Neymar Jr. – Paris Saint Germain (FRA)
- Richarlison – Everton (ING)
- Vinícius Júnior – Real Madrid (ESP)
?? Quer a lista completa?
Esses são os 24 que vão encarar Equador e Paraguai nos próximos desafios da #SeleçãoBrasileira pelas Eliminatórias! pic.twitter.com/LkeqopAFZx
— CBF Futebol (@CBF_Futebol) May 14, 2021
Porque a CBF procurou Xavi para a seleção?
Um encontro nada programado, na final do Mundial de Clubes, em fevereiro deste ano no Qatar, foi a oportunidade perfeita para que a CBF pudesse levar adiante uma ideia arrojada: oferecer ao espanhol Xavi um emprego na seleção brasileira. Àquela altura, o presidente Rogério Caboclo já tinha conversado com o técnico Tite e o coordenador da seleção, Juninho Paulista, a respeito do lendário ex-volante do Barcelona e hoje técnico do Al Sadd. O projeto fugia ao padrão aplicado na seleção brasileira: contar com os serviços de um estrangeiro como um auxiliar de Tite —informação dada inicialmente pelo jornal “As”.
Mas o Fair Play apurou que a relação profissional iria além: com reputação e acesso a grandes clubes e seleções da Europa, Xavi também atuaria como uma espécie de observador técnico. Ele não estaria necessariamente ao lado de Tite nas datas FIFA. A principal preocupação, na estratégia prevista pela CBF, era que Xavi pudesse estudar a fundo o trabalho aplicado nos principais concorrentes do Brasil na Copa do Mundo do Qatar, em 2022, a ponto de desvendá-los. Ao mesmo tempo, o catalão teria a vantagem geográfica para visitar potenciais jogadores selecionáveis na rota rumo ao Mundial e coletar mais informações.
Uma rede de informantes
No ciclo passado, o ex-lateral-esquerdo Sylvinho — que, inclusive, jogou com Xavi no Barcelona— era o auxiliar de Tite que fazia um pouco esse papel na Europa, por morar lá. Mas agia em voos solo. Pelo que a CBF discutiu internamente, o trabalho dessa vez não seria exclusivo de Xavi. O espanhol teria a prerrogativa de contratar pessoas de confiança para ajudá-lo, formando uma rede de observação e acompanhamento. A conversa entre Xavi e Rogério Caboclo no Education City Stadium, em Doha, onde o Bayern de Munique venceu o Tigres-MEX, por 1 a 0, durou cerca de dez minutos. Xavi se surpreendeu pelo interesse, ficou curioso sobre como seria uma eventual mudança para o Brasil. Foi a única vez que eles se falaram diretamente.
A partir dali, a negociação avançou entre o agente do treinador e outros dois nomes da CBF: o italiano Marco Dalpozzo, diretor de recursos humanos e da CBF Academy, e Lorenzo Perales, diretor comercial, contratado em fevereiro pela entidade. Perales também é espanhol e trabalhou no Real Madrid. A CBF não prometeu diretamente a Xavi a projeção de ser o sucessor de Tite, após a Copa 2022. O treinador já disse que deixará o cargo após o Mundial. Mas a hipótese de avaliação futura sobre estender o laço profissional com Xavi, especialmente em caso de hexa, ficou aberta. Por outro lado, a CBF disse em nota que “nenhum detalhe de maior profundidade, como valores, prazos de contrato e garantias sobre seu futuro profissional, foi negociado”.
A ideia era que Tite ainda tivesse uma conversa com o próprio Xavi para sentir se haveria entrosamento entre eles. Quando a CBF fez o contato com Xavi, em fevereiro, o contrato dele com o Al Sadd estava próximo de expirar (junho). Mas as tratativas esfriaram nos meses seguintes, culminando com a renovação com o clube do Qatar até junho de 2023, fato anunciado em 13 de maio. O plano de carreira de Xavi não é ficar a vida toda no país do Oriente Médio no qual encerrou a trajetória como jogador. Treinar o Barcelona é meta conhecida. A concretização disso depende de fatores técnicos e políticos.
Sair do comando de um time para ser auxiliar da seleção o tiraria da rota de evolução como treinador. Com a falta de posicionamento sobre o futuro do comando técnico do Barça, embora Ronald Koeman esteja balançando, Xavi também não quis estender mais a negociação e resolveu a vida a curto prazo. No lado brasileiro, a visão ainda é a de que é preciso mergulhar no que está sendo feito pelas seleções da Europa.