Da Festa e Cultura Desportiva à Violência – “Claques e Hooliganismo”.
O Desporto e nomeadamente a modalidade de Futebol, conquistou o mundo devido a ser observado por milhões de pessoas. O Futebol é um movimento de Cultura, Alegria e Festa, no entanto, transporta também a Violência e o Ódio que remete para um impacto negativo na Sociedade.
Com o passar dos anos, esse Ódio converteu-se em Violência, e este conceito é despertado em todas as modalidades e faixas etárias. Da Formação … aos Veteranos … Das Distritais … às Primeiras ligas …. Da Europa … Ao resto do mundo.
O Adepto como um dos elementos mais importantes no espetáculo desportivo, tem como principal objetivo apoiar o clube de forma incondicional e transmitir ao espetáculo diversão e confraternização. Com um aglomerado de adeptos de um respetivo clube, temos formada uma claque desportiva, que tem como principal objetivo ser um elemento fundamental no apoio ao clube. Desta forma, a existência de claques nos espetáculos colaboram para ambientes de Festa e Magia como podemos observar em diversos estádios : Signal Iduna Park (Dortmund), Pepsi Arena (Legia de Varsóvia)…
Por consequente, no núcleo destas claques observámos adeptos que o seu principal objetivo é a Violência e os desacatos. Durante a realização de um jogo, presenciámos a violência verbal, gestual que consequentemente, desencadeia violência física quer antes, quer após a realização do encontro. Muitas das vezes, surgem atos de violência tais como: Racismo, Vandalismo, Lançamento de objetos, Destruição de bens e Equipamentos públicos nomeadamente: estações de comboio, paragens de serviço, bares, pontos fortes das cidades e sedes de clubes.
O que é o “Hooliganismo”? E como ocorre a legalização das Claques?
O Hooliganismo surge como um tema de enorme complexidade e como tal tem bastante variabilidade. Enquanto o Hooliganismo consiste na violência competitiva entre grupos rivais, o comportamento de um “Hooligan” não se restringe apenas a essa competitividade.
Um “Hooligan” abrange vários tipos de Violência e Criminalidade, e como tal, surge também o lançamento de objetos, o vandalismo, o racismo, a xenofobia e os ataques ás forças policiais. O fenómeno de “Hooliganismo” manifesta-se como uma forma de entusiasmo emocional por parte dos membros. Ao confrontarem-se com outros grupos rivais, estes agem com uma “libertação de adrenalina”, levando assim ao sentimento de aventura, emoção, rebeldia e através disso, ocorre a capacidade de superar o sentimento de medo.
O “Hooliganismo” percorre todo o mundo e Portugal como um país acolhedor do futebol, não está isento deste fenómeno. Desta forma, são milhares as cenas de violência e desacatos que já recebemos. Como tal, identifico alguns exemplos:
- No dia 27 de outubro de 2013, antes do jogo FC Porto- Sporting CP, realizado no Estádio do Dragão, uma centena de adeptos do grupo Sporting “Casuals”, unidos pelo objetivo de fazer sentir uma presença destemida no ‘coração’ da Invicta – desde a alameda das Antas até ao estádio. Este grupo organizado apareceu encapuzado, e queriam provocar efeito-surpresa e assim, no meio da confusão entrariam no recinto desportivo para cometer atos de violência.
- No dia 15 de maio de 2018, a Academia do Sporting em Alcochete foi invadida por cerca de meia centena de adeptos de cara tapada, com bastões e cintos. Este acontecimento realizou-se devido aos maus resultados e algumas divergências entre jogadores e adeptos. Deste acontecimento, surgiu Bas Dost que terá sido agredido na cabeça e nas pernas com um ferro e mais jogadores terão sido agredidos como Misic, Acuña e Battaglia. O treinador Jorge Jesus e os adjuntos Mário Monteiro e Raul José também terão sido alvos de agressões.
Em suma, com a legalização das claques tudo se tornaria mais fácil, não só para os clubes e adeptos, mas também, para as forças policiais devido a terem um líder que pode colaborar nas deslocações e na segurança destes grupos. Para serem legalizadas, têm de proceder a um registo no GOA (Grupo Organizados de Adeptos) e no IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude), constituídos como associações nos termos da legislação, mais concretamente, nos termos da Lei 39/2009 de 30 de julho de combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos. A legalização das claques possibilita a punição em caso de violência ou qualquer outro ato de distúrbio. Deste modo, muitos dos clubes são punidos com coimas de quantias elevadas pelo IPDJ e entidades reguladoras. Visto que a presença de claques nada tem haver com a existência de violência, racismo e xenofobia, a legalização destas deveria tornar-se num processo obrigatório. No entanto, são poucos os clubes que têm efetuado o registo e legalização das suas claques, e para além disso, ainda suportam as despesas, bem como oferecem alguns benefícios na aquisição de bilhetes e nos estádios.
Contudo, o IPDJ foi criado com a missão de combater o racismo, a xenofobia, a intolerância e de modo a promover o comportamento cívico e a tranquilidade na fruição dos espaços desportivos. Esta instituição assegura a instrução de processos contraordenacionais e a aplicação das coimas e das sanções acessórias no âmbito do regime jurídico. Mas será suficiente as medidas impostas pelo IPDJ e entidades reguladoras Mundiais? Será que todas estas multas e sanções disciplinares aos clubes serão adequadas? Até onde irá esta Violência que persegue o Desporto?