Será o Colónia capaz de um milagre na segunda volta?
O Colónia é um clube histórico no contexto alemão, representa uma zona do Oeste da Alemanha que tem grande impacto no país, destacando-se pela sua rivalidade com equipas como o Bayer Leverkusen, Borussia de Dortmund ou Schalke 04. O clube tem três campeonatos no seu currículo (dois na era Bundesliga) e destaca-se também pelos seus fervorosos adeptos com as suas coreografias estonteantes.
Os registos do Colónia
O clube já teve alguns períodos negros na sua história, quando desceu à 2.Bundesliga, lugar ao qual o clube claramente não deve nem pode pertencer, pois o mesmo representa bastante mais que isso. Ainda assim, este facto tem sido recorrente, com diversas alternâncias, promoções e descidas de divisão, algo que o clube tem agora tentado combater. Depois da época 2014/15, a equipa tem-se mantido e crescido na Bundesliga, tendo alcançado um excelente quinto lugar na passada temporada que lhe dava excelentes perspetivas para o futuro e lhe dava a oportunidade de jogar nas competições europeias.
No entanto, esta época tem sido um autêntico desastre para o clube do RheinEnergieStadion. O último lugar da tabela classificativa, com apenas seis pontos conquistados em dezassete jornadas, nada menos do que metade do campeonato. O pior ataque, com apenas dez golos marcados, e a pior defesa, com trinta e dois golos sofridos, são, então, dois dados perfeitamente naturais tendo em conta o rumo que o clube tem levado nestes últimos meses. No caso do ataque da equipa, destaque-se que a sua inércia tem sido grave, algo que se deve, principalmente, a não existir um goleador como existia sob a forma de Anthony Modeste na passada temporada.
Como é possível uma equipa de qualidade ter estes resultados? Que é necessário?
Ao analisar o plantel do Colónia, vemos que existe capacidade para muito, mas mesmo muito melhor do que aquilo que tem sido a pobre temporada da equipa. Para nós, Timo Horn é um guarda redes que merece melhor e que merece provavelmente voos mais altos, sendo um guarda redes de grande qualidade que não tem culpa das falhas desta época por parte da defensiva. Jonas Hector é o lateral habitualmente titular da seleção alemã, pelo que dispensa apresentações. Até mesmo o seu suplente, mas agora titular, Konstantin Rausch, é titular na lateral da seleção da Rússia. Jorge Meré está rotulado como um dos centrais mais promissores espanhóis, mas não tem tido tantas oportunidades como esperado, esperemos que tenha mais no futuro. Dominique Heintz e Frederik Sörensen são centrais sólidos e que se conhecem, que são as principais apostas iniciais, mas não têm estado no perfeito exercício das suas faculdades, e têm já “calo” para fazerem bem melhor.
O problema da equipa reside no fraco meio campo que possui. Marco Höger, Milos Jojic e Matthias Lehmann não são jogadores suficientes nem os melhores para uma equipa que tem objetivos ambiciosos. Falta mais qualidade, maior músculo. A experiência até se encontra lá, principalmente em Lehmann, o capitão de equipa, mas que está já em decrescendo, e de forma rápida, graças à idade.
Milos Jojic é um jogador que era promissor quando chegou ao Borussia de Dortmund e que agora é intermitente e inconsequente. Marco Höger é um jogador útil, mas pouco mais que isso. Salih Ozcan tem começado a fazer parte das opções, mas é ainda um jovem em crescimento, que não tem a “estaleca” necessária para tomar o comando do meio campo. A necessidade de ir ao mercado é imperativa neste setor.
No ataque, a qualidade e o desespero continua, porque quando se tem alas como Leonardo Bittencourt, Marcel Risse e Clement Clemens, bem para além de avançados como Yuya Osako, Jhon Córdoba ou até, inclusivamente, o velhinho Claudio Pizarro, tem de se aspirar a muito mais que o último lugar, tem de se aspirar a golos e a uma certa qualidade de jogo. São jogadores que já tiveram destaque em passadas edições da Bundesliga, são jogadores para garantir, no mínimo dos mínimos, uma tranquila classificação ao clube. Têm de subir (e muito) o seu rendimento.
O maior destaque, e talvez o único ponto positivo nesta temporada até agora, tem sido Sehrou Guirassy, jovem avançado possante, com 21 anos e 1.87m, mas com faro de golo, tendo já sete golos em vinte jogos nesta temporada, algo que, não sendo espetacular, é bastante relevante, principalmente quando o mesmo é o único jogador com mais de um golo na Bundesliga a meio da época, contando com quatro golos da sua autoria.
Finalmente uma vitória, mas um longo caminho a percorrer
A primeira vitória da equipa nesta temporada, em termos de campeonato, surgiu apenas no passado fim de semana, com uma vitória pela margem mínima sobre o Wolfsburgo, perfilando-se como um grande balão de oxigénio para o clube, que corria o risco de entrar em 2018 sem qualquer vitória na primeira metade do campeonato. Já tinham surgido outras vitórias, nomeadamente para a Liga Europa, mas esta foi a primeira para a competição mais importante do clube.
São nove os pontos que separam a equipa do antepenúltimo lugar, um que pode impedir a descida de divisão de forma automática. Nove pontos é uma margem já bastante grande, o que mostra que o Colónia, se não quer, novamente, jogar na 2.Bundesliga, significa que tem de fazer uma segunda volta com uma viragem de 180 graus sobre o que se tem passado. São precisas bastantes mais vitórias nas próximas jornadas, sendo que as mesmas vão demorar ainda até serem disputadas.
A importância redobrada da paragem do campeonato
Um fator que permite ao clube poder encarar com bons olhos a segunda volta prende-se com o seu começo ser apenas no final de janeiro, devido às condições climatéricas tipicamente adversas. O próximo compromisso da equipa é apenas no dia 14 de janeiro, sobrando algumas semanas que permitem uma preparação tática, através de uma maior consolidação de todos os seus processos, e principalmente mental, por forma a preparar a equipa para o esforço redobrado que terá de ser feito para se alcançar o principal objetivo: a manutenção.
É de destacar que o plantel do clube tem também sido assolado por uma anormal onda de lesões que têm afetado o normal funcionamento da equipa, inclusivamente em alguns elementos chave do plantel, como os referidos Jonas Hector ou Marcel Risse, com lesões mais prolongadas. Atualmente, a equipa conta com doze jogadores a contas com problemas físicos, e a paragem permite que o departamento médico entre em ação e faça um milagre que permita a recuperação de grande parte dos futebolistas, pois o clube precisa de contar com todos em plena condição física para atacar a manutenção.
O futebol, hoje em dia, cada vez é mais uma junção de grande componente técnica, tática, mas também psicológica, e a verdade é que a paragem pode revelar-se como uma excelente oportunidade para a equipa refletir sobre os seus erros e ganhar a sua confiança de volta, porque, no futebol, o tempo para pensar e melhorar é pouco e, neste caso, quatro semanas de paragem podem servir como autêntico ouro.
Esta paragem, que é tipicamente conotada como escusada e que tem sido muito repensada pelos responsáveis da Bundesliga, pode revelar-se, então, como um ponto extremamente positivo, pois pode permitir a equipa ganhar o espírito de entreajuda e de orgulho que tem marcado o clube nos últimos anos. Mais importante, permitirá que os jogadores adquiram as ideias do seu novo treinador, se bem que este é um fator que está ainda em stand-by.
Procura-se treinador definitivo para os lados de Colónia!
Recordemos que Peter Stöger foi despedido no início do mês de dezembro, pela altura da décima quarta jornada, devido aos maus resultados e à equipa ainda não ter ganho na Bundesliga (até à data). Era já uma situação insustentável, pelo que foi natural o afastamento do técnico, o que não invalida que o bom trabalho ao leme do clube nas temporadas anteriores. Incrível como o técnico, mesmo com os terríveis resultados, conseguiu, posteriormente, tornar-se no novo treinador do Borussia Dortmund, outra equipa em crise. Daí se pode depreender algo: na Alemanha, e noutros países europeus, dá-se mais crédito ao que já foi feito no passado, algo que pouco acontece em Portugal.
Desde aí, a equipa já foi afastada das competições europeias (mais uma desilusão desta época), já foi afastada da Taça da Alemanha (ainda ontem, pelo Schalke 04), mas, por outro lado, alcançou a sua primeira vitória no campeonato, tudo sob o comando do técnico interino Stefan Ruthenbeck, que se encontrava a treinar a formação júnior do clube.
Falta perceber se Ruthenbeck será a solução definitiva ou se a opção recairá sob alguém exterior ao clube. Uma coisa é certa: qualquer que seja o técnico escolhido, terá de conseguir injetar uma nova vida na equipa, pois apenas assim e com uma garra tremenda será possível recuperar desta situação. Será preferível um técnico com mais experiência, mais capacidade de dar volta a situações pouco favoráveis, e, de preferência, o mais rápido possível, porque não é possível esperar mais tempo.
Há esperança, mas é preciso lutar
A equipa está agora também concentrada em apenas uma competição, e tal tem de ser pensado como um possível benefício. É preciso total concentração do clube nas dezassete finais que se adivinham. São dezassete jogos, cinquenta e um pontos em disputa. Se o Colónia pretende alcançar a manutenção, precisará de fazer algo como sensivelmente metade dos pontos (25/26) para provavelmente conseguir o seu objetivo, é preciso muito trabalho.
Com a recuperação de jogadores importantes, com a paragem que agora decorre no campeonato alemão, com a definição de um treinador a tempo inteiro, que permita a implementação de um projeto sólido e, por fim, com a reabilitação de uma equipa que está habilitada a bem mais que o triste espetáculo da primeira metade da Bundesliga, poderá ser possível a manutenção do Colónia no primeiro escalão.
O Colónia não quer regressar a um escalão inferior, quer combater a inconsistência que lhe é associada, principalmente durante este século, Além disso, o clube tem qualidade e estatuto que apenas se coadunam com a sua presença na Bundesliga. Para tal, é preciso trabalhar e aproveitar as oportunidades que lhe são concedidas, a temporada ainda não está perdida.