Paulo Meneses e a aventura no Nejmeh SC: sucesso no fim pt.2

Iríamos defrontar uma das grandes candidatas ao titulo (que esteve na liderança da tabela classificativa durante toda a fase regular da liga e também do Play Off). O Al Ansar ainda não tinha sido derrotado na Liga, e o Nejmeh SC tinha de consegui-lo.

Mais uma vez, tínhamos um estádio com muita gente, para presenciar o grande derby do país. De referir que, recebi inúmeras mensagens nas redes sociais dos nossos adeptos pedindo para ganhar ao Al Ansar, que era mais importante ganhar-lhes que vencer o campeonato. A importância de vencer o eterno rival para esta gente é bastante grande. E para mim passou a ser igual importante também.

Numa 1ª parte bem disputada, sem golos. Eles tiveram 1 oportunidade de golo de bola parada (têm gente muito alta e com bastante competência no jogo aéreo), onde o meu guarda redes esteve bem, e nós conseguimos ter mais bola na 1ª parte, criamos várias situações de perigo onde conseguimos criar 2 oportunidades de golo, mas uma vez mais fomos ineficazes.

No intervalo corrigimos várias situações que não correram tão bem na 1ª parte, e deixei esta mensagem aos jogadores: é a ultima oportunidade que temos para sermos campeões e/ou ir à AFC Cup (Liga Europa de Ásia).

Estávamos dependentes do que o Ahed fizesse no seu jogo para sermos campeões, no entanto, teríamos que ganhar o derby porque o 2º lugar também dava acesso directo à qualificação para a AFC Cup. Quando tínhamos 2 substituições preparadas para realizar (mais ofensivas) porque o empate para nós não servia, sofremos o 1-0.

Num erro posicional dos nossos jogadores, o adversário aproveitou e fez o 1-0 (contra este tipo de jogadores experientes e de grande qualidade, ao mínimo erro eles não perdoam) num ataque rápido conduzido pelo nº10 adversário (um dos melhores jogadores da Liga) assistindo para o Ponta de Lança adversário (melhor marcador da Liga.

A nossa equipa respondeu bem e num lance que temos trabalhado (cruzamento para área, com o nosso extremo do lado contrário posicionado esperando pela 2ª bola na esquina da área) fizemos o golo do empate, num centro – remate que bateu no segundo poste e entrou.

O adversário conseguiu fazer o 2-1 através de uma bola parada, numa cabeçada de um dos defesas centrais mais valiosos da liga (ganhando a 1ª bola) com o melhor marcador da Liga a emendar empurrando e fazendo o seu 2º golo do jogo. O médio centro mais ofensivo que tínhamos metido no jogo, centrou para o nosso Ponta de Lança (Jefinho), que de primeira rematou colocado e fez o 2-2.

Estávamos melhor no jogo, estávamos num momento em que estávamos superiores ao adversário, tendo mais bola procurando o 3-2, mas sempre bem posicionados para evitar os contra ataques do adversário.

O 3-2 surgiu muito parecido com o nosso 1º golo, centro para a área com o nosso ponta de lança disputando a bola aérea com o guarda redes adversário, a 2ª bola surgiu para a zona do extremo contrário (Matheus), controlo da bola e disparando ao angulo superior do poste mais afastado, fazendo mais um excelente golo no minuto 87.

O estádio estava ao rubro, mas era momento de ajustar a equipa de novo (porque tínhamos arriscado bastante com as substituições). Chamamos um médio centro mais de contenção e um defesa central. Fechamos a equipa em 1-5-4-1. Aguentamos o resultado até ao final. Finalmente fomos nós a impor a 1ª derrota na Liga ao grande Al Ansar – equipa que tem um orçamento muito grande (a par do Ahed).

Estávamos a 1 passo para qualificar-nos para a AFC Cup (Liga Europa da Ásia). Faltava ganhar mais 1 jogo. No ultimo jogo enfrentávamos o Al Ghazieh. Só a vitória interessava para atingirmos o nosso objectivo. As 2 grandes equipas enfrentavam-se na ultima jornada. Se eles empatassem, podíamos igualar o 1º classificado em pontos – perderíamos o campeonato por “meio” ponto. Isto porque o Ahed na fase regular fez mais 1 ponto que o Nejmeh, e os pontos foram divididos pela metade para começar o Play Off de campeão. Segundo a Federação, esse “meio” ponto conta no critério de desempate.

O jogo foi realizado num horário um pouco anormal (2:15h da tarde) com um calor demasiado. Começamos a mandar no jogo para conseguir marcar cedo. Apesar do calor, impusemos um ritmo alto no jogo, para desmontar a organização defensiva adversária. Nos primeiros 20 minutos, através de um grande caudal ofensivo conseguimos criar várias oportunidades de golo. Mas a ineficácia para abrir o marcador, uma vez mais veio ao de cima.
Marcamos aos 27 minutos pelo nosso extremo esquerdo Kahlil. Fomos para intervalo em vantagem no marcador. Ajustamos e corrigimos vários aspectos para a segunda parte.

Na segunda parte entramos forte de novo para ampliar a vantagem para 2-0. Em 2 ocasiões não conseguimos fazer o 2-0. Numa das poucas investidas junto da nossa grande área, o adversário rematou e fez o 1-1. Balde de água fria para todos nós. Apesar do golo sofrido, as sensações eram positivas porque o domínio e o controlo do jogo assim como as várias oportunidades criadas até ao momento, no fundo davam-nos algum conforto e confiança.

Sentíamos que podíamos marcar a qualquer momento e colocar-nos de novo na frente do marcador tal era o caudal ofensivo e as várias oportunidades de golo criadas. O 2-1 surgiu através de uma mudança de flanco para a incorporação do nosso lateral direito (jogada que nós fazemos muito – entrada dos nossos laterais dentro da área adversária desde a 2ª linha). O resultado ficou escasso face às diversas oportunidades criadas.
Mérito de algumas boas defesas do guarda redes adversário, mas por outro lado podemos queixar-nos da ineficácia na finalização da nossa parte.
Conseguimos manter o 2-1 até final com um trabalho colectivo muito bem conseguido. Estávamos apurados para a AFC Cup.

NOTAS FINAIS

Quando cheguei ao clube, o objectivo mínimo que me foi pedido pelo Presidente foi o 3º lugar (que dá acesso à Liga Árabe). A equipa estava em 4º lugar e tínhamos de subir um lugar, enfrentando as melhores 5 equipas da Liga no Play Off de campeão. Finalmente conseguimos melhor no final do campeonato, e fazendo uma reflexão de tudo o que se passou nos 10 jogos (onde estivemos invencíveis com 6 vitórias e 4 empates), apresentando um futebol positivo, atractivo, de ataque, com critério na posse de bola, tentando dominar e controlar através da posse de bola (vertical sempre que possível), onde criamos sempre em todos os jogos melhores e mais oportunidades para marcar golos. Também fomos uma equipa bastante agressiva no momento da perda de bola, e organizada defensivamente.

Eu ganhei o prémio de melhor treinador da jornada várias vezes, o meu trabalho como treinador foi elogiado várias vezes durante vários jogos do Play Off sobre a intensidade, sobre o nível competitivo apresentado, assim como a qualidade do nosso jogo. Até, houve alguns jornais desportivos que me consideraram o melhor treinador do playoff.

No entanto, tudo isto não seria possível sem o grande compromisso de todos os jogadores durante todas as semanas para preparar os jogos, através de um espirito de equipa notável e um grande trabalho em equipa.
E não esquecendo todo o trabalho da equipa técnica, equipa médica e equipa de apoio. De referir que todos os demais departamentos e a direção do clube fizeram tudo para nos dar todo o apoio e ajuda que a equipa necessitou para conseguir os objectivos referidos.

Falei do desempenho do Matheus e do Jefinho em alguns golos que fizeram, e não poderia deixar de referir o Barata (Vítor Freitas) que realizou um trabalho coletivo extraordinário e super importante na dinâmica ofensiva da equipa. Estes 3 estrangeiros fizeram a diferença na liga e catapultaram a nossa equipa para um nível de jogo superior.

Neste momento estamos na pausa para as Seleções Nacionais (temos vários atletas na Seleção principal e na Seleção Olímpica). Ao mesmo tempo estamos a preparar os jogos da Taça do Libano. No dia 1 de Abril temos o jogo contra o Safa para os Quartos de Final.