Paulo Meneses e a aventura no Nejmeh SC: sucesso no fim pt.1

Fair PlayMarço 26, 20237min0

Paulo Meneses e a aventura no Nejmeh SC: sucesso no fim pt.1

Fair PlayMarço 26, 20237min0
O Nejmeh SC esteve perto de ser campeão do Líbano e Paulo Meneses conta-nos o que conseguiu com a sua equipa em mais duas partes

Tínhamos terminado o ultimo Diário afirmando que estávamos empatados em pontos com os 2 principais candidatos, com 8 pontos na tabela (2 vitórias e 2 empates), tínhamos 4 golos marcados e 1 sofrido. Faltava 1 jogo para terminar a 1ª volta do Play Off, e eu tinha a esperança e a confiança de que a 2a volta do Play Off seria ainda melhor para o Nejmeh SC.

O último jogo da 1ª volta foi contra o Bourj (equipa que terminou a Liga no 3º lugar no ano anterior). Seria a 1ª vez que teríamos adeptos nas bancadas (depois de terem estado toda a 1ª volta castigados).

Choveu durante 2 dias. O relvado estava bastante pesado pela quantidade de agua acumulada. Apesar disso, o árbitro decidiu que deveríamos jogar (na minha opinião decisão errada). Dominamos o jogo por completo (com e sem bola), jogando em campo contrário quase os 90 minutos. Apesar do grande caudal ofensivo que tivemos, falhamos algumas oportunidades criadas na 1ª parte.

Na 2ª parte, uma das poucas jogadas ofensivas que o adversário teve, num remate fora de área que tocou nas costas do meu defesa, traiu o meu guarda redes e o adversário colocou-se na frente do marcador. Voltamos a carregar com o nosso jogo ofensivo e o empate veio de uma jogada individual do nosso médio centro Karim Abouzheid, que conduzindo a bola pelo corredor central, disparou um remate forte fora de área para empatar o jogo 1-1. Depois do golo do empate, colocamos mais gente para refrescar o ataque, estivemos perto de marcar o 2-1 por várias vezes, mas mais uma vez a nossa equipa foi ineficaz.

Podemos lamentar-nos pelas condições climatéricas que ajudaram mais o estilo de jogo adversário (defender em bloco baixo, jogar no erro e tentar o contra-ataque), e por outro lado que nos prejudicou mais a nós (uma equipa que se sente confortável na rápida circulação de bola, onde a variabilidade ofensiva é uma senha de identidade, etc), mas, se fossemos mais eficazes nas várias oportunidades que criamos, o resultado seria diferente, certamente.

INICIO DA 2ª VOLTA

Enfrentávamos o Al Sahel – equipa que tinha terminado no 2º lugar na fase regular. Como tinha referido no Diário anterior, esta equipa é bastante organizada e com dinâmicas difíceis de defender. Individualmente, também tem elementos bastante interessantes.

Depois de um estudo profundo do jogo contra eles na 1ª volta (onde ganhamos 2-0), durante a semana preparamos bem o jogo. Esta equipa joga de uma forma compacta, e realiza fora de jogo com a linha defensiva. Conseguimos encontrar a forma de atacar a sua linha de 4 defesas. Entramos pressionantes e intensos no jogo, e conseguimos marcar o 1º golo nos primeiros 20 minutos de jogo. Conseguimos ampliar para 2-0 ainda na 1ª parte, chagando ao intervalo com 2-0. Resultado foi escasso para o que produzimos na 1ª parte, pois em ataques rápidos e contra-ataques, conseguimos criar perigo, mas sem converter em golo.

Na 2ª parte, a equipa adversária entrou forte para reduzir para 2-1. O que acabou por acontece num erro defensivo da nossa equipa. Perdemos a bola dentro de área e o ponta de lança adversário penalizou-nos. No entanto, a nossa equipa respondeu da melhor forma, conseguindo marcar o 3-1 e o 4-1 final, arrecadando dessa forma 3 pontos muito importantes.

Jogo seguinte, contra o Ahed – campeão em titulo. No jogo da 1ª volta, tínhamos empatado 0-0.

Desta vez, teríamos adeptos no estádio para nos apoiar (no 1º jogo só estiveram no estádio os adeptos do Ahed). O estádio estava a abarrotar de gente dos 2 clubes, milhares de adeptos no estádio davam uma moldura bonita ao ambiente.

A equipa adversária entrou mais forte que nós, e aos 3 minutos abriu o marcador num erro posicional da nossa equipa. A partir daí, só deu Nejmeh até aos 87 minutos (quando conseguimos empatar de penalty – numa entrada muito dura do guarda redes adversário sobre o nosso lateral direito). Conseguimos encostar o adversário atrás, no seu meio campo.

Jogamos no seu meio campo a maior parte do tempo, bem posicionado para evitar os contra-ataques adversários (onde em alguma jogada nos criou problemas). Conseguimos controlar e dominar o jogo, e através de um jogo posicional bem conseguido, conseguimos criar várias oportunidades de golo, conseguimos criar 18 bolas paradas (11 cantos ofensivos) devido ao grande caudal ofensivo.

Com os nossos laterais em amplitude e profundos, com os extremos por dentro (dentro – fora dando variabilidade ao ataque posicional), com os médios centro (juntamente com os 2 defesas centrais) bem posicionados para circular a bola pelos 3 corredores e reagir rápido e eficaz à transição defensiva, conseguimos dar uma resposta de qualidade e de superioridade em termos de jogo contra um forte adversário (em teoria um dos 2 principais candidatos a ganhar a liga novamente).

No final do jogo, os adeptos estavam eufóricos (não só pelo empate, mas principalmente pela forma que a equipa jogou e dominou o campeão). Toda a gente falou que perdemos 2 pontos, na semana seguinte vários meios de comunicação falaram das melhorias da equipa desde que eu cheguei, e destacaram o facto de estar somente à frente da equipa há 2 meses, que se notava evolução do jogo colectivo. Já o tinham feito há 2 jogos atrás quando vencemos 4-1. Em ambas jornadas fui o treinador da semana (mérito dos meus jogadores, da equipa técnica, equipa médica e equipa de apoio).

O jogo seguinte defrontámos a equipa que nos tinha roubado 2 pontos naquele jogo com péssimas condições atmosféricas.

No entanto, nesse dia não havia chuva, estava uma tarde perfeita para a prática do futebol, principalmente para o tipo de equipas que gostam de colocar em prática um futebol atractivo, de ataque. Eu estava com a expectativa de como iria a minha equipa jogar contra um adversário bem organizado defensivamente, e de como iríamos desmontar o seu bloco defensivo compacto – agora em boas condições climatéricas.

Começamos o jogo de uma forma intensa procurando o golo – que nos deixaria mais confiantes e tranquilos nas nossas dinâmicas. Aos 7 minutos, conseguimos abrir o marcador, através de uma boa jogada pela direita, com o Português Barata (Vitor Freitas) a assistir o nosso Ponta de Lança Jefinho.

A partir daqui, tomamos conta do jogo à procura de fazer o 2-0. Tivemos várias oportunidades para ampliar o resultado, mas sem êxito. A equipa exibiu-se a um nível muito bom, criando várias oportunidades de golo, defensivamente não permitindo praticamente nenhuma oportunidade de golo ao adversário. Restavam 2 jogos para terminar o playoff de campeão, e todos estávamos ainda com a ambição e esperança que poderíamos ser campeões (título que foge ao Nejmeh há 14 anos), mas continuamos tudo na 2ª parte.


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