Os primeiros ventos do ano

Luís MouraMarço 12, 20244min0

Os primeiros ventos do ano

Luís MouraMarço 12, 20244min0
Luís Moura sentiu os primeiros ventos do ano, com muita coisa por acabar no futebol... e a começar no automobilismo

Já lá foi Janeiro e Fevereiro, Março caminha para o mesmo fim. O inicio do ano que para muitos custa a passar e para outros tantos é vivido à velocidade da luz. Para quem é do futebol, por exemplo, os dias são devorados por uma imensidão de jogos, dos mais diversos. Os mais pequenos almejam durante toda a temporada a possibilidade de jogarem por esta altura contra os que guiam as suas possibilidades. Veja-se o caso do Estoril. No campeonato luta pela manutenção, com maior ou menor dificuldade, mas na Taça da Liga chegou à final e apenas foi vergado por um Braga que deu sinal de vida nos penaltis. Resistiu até à última oportunidade para se imortalizar no panorama do futebol português, assim como fez o Moreirense, quando em 2016/2017 venceu os bracarenses na final. Centenas de atletas semiprofissionais- muitos deles do campeonato de Portugal e da Liga 3- preparam uma época para serem capazes de brilhar por esta altura.

O Amarante jogou em Barcelos na segunda semana de janeiro. Perdeu por três bolas a uma, mas não fez vida fácil ao Gil Vicente. Esta é uma das belezas da taça: uma equipa do Campeonato de Portugal (equivale à quarta divisão nacional) conseguir olhar nos olhos um grande do futebol português. À vista desarmada pode parecer um feito comum, mas é muito mais do que isso. É a superação, a ambição e a vontade de fazer melhor e diferente, do que já foi feito. É a vontade de ficar na história, como ficou o Desportivo de Aves, depois de vencer a Taça de Portugal contra o Sporting. O futebol é capaz deste tipo de aventuras, permeia a superação, a diferença. É possível numa noite em que os astros estejam alinhados David derrubar Golias. O mesmo caso não se pode dizer no caso do desporto motorizado. David sem uma maquina vencedora não consegue vencer Golias. O Golias é a moto, o carro de GT, o protótipo ou o monolugar. Mas é muito mais que isso. É um Golias produzido por vários David. É o esforço de uma equipa para que uma individualidade se possa tornar imbatível, para que possa brilhar. É este o caso de Max Verstappen e  da Red Bull, por exemplo. Um gigante que soma sucessivas vitórias e pole positions sem que a concorrência possa fazer muito para o evitar. É o topo da solidariedade, do sentido de equipa e da vontade de vencer que, por isso, ultrapassa o mais egoísta instinto humano.

Para quem é dos motores, janeiro demorou a passar. O Rallye de Monte Carlo abriu o apetite para as corridas, que mais tarde veriam ser premiadas, no final e Fevereiro, com o Grande Prémio do Bahrain. A época parece condenada ao domínio austríaco, e, por isso, os meses quentes do ano repletos de corridas parecem agora substituídos por uma extensão dos meses frios. As corrida tomam sempre os mesmos rumos e, raras as vezes, os intervenientes são ligeiramente distintos. No inicio de cada fim de semana o vencedor é facilmente antecipado, bem como o pódio. Contudo, no caso da Fórmula 1, os primeiros ventos a correr este ano tem uma boa surpresa: Oliver Bearman. O piloto britânico substituiu Carlos Sainz no Grande Prémio da Arábia Saudita, depois do espanhol ter sido diagnosticado com uma apendicite. Na estreia Bearman, jovem piloto de apenas 18 anos, com 30 minutos de treino livre, qualificou-se 7em 11º e acabou a corrida em 7º com um ritmo consistente e rápido. Fez as maravilhas dos adeptos da modalidade e já lhe reclamam um lugar na próxima temporada. Ainda assim, este foi um dos bons ventos do ano.

Março caminha para o fim. Abril há de se iniciar na antecâmara de Maio onde tudo já estará resolvido. No futebol os campeonatos vão encerrar decididos, restando as taças locais. Nos motores tudo estará mais claro. No desporto tudo estará igual.


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