Onde é que anda o Flop: Ádrian López, dos 11M€ ao “zero”
Verão de 2014, o FC Porto procurava reestruturar a sua equipa depois de ter perdido uma sequência de três campeonatos, deixando o SL Benfica de Jorge Jesus subir ao pódio de 2013/2014, isto após uma temporada tumultuosa em que Paulo Fonseca, primeiro, e Luís Castro, depois, não conseguiram manter o plantel no sentido das vitórias, devendo-se largamente este fracasso aos erros de casting nas contratações do mercado de transferências anterior.
Com a chegada anunciada de Julen Lopetegui ao clube, Jorge Nuno Pinto da Costa e a SAD azul-e-branca encetaram esforços para corresponder a todos os desejos do treinador espanhol, que desejava, acima de tudo, formar uma equipa em redor não só da sua ideia, mas também língua e cultura, como ficou provado pela chegada de vários activos oriundos de Espanha, caso de: Óliver, Cote, Cristian Tello, José Ángel, Andrés Fernández, Iván Marcano, José Campaña, Yacine Brahimi (jogava no Granada), Casemiro e, por fim, Ádrian López.
Ao todo, os “dragões” gastaram cerca de 35M€ nestas transferências, lembrando que Óliver, José Campaña e Casemiro chegaram por empréstimo, enquanto Ádrian López foi a segunda contratação mais cara desse defeso, com um custo total de 11M€ – Vincent Aboubakar chegou ao Dragão por 12,5M€ -, procurando o avançado espanhol recuperar a sua melhor forma depois de uma queda abrupta na época 2013/2014, perdendo lugar no plantel de Diego Simeone, depois de até ter sido elemento importante nas conquistas da Liga Europa e La Liga. Com rótulo de craque, o internacional pela La Roja tinha os elementos necessários para se encaixar na perfeição no FC Porto, isto graças à sua manobrabilidade com a redonda nos pés, a elasticidade no passe e a velocidade de movimentos que o podia tornar numa grande ameaça, ainda por mais quando conjugado com o super-goleador Jackson Martínez, o “mágico” Yacine Brahimi – que pegou de estaca desde o primeiro momento – e o finalizador Vincent Aboubakar.
Naquilo que prometia ser uma temporada de sucesso para o emblema mais conquistador da Invicta, acabou por ser uma desolação total, já que não entrou qualquer novo título para a galeria dos troféus, impondo algumas percas complicadas financeiras para os cofres do FC Porto, forçado no fim a vender algumas das suas principais estrelas como Danilo, Jackson Martínez, Alex Sandro e até Ricardo Quaresma… e Ádrian López, como jogou? 18 jogos, 1 golo, 4 assistências no total de quatro competições, o que significa pouca utilização não só devido a uma lesão muscular (a meio da temporada), mas sobretudo por não trazer nada de diferente para dentro de campo, invocando um desânimo completo quando tinha de intervir no jogo, sem qualquer consistência exibicional ao decorrer não só da época, mas também num jogo, perdendo passes fáceis, entre outros erros menos próprios de um jogador que chegou a levantar estádios por Espanha e Europa fora.
Aí estava o elemento que acabaria por sumarizar o que foi Ádrian López ao serviço do FC Porto: desânimo. Seja pela pressão de ter valer os 11M€ depositados em si, ambiente “pesado” e de exigência máxima, constante tumulto dentro da equipa – Julen Lopetegui perdeu a equipa a certo momento da época, evidenciando uma montanha-russa de emoções nada positiva para o clube – ou até ter jogado fora de posição, o avançado espanhol pareceu sempre estar longe a nível de espírito, espalhando um futebol de profundo desalento e tristeza na maioria das vezes, a quilómetros de distância daquilo que era capaz de fazer na realidade, ou, melhor, das competências que o extremo possuía. Solução imediata para a SAD tentar obter algum tipo de rendimento económico no futuro com Ádrian López? Empréstimo.
O Villarreal avançou para a contratação do média durante uma época, tendo até corrido parcialmente bem, já que foi capaz de concretizar 4 golos e 4 assistências em 16 jogos, isto apesar de ter começado a época lesionado – microrrotura na coxa -, tendo somado algumas exibições que faziam lembrança dos seus tempos mais áureos em Madrid, como por exemplo os 86 minutos de alta classe ante o Bétis ou Levante. Contudo, o Villarreal não accionou a cláusula e o extremo, infelizmente para si, retornou ao Dragão que continua em convulsão agora com Nuno Espírito Santo no lugar de treinador… resultado? Nova temporada a “seco” do espanhol, que realizaria somente 9 jogos entre Agosto e Dezembro, forçando a novo empréstimo nas vésperas do Natal, que se confirmou em Janeiro, com a cedência confirmada novamente ao Villarreal.
Esta saída para o campeonato espanhol prolongou-se durante uma época e meia, já que após sair do submarino amarelo voltou a ser emprestado, desta feita ao Deportivo de la Coruña, onde até acabou por ser protagonista no meio de uma crise que já se adivinhava profunda para o histórico emblema da Galiza, com 9 golos (dois de grande efeito frente ao Málaga) e 7 assistências, conquistando menções no AS e Marca, ao ponto de veicularem alguns rumores em seu redor, que nunca ganharam forma. Curiosamente, o 3º retorno à cidade da Invicta coincidiu com a melhor temporada de Ádrian López, pelo menos no que toca aos números, com 6 golos e 5 assistências em 25 jogos, sem que, novamente, fosse capaz de ser campeão nacional.
Mesmo com (alguma) confiança imposta por Sérgio Conceição, o internacional espanhol, que chegou ao Dragão com 25 anos, nunca foi capaz de espantar os fantasmas do passado, deixando-se ir para aquele espectro mental que o prejudicou durante anos a fio, e que terminou na saída a custo-zero do FC Porto, nunca o clube recuperando os 11M€ dispensados na sua contratação naquele Verão de 2014. Ao todo, Ádrian López somou 52 jogos, 7 golos e 10 assistências no espaço de três temporadas nos azuis-e-brancos, tendo pelo meio três cedências curtas que nunca realmente aliciaram pretendentes ao ponto de pegar parcialmente os custos despendidos na sua contratação.
Neste momento sem qualquer clube, após duas épocas ao serviço do Osasuna, Ádrian López foi um dos flops mais graves dos últimos 10 anos da SAD presidiada por Jorge Nuno Pinto da Costa, que tentou agraciar um treinador com um activo de peso, sem ter noção dos problemas que infligiam-no antes de chegar ao FC Porto. A qualidade estava nos seus pés, disso não há dúvidas, mas a vontade, cabeça e disposição não existiam no corpo de um dos jogadores mais talentosos da geração de 1987, que chegou a arrebatar jornais e adeptos pelas suas extraordinárias exibições quer na selecção espanhola de sub-20 ou no Atlético Madrid.