O Cehegín de Paulo Meneses em busca do sonho pt.7

Francisco IsaacMarço 22, 20225min0

O Cehegín de Paulo Meneses em busca do sonho pt.7

Francisco IsaacMarço 22, 20225min0
Continuação do Diário do Treinador de Paulo Meneses, que nos conta como tem sido a fase-final da época do Cehegín Deportivo

Fevereiro e Março trouxeram vitórias e derrotas para o Club Cehegín Deportivo de Paulo Meneses, que conseguiu um resultado surpreendente para o seu campeonato local, como conta o treinador português nesta sua 7ª página do Diário do Treinador para o Fair Play.

20º JOGO – DERROTA DURA E QUE ENSINA O QUE É O FUTEBOL

Depois de uma vitória histórica para o Cehegín, de um clube tão pequeno como é o nosso, só com jogadores da cidade, é necessário sempre, na minha opinião, pedir aos jogadores que desçam à terra de novo. Isto, porque segundo a minha experiência, o jogador de futebol (principalmente das equipas ditas mais pequenas) têm por hábito, de uma forma inconsciente, subir ao céu quando obtêm uma vitória deste tipo. É nosso dever enquanto treinadores, (re) equilibrar as emoções do grupo de trabalho.

Então, na 3ª feira, dia do 1º treino semanal, na palestra depois do jogo, dei-lhes os parabéns, distribui os méritos por todos os jogadores que tinham participado (directa ou indirectamente) nessa conquista, mas alertei que não tínhamos ganhado nada ainda, que eram só 3 pontos. Disse-lhes também que tínhamos que treinar sempre da mesma forma, e só com esse foco e concentração, só com essa disponibilidade mental, conseguiríamos dar essa intensidade, tão necessária e tão característica da nossa equipa.

Falando do jogo dessa semana, visitávamos o 3º classificado. É um bom estádio, contra um adversário que necessitava de pontos para se aproximar dos 2 primeiros lugares. Tínhamos algumas baixas do jogo anterior, e como o plantel sénior do Cehegín tão reduzido, recorremos a 2 juniores e levamos também 2 jogadores que estavam a voltar de lesão. Continuamos com o sistema de 1-5-3-2, e entramos bem no jogo. Estávamos disciplinados tacticamente, fortes nos duelos, conseguimos ter bola grande parte dos momentos na 1ª parte.

Conseguimos alguns ataques rápidos bem conseguidos, e aos 25 minutos, tivemos um mano a mano com o guarda-redes adversário. O nosso avançado conseguiu isolar-se, passar pelo guarda redes, e atirar para a baliza, mas um defesa consegui tirar a bola em cima da linha de baliza.

A 1ª parte estava a correr bem, mas aos 35 minutos, um dos médios-centros sofreu um duro golpe na zona do peito e pescoço, que está há 4 semanas parado por lesão. Esse médio é um dos jogadores mais experientes que temos, foi de resto, o melhor jogador no jogo anterior contra o 1º classificado. Ou seja, com esse jogador em campo, nota-se um alto critério, uma grande qualidade na circulação de bola e, infelizmente, não temos no plantel outro jogador com essa preponderância no jogo da nossa equipa.

Chegou o intervalo, com o nulo no marcador, mas os últimos 10 minutos, depois da lesão desse médio-centro, a equipa ressentiu-se um pouco. Ao intervalo ratificamos algumas coisas, repetimos as bastantes coisas que estávamos a fazer bem.

Pedi-lhes para saírem concentrados e intensos nos primeiros 10-15 minutos, porque é um período muito importante, principalmente para as grandes equipas que vão para intervalo com um resultado menos positivo, e que naturalmente, depois do intervalo, querem sair com tudo para inverter esse resultado.

O adversário sai com bola desde o circulo central, mete bola a atrás, faz um passe longo para a zona do meu Lateral Esquerdo, que raspa com a cabeça e cede canto. Pontapé de canto contra nós: golo do adversário aos 55 segundos da 2ª parte. Não estivemos bem a defender o canto, porque, apesar do jogador adversário ser mais alto que todos os meus jogadores (o único jogador que temos que terá a mesma altura, recebeu o 5º amarelo contra o 1º classificado no jogo anterior – não pôde jogar este jogo tão importante).

Mas como eu costumo dizer, no futebol não há desculpas. Porque, poderíamos e deveríamos ter estorvado esse jogador, apesar das diferenças de estatura. Até porque treinamos esses aspectos, levamos impressas as folhas e colocamos em todos os jogos na parede do balneário, antes de cada jogo, chamamos o jogadores para relembrar e alertar onde cada um dos nossos jogadores tem que estar nas bolas paradas. Portanto, grave erro nosso.

Depois do 1-0, a equipa sentiu muito o golo sofrido, e não conseguimos ser a equipa que costumamos ser. Também, no meu entender, o 3º classificado, apanha-se a ganhar contra uma equipa que tinha ganho ao 1º classificado no jogo anterior… creio que se auto motivaram ainda mais para nos ganhar.

Como estávamos a dizer, as opções no banco de suplentes eram pouco fiáveis, não pelo valor dos jogadores, mas sim porque vinham de lesão, e também pelas suas características. Necessitávamos de fogo na frente, e tínhamos 2 Médios Centros e 2 juniores no banco de suplentes.

Alteramos o sistema para 1-4-3-3 para arriscar um pouco mais na frente, mas sabendo dos riscos que poderíamos correr atrás. Uma derrota pesada para o Cehegín mas que não nos tira do caminho.


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