Jovens estrelas que caíram cedo demais: Oskitz Estefanía

Francisco IsaacFevereiro 24, 20225min0

Jovens estrelas que caíram cedo demais: Oskitz Estefanía

Francisco IsaacFevereiro 24, 20225min0
Surgiu na geração de Fàbregas e Llorente, mas acabou por não ter lugar no futebol espanhol... fica a conhecer a história de Oskitz Estafanía

Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos?

Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.

Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.

OSKITZ ESTEFANÍA, A ESPERANÇA BASCA QUE NÃO CHEGOU A VOAR

País Basco, região norte de Espanha – e que tem a sua continuação também em França – e morada de dois super clubes, como o Real Sociedad e o Athletic Club de Bilbao, emblemas que já produziram extraordinárias pérolas do futebol espanhol como Joseba Etxeberria, Xabi Alonso, Mikel Aranburu, Jesús Zamora, Fernando Llorente, José Iribar, Andoni Iraola, entre outros tantos. Ou seja, nunca é de estranhar que por entre as orgulhosas gentes do País Basco surjam algumas estrelas do futebol mundial, que desde cedo aparecem a jogar ao mais alto nível, conquistando logo uma especial atenção nas bancadas, como foi o caso de Oskitz Estefanía.

Para uma parte dos leitores deste artigo, o nome pode não soar familiar, mas o extremo-esquerdo foi visto e apreciado como um dos novos super-activos da Real Sociedad, despoletando uma luta acérrima por melhor diamante no País Basco como Fernando Llorente. Oskitz Estefanía recebeu a sua primeira chamada a um jogo oficial da equipa principal da Real Sociedad a 16 de Dezembro de 2003, com apenas 17 anos, alinhando 5 minutos na derrota frente ao Alavés para a Copa del Rey dessa temporada.

O que é que se sabia desta nova pérola do futebol espanhol? Classe na condução de bola, velocidade de movimentos de bom nível, pé afinado nos cruzamentos e um entrosamento interessante com o meio-campo, adivinhando-se aqui um possível bom produto para dias vindouros. Nessa época de 2003/2004, Oskitz Estefanía seria chamado para a selecção sub-17 da Espanha, alinhando ora como titular ou suplente utilizado, tendo sido um dos “maestros” da goleada infligida a Portugal por 5-2 (uma assistência e uma série de nós cegos a Vieirinha e Tiago Gomes), acabando por só jogar 6 minutos na final perdida ante o Brasil por 1-0 nesse Campeonato do Mundo do escalão sub-17.

Nesse grupo de jogadores seleccionados por Juan Santisteban estavam Xisco Nadal, Cesc Fàbregas, Sisi Gonzalez, Manuel Ruiz, jogadores que iriam atingir o patamar mais alto do futebol espanhol de clubes nos próximos tempos… e Oskitz Estefanía? José Maria Amorrortu, treinador da Real Sociedad entre 2004 e 2006, deu um voto de confiança ao talentoso extremo esquerdo e incluiu-o no plantel para a temporada 2004/2005, merecendo assim alguns minutos no decurso da época, com notas de destaque para 4 utilizações como suplente na La Liga, e duas titularidades na Copa del Rey, no qual até realizou uma boa exibição frente ao Burgos na 2ª fase da segunda competição mais importante do futebol espanhol. Contudo, e apesar de ter conseguido alguns minutos, Oskitz Estefanía precisava de maior rotação e mais confiança para tentar, pelo menos, mostrar algum do seu maior glamour enquanto extremo ou avançado, algo que não aconteceria ao mais alto nível, pois na temporada seguinte foi despromovido para a equipa B da Real Sociedad, iniciando aí a sua descida até aos escalões inferiores de Espanha, começando por um empréstimo ao SD Eibar – na altura ainda estava na 3ª divisão -, onde pouco jogou novamente, em virtude do seu físico menos dotado, e de algumas lesões sofridas.

O talento que tinha mostrado aos 16/17 anos parecia estar a esmorecer a cada nova época, entrando num ciclo vicioso de clubes menos ambiciosos que poucas oportunidades lhe proporcionava, até chegar ao fim da época e esperar por um novo contrato, passando assim do Eibar para o Eldense, depois o Sanse, seguindo-se o Écija, saltando para o Arandina na 4ª divisão, voltando depois para o País Basco nas últimas temporadas, isto ao serviço do Berio e Pasaia, caindo quase num completo esquecimento por parte de quem há anos atrás vaticinava um futuro interessante para o ágil extremo Oskitz Estefanía. Pouco se sabe em relação ao que falhou, mas a verdade é que o extremo chegou a ter um lugar entre alguns dos maiores jogadores espanhóis das gerações de 86 e 87, como Fàbregas ou Llorente, acabando por perder qualidade com a fraca utilização naqueles anos decisivos na Real Sociedad, somando graves lesões ao nível dos joelhos.

Se ligarem o FM05 (o primeiro depois da separação do Championship Manager), encontram Oskitz Estefanía como um dos talentos mais valiosos para contratar, podendo-o transformar num vertiginoso extremo que enchia a ala com uma qualidade inegável e de perícia total nos cruzamentos ou remates de longe… infelizmente, a realidade virtual ficou-se pela realidade virtual no caso de Oskitz Estefanía.


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