Diogo Cabral e Manuel Nunes e o regresso ao Diário do Atleta

Fair PlayFevereiro 21, 20188min0

Diogo Cabral e Manuel Nunes e o regresso ao Diário do Atleta

Fair PlayFevereiro 21, 20188min0
Os internacionais sub-18 falaram da subida de patamar numa modalidade que lhes diz muito. Diogo Cabral e Manuel Nunes no Diário do Atleta

Diogo Cabral e Manuel Nunes, internacional sub-18 que agora lutam por um lugar nos sub-20, voltam ao Diário do Atleta no Fair Play. Com novos obstáculos, episódios e novidades, os jogadores do CF “Os Belenenses” e RC Montemor, respectivamente, abrem um novo capítulo das suas vidas.

O INICIO DE ÉPOCA… DIFÍCIL E INTENSO!

Nenhum dos atletas tiveram grandes férias, já que o Campeonato da Europa de sub-18 7’s estava no horizonte. Para Diogo Cabral o regresso aos treinos não correu da melhor forma,

“Já passaram uns meses desde a última vez que falámos. Tivemos as férias do verão, uma primeira fase de competição e aulas, novamente umas pequenas férias, regressando a uma fase intensa tanto a nível académico como competitivo.

Confesso que as férias de verão se revelaram uma necessidade, face à rotina que tive no ano competitivo/letivo de 2016/2017, já andava cansado e precisava de um período sem “nada para fazer” (obviamente que tive um verão ativo, nunca desligando da necessidade de manter uma forma física relativamente boa).

No início da época em que nos encontramos, mais especificamente na pré-época, comecei a ter dores na zona da virilha. Ainda fiz uns treinos no meu clube, Belenenses, e tive o privilégio de integrar os treinos da seleção de sub18 de sevens, os quais não levei até ao fim, devido ao agravamento da minha lesão.”

Manuel Nunes, evitou as lesões e esteve na competição internacional,

“O regresso aos treinos não foi um acontecimento muito distante, pois a época transacta acabou tarde e este ano tivemos os treinos para o campeonato da Europa de sevens a começar em Julho. Por conseguinte, férias neste verão não foram muitas, mas foram boas!

Uma experiência diferente, já que com o campeonato da Europa de sevens em setembro exigiu de nós que mantivéssemos a melhor forma possível durante o Verão. Felizmente, integrei todo o processo de treinos e preparação desta vertente que são os sevens.

A 9 de setembro partimos então para Heidelberg para disputarmos o europeu de sevens. A fasquia já ia bastante elevada, devido às anteriores prestações de Portugal neste campeonato e com a integração de Inglaterra e País de Gales, duas novas seleções de topo, a tarefa ainda se dificultava mais, mas não viramos a cara à luta e encaramos o desafio com maior motivação. Foram dois dias muito intensos e cansativos, mas o excelente ambiente e a típica atmosfera à ” sevens” fizeram com que se tornasse numa experiência inesquecível.

Com esta participação nos sevens, a pré época foi muito menos “dolorosa” e permitiu uma excelente integração na equipa sénior. A boa preparação física permitiu que a diferença do ritmo e do embate físico, típicos da transição, não se sentissem de uma forma tão brusca.”.

Foto: Manuel Gaivão

O JOGAR MUITO E O NÃO JOGAR DE TODO

A possibilidade de entrar na época mais cedo deu uma vitamina extra ao asa do clube alentejano, que teve assim a sua estreia no escalão sénior. Uma temporada que não começou bem a nível de resultados,

“Depois de uma boa pre época, recheada de jogos de treino, iniciamos o campeonato nacional 1 (antigamente nomeado por Divisão de Honra) e fiz então a minha estreia nos seniores do meu clube de formação, RC Montemor, frente ao Cascais. Felizmente, vi todo o trabalho e sacrifico recompensado integrando o XV inicial, com a camisola 7. Uma grande motivação e orgulho poder fazer parte de uma equipa jovem, mas também com grande experiência.

Resultados melhores outros piores, mas uma equipa que teve sempre momentos muito bons, infelizmente não conseguindo o primeiro grande objetivo que era ter ficado nos 6 primeiros. Lutando, agora, pela manutenção num grupo de equipas também equilibrado e que tem proporcionado bons jogos de rugby.”

Para Diogo Cabral as lesões impediram-no de começar com o pé direito a época, mas o centro tem tentado debelar os problemas físicos,

“Por isso, após aconselhamento médico, comecei a fazer natação, e mantive treinos de ginásio. Foi uma fase mais complicada, a nível psicológico, ir e voltar numa pista de 50m, às vezes sozinho, não foi propriamente a melhor sensação que experienciei (para que não hajam mal-entendidos, não estou a menosprezar os atletas de natação, estou apenas a caracterizar o contexto, que foi a minha recuperação e a passagem de um desporto de equipa para um individual, … até fiz natação vários anos).

Mais ou menos em dezembro voltei a consultar o médico que me acompanha e acabei por ter “autorização” para começar a fazer umas pequenas corridas, aumentando gradualmente o nível para ver como me sentia.

Mais recentemente voltei a fazer exames e a ir a consultas… continuo com a hérnia, da fratura melhorei, por isso comecei a treinar. Enquanto conseguir e não for impeditivo, tenciono continuar a treinar e aumentar a intensidade, com o objetivo de voltar a jogar em condições.”

O antigo capitão da selecção sub-18 já conseguiu superar estes problemas físicos e prepara-se para regressar à competição, algo fundamental para voltar a fazer o que mais gosta: jogar rugby!

“Ontem, 19 de fevereiro, fiz um treino pela equipa nacional de sevens, o que foi bom para elevar o nível do meu recomeço, por isso, veremos, pode ser que ainda consiga integrar algum jogo ao nível do alto rendimento e pelo meu clube. Mais tarde, consoante o estado da lesão, talvez haja a necessidade de ser operado.”.

O CAMPEONATO DA EUROPA DE SUB-20 NO HORIZONTE

Enquanto que um está a recuperar, Manuel Nunes tem estado a trabalhar com afinco para fazer parte do elenco a participar no Campeonato da Europa sub-20. Mas, infelizmente, surgiu um ligeiro problema nesse sentido,

“Também se iniciaram os trabalhos da seleção de sub 20, mais um passo nesta nossa caminhada, mas uma lesão impossibilitou me de comparecer e integrar este inicio de processo. Faz parte da vida de um atleta, ninguém as deseja, infelizmente, por vezes aparecem. A alta competição e o desejo de querer voltar, só me tem motivado e ajudado na recuperação e no trabalho para uma rápida integração, quer nos trabalhos do clube quer nos trabalhos da seleção.

A “fome de bola” já é enorme e, para minha felicidade, o pior já passou e brevemente regressarei aos relvados para ajudar a minha equipa a alcançar todos os restantes objetivos até ao final da época e poder ser opção para os trabalhos da seleção nacional de sub20.”.

Diogo Cabral ainda fez uma “admissão de culpa”, algo próprio da idade: os estudos universitários não começaram bem, mas já se endireitou,

“Confesso que a nível académico, não fui exemplar. Comecei relativamente bem, mas acabei por não dar a atenção e dedicação necessária para acompanhar. Não o queria justificar com o que aconteceu a nível desportivo, mas foram uns meses em que dei por mim com menos coisas para fazer comparativamente ao ano passado, o que acabou por me desmotivar um bocado e iludir-me de que podia estar “à vontade”.

Mas enfim… passei a fase de adaptação, mal, mas teve de ser; vivi uma nova realidade, cresci com os erros e tenciono fazer um segundo semestre ao nível da instituição em que estudo, Universidade Nova de Lisboa (Curso de Gestão). Concluindo, se tudo correr bem, tenciono jogar e aumentar a intensidade do meu desempenho, tanto a nível desportivo, como académico.”.

Ambos os internacionais de esperanças deixaram uma mensagem positiva, animada e que o Fair Play partilha não por “arrogância”, mas por gosto,

“Por fim, um grande abraço ao Francisco Isaac por voltar a pegar nesta iniciativa e é com um enorme prazer que volto a colaborar com ele e com o grande trabalho do FairPlay em promover, debater, divulgar… O rugby nacional!” (Manuel Nunes)

“Sem querer fugir ao tópico, acho que um agradecimento ao Francisco Isaac deve estar incluído neste artigo, visto que é um dos principais responsáveis pela divulgação da modalidade em Portugal, sempre com boa vontade. Obrigado.” (Diogo Cabral)

O Fair Play regressa assim a mais um Diário do Atleta, de dois jovens jogadores de rugby que querem chegar longe na modalidade. O primeiro capítulo em 2018!

Foto: Inês Cabral Fotografia

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