A continuanção na aventura de Paulo Meneses no Cehegín pt.6

Fair PlayFevereiro 15, 20228min0

A continuanção na aventura de Paulo Meneses no Cehegín pt.6

Fair PlayFevereiro 15, 20228min0
Paulo Meneses traz-nos novidades sobre a sua viagem ao comando do Cehegín e podes ficar a saber tudo neste Diário do Treinador

O ano findou, e chegado finalmente ao primeiro mês do novo ano de 2022, o treinador Paulo C. Meneses conta-nos o que se tem passado com o seu Cehegín Deportivo das ligas secundárias de Espanha, e podes ficar a par de tudo nesta 6ª parte do seu Diário do Treinador.

13º JOGO E UMA DERROTA AMARGA PARA O CEHEGÍN

Mais um jogo a meio da semana (jogo adiado antes do Natal), quarta feira às 21h. Um horário bastante tarde, com frio e humidade. Defrontávamos um adversário que estava abaixo de nós na classificação, num campo muito difícil e contra uma equipa muito aguerrida e muito intensa. Estávamos com baixas importantes (devido a covid e lesões). Tínhamos somente 4 jogadores disponíveis no banco de suplentes. Não entramos bem no jogo, fruto da alta e muito intensa pressão adversária, não conseguindo ter o controlo do jogo através de circulações de bola (o que faz parte da nossa identidade). Mas também por culpa própria, porque não estávamos tão intensos (como faz parte da nossa identidade), estávamos lentos na pressão depois de perder a bola, a segundas bolas eram quase sempre do adversário.

Não estávamos também identificando a maneira de atacar o adversário (demasiadas bolas pelo corredor central – o que resultava em perdidas de bola da nossa parte e contra-ataque do adversário). Chegámos ao intervalo com o resultado 0-0, tentámos ratificar no intervalo o que eu achava que estava a falhar: falta de intensidade, mais rápidos a reagir para ganhar as segundas bolas, pressão depois de perder a bola, no ataque, ligar por dentro, mas depois descarregar por fora e progredir, etc.

A segunda parte foi um pouco melhor nesses aspetos que lhes pedi ao intervalo. Conseguimos chegar ao golo e colocar-nos na frente do marcador. O mais difícil estava feito, ganhar vantagem num campo tão difícil contra um adversário muito competitivo. No entanto, não tivemos a capacidade de gerir o resultado, e em 2 erros infantis, eles conseguiram a remontada: 2-1. Com poucas opções no banco para mudar os acontecimentos do jogo, tentámos de tudo para ajudar a equipa, mas sem sucesso, e assim derrota para o Cehegín.

16º JOGO E UMA ESTREIA ABSOLUTA

Depois de 2 derrotas seguidas do nosso Cehegín, tínhamos um desafio muito muito difícil. Visitávamos o estádio do segundo classificado (uma das duas melhores equipa do nosso campeonato). Sabíamos que era muito importante pontuar. Como vínhamos de jogar 3 jogos em 10 dias, tínhamos a perfeita noção que iria ser muito duro para os nossos jogadores (principalmente para os 5 jogadores que jogaram praticamente os 90 minutos nos 3 jogos anteriores) pela sobre carga física. Fruto dessa sobrecarga, perdemos o nosso melhor marcador – Um jovem jogador de 20 anos.

Estávamos com mais opções no banco (1 júnior e um médio-centro que ainda não havia debutado na Liga por ter sido operado ao ombro em Setembro). De novo por Covid, tínhamos baixas muito importantes: não tínhamos os 2 principais Guarda Redes (o 3º Guarda Redes estava lesionado – foi para o banco). Dessa forma subimos o guarda-redes júnior de 17 anos para jogar de titular, numa estreia total dele pelo Cehegín. O guarda-redes dos juniores foi titular e apresentou-se com grande maturidade e tranquilidade durante todo o jogo, sendo decisivo para os 3 pontos.

Ganhou o prémio de Guarda Redes da jornada da Liga – foi o melhor debut com a equipa sénior que poderia ter tido. De referir que foi mais uma série de estreias de jogadores juniores com a nossa equipa e mais uma vez bem sucedido – felizmente, já tínhamos tido outros juniores que debutaram connosco e que conseguiram ajudar-nos. Como tivemos pouco tempo para preparar este jogo, focamo-nos no essencial.

Quadro de táctica (Foto: Paulo Meneneses)

Voltámos ao sistema 1-5-3-2. Demos a iniciativa ao adversário, e a estratégia passava por defender bem, em bloco medio – baixo, tentar que o adversário não jogasse dentro do nosso bloco defensivo, orientar a nossa pressão para as laterais (com os 2 Ponta de Lança e os 3 Medios Centros) tentar pressionar nas laterais com um Ponta de Lança, um Medio Centro e um Carrillero – Roubar a bola em zonas laterais pré definidas e transitar rápido para tentar surpreender o adversário.

De referir que o plano de jogo funcionou quase sempre com sucesso. Entramos no jogo muito focados nas tarefas individuais, grupais e colectivas. Chegava o intervalo com 0-0. No intervalo, reforçámos as muitas coisas que tínhamos feito bem e teríamos que seguir fazendo, e outras que tínhamos que melhorar.

Na segunda parte, entramos de novo bem no jogo. Desde o banco, o adversário mexia com substituições e nós íamos respondendo para refrescar (devido ao jogo da quarta feira anterior) e para re-equilibrar (devido às mudanças do adversário).

A partir dos 70 minutos, face à grande investida ofensiva do adversário, onde arriscava tudo para abrir a nossa defesa, colocamos gente fresca na frente, e com isto, conseguimos realizar várias transições rápidas e colocar em sentido o adversário. Em algumas dessas transições poderíamos ter aberto o marcador.

No entanto, foi aos 85 minutos através de um penalty, que conseguimos abrir o marcador, que resultaria no resultado final. Para muita gente, foi um resultado surpreendente, para nós, do Cehegín, que trabalhamos todos os dias com a mesma ambição de sempre, sabíamos ao que íamos – embora as baixas na nossa equipa e apesar das dificuldades pelo nível muito superior do adversário.

17º JOGO E UMA VITÓRIA AUSPICIOSA PARA O CEHEGÍN

Depois de um resultado muito positivo, tínhamos outro osso duro de roer, desta vez no nosso estádio. Recebíamos um candidato à subida de divisão, e pela qual ocupa os lugares do Play Off de subida. Se trata de uma equipa com muitos jogadores com experiência na divisão acima, uma equipa com muita qualidade individual e colectiva. Este adversário joga um futebol mais directo, abdicando um pouco da construção em curto desde trás.

Decidimos utilizar o sistema de 1-4-3-3 (também porque um dos nosso Defesas Centrais que é totalista no 11 inicial esteve toda a semana com Covid). A primeira parte foi algo pobre da nossa parte em termos Ofensivos.

Sem querer comparar com o jogo anterior em nossa casa (contra outro candidato) – porque cada jogo tem uma história diferente – onde tínhamos realizado o melhor jogo desde que treino esta equipa, não poderia estar satisfeito com a nossa prestação em termos de atacar a baliza adversária na primeira parte, porque eu sabia que podíamos fazer melhor.

Ao intervalo, corrigimos para melhorar a nossa circulação de bola desde trás (com um dos médios-centros na ajuda aos 2 Defesas Centrais na construção desde atrás, para criar superioridade (contra os 2 Ponta de Lança adversários), para assim a nossa equipa pudesse progredir no terrenos com a bola controlada, encontrando espaços no meio campo, para ligar com os outros 2 Medios Centros, ou ligar com os Laterais (que ganhavam profundidade por banda – “convidando” aos nossos extremos jogar entre linhas).

Com isto, ganhamos mais capacidade de circulação, tínhamos mais critério e mais qualidade com bola. Criámos boas jogadas de ataque para desmontar a organização defensiva adversária, mas não conseguimos converter em golo as jogadas de ataque. Aos 60 minutos retiramos o Lateral Direito, para atrasar o nosso Extremo Direito (para meter outro Extremo Direito) e assim criar mais capacidade ofensiva (vinda desde atrás).

A partir dos 70 minutos, colocamos mais 1 ponta de lança (na posição de extremo esquerdo), porque tínhamos mais chegada desde a banda direita e assim teríamos (também) mais um finalizador na área. Os últimos minutos, colocando mais um Medio Centro para refrescar o meio campo, na tentativa de criar mais poder de circulação de bola (e ao mesmo tempo ter mais capacidade para reagir à pressão depois da perda de bola assim como às transições ofensivas adversárias). Apesar de todas as investidas da equipa, e da nossa parte (substituições), o jogo ficou empatado a zero. Foram dois resultados positivos para o Cehegín em dois fins de semana consecutivos, contra dois adversários muito fortes.


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