3 Momentos que marcaram o Desporto Português em 2020

Francisco IsaacDezembro 30, 20206min0

3 Momentos que marcaram o Desporto Português em 2020

Francisco IsaacDezembro 30, 20206min0
Portugal viveu vários e grandes momentos em 2020 e neste artigo relembramos 3 que ficaram nos pergaminhos do desporto português

Num ano que se mostrava promissor para o desporto português, a grande paragem afectou todas as modalidades e lançou várias dúvidas sobre o presente e futuro de quem pratica, acompanha, participa e se preocupa todos os dias com as diferentes modalidades que montam este rendilhando da prática desportiva em Portugal. Contudo, e apesar da situação trágica que se faz sentir neste momento, o desporto nacional teve direito a vários momentos de orgulho, felicidade e explosão das melhores emoções, tendo o Fair Play escolhido três para compor uma lista emocionante e apaixonante que ajudam a dar outra “cor” a este ano mesclado por diferentes tonalidades.

MIGUEL OLIVEIRA CRUZA A GRELHA DE PORTIMÃO EM 1º LUGAR

O piloto da KTM teve dois momentos que deixaram os adeptos portugueses completamente loucos, querem apreciassem ou não o desporto motorizado, com o primeiro a ter sido aquela vitória conquistada numa das últimas curvas do circuito de Spielberg (GP Estíria) a 23 de Agosto, e o segundo a surgir já em Novembro quando Miguel Oliveira espalhou classe do primeiro ao último minuto em que pisou o asfalto do circuito de Portimão, cruzando em 1º lugar no GP de Portimão no ano de retorno das grandes provas de motociclismo a terras lusas.

Dos dois momentos, acabamos por escolher o segundo como o mais marcante, pela composição de alguns elementos, com o combo do regresso do Moto GP a Portugal depois de oito anos de ausência do calendário internacional da FIM e o facto de um português ter subido ao 1º lugar no fim da prova a ser o principal pormenor que nos levou para esta opção.

A corrida foi controlada do princípio ao fim pelo piloto português, raramente se deram momentos de preocupação, mas conhecendo bem a alma portuguesa, não há dúvidas que todos temeram que a moto de Miguel Oliveira pudesse sofrer algum problema e tirar o sonho e prazer de ver um conterrâneo a conquistar a prova nacional… no fim, o português impôs toda a sua excelência e categoria, desenhando quase na perfeição o circuito do GP de Portimão durante todas as suas voltas, para levar lágrimas e felicidade aos adeptos portugueses. Histórico, sem precedentes e que ficará lembrado por todas as melhores razões possíveis.

FERNANDO PIMENTA CHEGA ÀS 100 MEDALHAS

Anos e anos a cavar rios e canais, a treinar para atingir a perfeição e somar não só medalhas e vitórias, mas também um estatuto elevado para a canoagem, Fernando Pimenta foi capaz de atingir um marco só ao alcance de uns quantos, isto quando colocou a sua 100ª medalha no seu pescoço depois de ter cruzado a meta como campeão da Taça do Mundo realizada em Szeged na Húngria.

Não era um marco improvável se olharmos para o “fim” da caminhada, mas quando nos relembramos que a carreira sénior do canoísta começou antes de 2010 e que em 2020 cumpriu em 31 anos de idade, o feito é ainda mais sensacional e lendário, elevando-se como um dos maiores atletas de sempre a ter vestido as cores de Portugal. E nada melhor que chegar à centena de medalhas com a número 100 a ser de ouro, subindo ao palanque como o campeão do Mundo dos 5000 metros em K1, reinando com total sabedoria, engenho e força nesta especialidade da canoagem internacional.

Depois de anos de luta e sofrimento, de se dedicar a 100% diariamente à canoagem, de aguentar lesões e sobreviver a outros problemas, Fernando Pimenta manteve total serenidade e foi capaz de atingir novamente o título de campeão do Mundo em diferentes marcas de distância, com a medalha 100 a ter de merecer total destaque para toda a eternidade.

JOÃO ALMEIDA DERRUBA A MONTANHA… E AS DÚVIDAS

Foi claramente o atleta surpresa do ano, pois eram raras as pessoas que conheciam a carreira do ciclista João Almeida, um jovem de 22 anos oriundo das Caldas da Rainha, e que só em 2017 começou a deslizar pelas diversas encostas e caminhos do asfalto do ciclismo internacional, para em 2020 ter vestido a Camisola Rosa durante duas semanas do Il Giro. O domínio do português começou na etapa 3ª e prolongou-se interruptamente até ao à 18ª, tendo sido o ciclista no Giro com mais dias de Rosa, o que não pode deixar de ser uma marca estonteante e inesquecível seja para o ciclismo ou desporto português.

Mas o momento que marcou a prestação de João Almeida em Itália foi na Etapa 17, trecho que compreendia entre Bassano del Grappa até à Madonna di Campiglio, ou seja, era um dia dedicado à montanha. A maioria dos analistas e adeptos entendidos no Giro avançavam com a grande probabilidade de João Almeida perder o controlo da Camisola Rosa porque era sem dúvidas a prova mais desafiante até à aquele ponto e que iria elevar a fasquia da capacidade física ao mais alto patamar, adivinhando-se um dia de sofrimento profundo para o ciclista luso.

Todavia, as projecções lançadas acabariam por ruir na sua totalidade, pois João Almeida foi capaz de segurar a liderança no Il Giro nesse dia de 21 de Outubro, sobrevivendo às adversidades das montanhas do norte de Itália, onde antes incontáveis outros tinham caído pelas eras que compõem a história da humanidade, ficando para a memória aquela filmagem da face de luta e sacrífico evocada pelo rapaz que até 2016 era um amador do ciclismo português.

A luta contra o fracasso, a demonstração de que é possível fazer o improvável e ir mais para além do que está supostamente pré-estabelecido e a paixão por manter-se no topo, foram só algumas das marcas deixadas por João Almeida na sua prestação no Giro 2020.

Nota para Rúben Guerreiro, que foi o conquistador da Montanha da prova Rainha do ciclismo italiano, tendo subido também ele ao palco das maiores supressas e destaques do ano, subindo a 25 de Outubro ao palco dos campeões com a Camisola Azul.


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