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Chen Tao, esteve um período longo nas principais ligas do futebol chinês, antes de assinar com o Sichuan Longfor em 2016. Mesmo sabendo que o clube disputava o terceiro escalão nacional, o que o fez acreditar nesse projeto?
Tenho grande confiança no clube, no presidente. Ele deu-me muita força, incluindo o planeamento do futuro.
Com compromisso, acredito que há perspetivas de futuro para o Sichuan Longfor.
Apesar de termos tido algumas oscilações nesta época, estamos sempre a avançar, mais da metade do campeonato já se passou e estamos a jogar bem. Acredito que teremos sucesso esta época.
Antes de assinar pelo Sichuan Longfor, teve um longo período de inatividade. Naquele momento chegou a pensar em retirar-se?
Não pensei isso, deixar de jogar seria uma brincadeira na idade que tenho (risos). Eu tenho uma disputa contratual com o meu ex-clube e na China é assim.
Quando existe um comportamento pseudo-profissional de muitos clubes profissionais, disputas são normais.
A última década foi muito desgastante para a seleção chinesa, mas individualmente sobressaiu e destacou-se por longas temporadas, tendo sido inclusive o melhor jogador jovem do campeonato de 2004. O que correu mal na sua carreira e acha que poderia ter sido o maior jogador chinês de todos os tempos?
No meu caminho profissional, existiram várias questões, incluindo questões subjetivas, políticas, objetivos e sistemas que vão afetam a nossa carreira.
Este ano, por exemplo, com a execução da política de jogadores Sub-23 bem como no ano que vem, o que é impensável em outros países. Este é o ambiente do futebol chinês.
Como tem sido o apoio dos adeptos no dia a dia e nos jogos do Sichuan Longfor em casa?
Ótimo. Estão com muito entusiasmo, especialmente nos nossos jogos. Ganhamos mais e mais adeptos da equipe nesta época.
Muitos adeptos vêm de longe, viajam algumas horas de carro para ver o nosso jogo.
São fanáticos. Alguns adeptos também viajam quando o nosso jogo é fora de casa.
Na equipe do Sichuan Longfor, foi comandado somente por treinadores portugueses. Qual a importância do trabalho de Manuel Cajuda e Vitor Pontes, na sua opinião, até o momento?
Sim, é difícil fazer comparações. Eu e o Vítor perdemos contacto, mas ficamos muito tempo juntos nos períodos de treino no campo. Trabalhamos até metade do campeonato.
Foi uma pena, a nossa equipe quase conseguiu chegar ao objetivo. Esta temporada trabalho com o mister Cajuda, desde o início da época, treino de inverno em Shenzhen.
Fizemos uma comunicação suficiente, ele é um treinador experiente e muito inteligente. Espero que possa usar a experiência para liderar a equipe até a subida de divisão.
Existe alguma diferença no método de trabalho dos portugueses em relação aos treinadores chineses?
Os treinadores de ambos países, sobre a mesma questão, podem chegar em conclusões diferentes.
Sem dúvida que o futebol chinês é muito atrasado mesmo, muitos jogadores tem medo em questões dentro de uma partida, algumas muitos simples, eles não conseguem encontrar a solução, para tomar a decisão certa durante jogo.
Os treinadores europeus não entendem porque os jogadores profissionais da China têm tantas questões fundamentais, isto é a realidade que enfrentam. Mas os treinadores compreendem melhor a fraqueza dos jogadores e comunicam melhor com eles.
Como são a estrutura e centro de treinos do Sichuan Longfor e essa estrutura compara-se com as dos clubes da China League One e Superliga Chinesa?
Para mim é mais ou menos bom, pois não há mais campos, somente dois. Tinham algumas questões de mau tempo.
Comparando com os clubes da China, especialmente os grandes, estes têm mais quantidade, qualidade e melhor manutenção.
Outros clubes normais da 1ª divisão não têm condições tão boas. Para a 3ª divisão, a nossa estrutura e campo são excelentes.
A que patamar no futebol chinês acha que o Sichuan Longfor pode chegar no futuro?
Enquanto os investidores se mantiverem estáveis, o Sichuan Longfor poderá chegar à China League One ou até à Superliga Chinesa.
Na China League Two 2017 tem-se a presença elevada de grandes jogadores da década passada do futebol chinês, como Shen Longyuan, Ji Mingyi, Zhou Jie, Sun Jhi. Para si, qual a importância da presença de cada um deles na competição?
Como na Terceira Divisão Chinesa não se pode introduzir jogadores estrangeiros, os jogadores mais velhos podem trazer mais experiência.
Os jovens jogadores da China League Two têm um pouco da capacidade limitada, quando enfrentam dificuldades no jogo precisam da ajuda dos jogadores de maior experiência.
É iminente que o Sichuan Longfor brigará por uma vaga nas quartas de final da competição, pelo desempenho até aqui. Visto isso, quais equipes que vocês consideram também como favoritas ao acesso a China League One?
Esta temporada há muitas equipes da Liga Sul que são fortes. As primeiras classificadas tem hipótese de subir de divisão.
Acho que Shenzhen Ledman, Meixian Techand, Nantong Zhiyun e Suzhou Dongwu.
Como você se tornou o capitão mais jovem de uma equipe, dentro do solo chinês na década passada? Qual a melhor temporada e qual a melhor equipe que você jogou?
Por coincidência naquele momento o futebol da China estava no vale mais baixo da história, muitos jogadores velhos se aposentaram e tive a oportunidade.
Para mim o Shanghai Shenhua (hoje com Tevez) é o melhor clube, onde encontrei a melhor condição estrutura.
A melhor época individual acho que foi na equipe do Tianjin Teda, naquele momento o treinador e meus colegas de equipes estávamos muitos entrosados, jogamos Champions Asiática e todos eram amigáveis e muito felizes juntos.
A que se deve o seu bom desempenho em 2017, com gols, diversas assistências e como você avalia seu período na seleção chinesa?
Dedicação, estou a tentar fazer o meu melhor possível, espero ajudar o Sichuan Longfor a subir de divisão nesta temporada.
Na seleção chinesa sempre joguei com grandes treinadores, são bons treinadores e bons jogadores. Aprendi muitos com eles.
Para si, como tem sido o trabalho de Marcelo Lippi na seleção chinesa?
Marcelo Lippi é um treinador de renome internacional. Veio para a seleção chinesa para trazer o seu grande trabalho.
Tem táticas e capacidades avançadas e, para além disso, trouxe a confiança que os jogadores chineses não têm e que há um longo tempo não se via.
Gan Yingbo é um ídolo em Sichuan (se não o maior jogador da história dessa região). Pensa em escrever ou fazer, pelo menos, parte dessa história como ele fez em Sichuan?
Sempre brincamos que o Gan Yingbo, nosso capitão, é o fóssil vivo da cidade e do futebol de Sichuan (risos).
Não sei, mas quero trabalhar junto com ele, com o objetivo de ajudar a nossa equipe a subir de divisão.
Gan Yingbo foi um dos motivos para aceitar esse desafio no Sichuan Longfor?
Sim, temos uma grande amizade dentro e fora de campo. Ele foi uma grande ajuda na decisão da vinda e na adaptação ao clube.
Foi assim que pude e posso integrar melhor na equipe.
Sonha um dia poder voltar à seleção? O sonho de todos os jogadores asiático é um dia chegar à Europa, tendo chegado a fazer testes na Bélgica, e teve outras propostas, mas o que aconteceu para não ter realizado esse sonho?
Sim, mas é muito difícil hoje voltar à seleção nacional, porque hoje estou na Terceira Divisão Chinesa.
Houve algum interesse de clubes europeus, muitos apresentaram propostas, mas infelizmente o clube não me deixou sair. Foi muito triste porque perdi, naquele momento, a grande oportunidade de jogar na Europa.
Como foram os Jogos Olímpicos de 2008 para si e o confronto com a seleção brasileira naquela época?
Eu só participei nos nossos dois primeiros jogos, infelizmenteestava lesionado no jogo contra o Brasil.
Vi o jogo da bancada e a diferença entre os dois lados era muito grande, não estávamos no mesmo nível do Brasil.
Quais são os seus planos para o futuro no futebol?
Nos próximos anos vou continuar a minha carreira.
Mas tenho um plano de retirada temporária, pois não vou sair do círculo do futebol no futuro.
Tem alguma mensagem final para os leitores do nosso site e adeptos do Sichuan Longfor?
Muito obrigado pelo apoio e a vocês por esta conversa. Um abraço.