Arquivo de Venezia - Fair Play

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José AndradeJulho 5, 20225min0

Neste novo texto vamos falar do basquetebol feminino italiano que pretende recuperar o protagonismo maior na Europa aproveitando todas as novas oportunidades que surgiram.

Familia Schio: Pensar ainda mais em grande

Nesta altura já temos algumas das melhores do mundo a serem confirmadas na liga italiana, isto porque com as sanções às equipas russas muitas jogadoras que eram até então “inacessíveis” passaram a ser possíveis e com isso surge esta nova vida do basquetebol feminino italiano. As últimas semanas trouxeram várias confirmações que vão ao encontro das ambições italianas para a próxima temporada nas competições europeias. Nas equipas, o Familia Schio surge como a equipa mais ativa no mercado, as atuas campeãs já anunciaram Rhyne Howard – a primeira escolha do último draft – e uma jogadora que tem estado em destaque nesta temporada na WNBA ao serviço das Atlanta Dream nesta sua época de estreia já conseguiu lugar no all-star.

Para além de Howard, estão confirmadas também Amanda Zahui que vai chegar do Fenerbahçe, e Astou Ndour, uma das melhores postes do mundo. Ndour foi finalista na Eurocup ao serviço do Venezia e semifinalista em Itália, sendo uma das melhores da temporada no basquetebol europeu conseguindo 15.1 pontos, 8.1 ressaltos, 0.8 assistências, 0.9 desarmes de lançamento e 1.7 roubos de bola de média por jogo na Liga italiana, números que refletem mais uma época de luxo e que reforçam o acerto que é esta entrada para o Schio. Marina Mabrey base que está nesta altura a brilhar na WNBA com as cores das Dallas Wings e que na última temporada esteve na Austrália ao serviço das Perth Lynx conseguindo médias de 19.1 pontos, 4.3 ressaltos, 2.8 assistências e 1.4 roubos de bola por jogo na WNBL. Ainda garantiram, Elisa Penna que também esteve no Venezia. Todas estas entradas colocam já o Schio como uma das favoritas à Euroleague na próxima época.

Virtus Bologna: Começa a surgir algum favoritismo

O Virtus Bologna surge como uma das equipas que mais investe tanto no feminino e no masculino e procura ganhar outro protagonismo internacional. A equipa de Bolonha perdeu a final da Liga Italiana e depois disso decidiu subir o seu orçamento e ambicionar ainda mais na Europa. As vice-campeãs de Itália começaram por renovar com Cecilia Zandalasini uma das estrelas e das peças mais importantes neste conjunto.

Depois anunciaram a entrada de Kitija Laksa, extremo que estava no Schio, em seguida ainda Iliana Rupert, a poste francesa que estava no Bourges e que atualmente está nas Las Vegas Aces, considerada uma das melhores jovens do mundo e que vai chegar a Itália como MVP da Eurocup que conquistou este ano, com o bronze ganho em Tóquio, a prata do Europeu em 2021, melhor jovem na Euroleague em 19-20 e como a 12ª escolha do draft da WNBA em 2021. Mencionar ainda Olbis Futo Andrè, internacional italiana com origens angolanas e que também chega do Schio, poste de 23 anos que na última época conseguiu médias de 9.5 pontos, 6,2 ressaltos e 1.4 roubos de bola por jogo, mesmo com muita concorrência conseguiu destacar-se, é mais uma aposta acertada deste conjunto do Virtus que irá também ser uma equipa a ter em conta para uma conquista nas competições europeias nesta nova época.

Outras transferências em destaque

Mencionar ainda a chegada de jogadoras como Ana-Marija Begic e Tinara Moore ao San Giovanni; ao Dinamo Sassari vão chegar duas extremos de qualidade como Janae Smith e Giulia Ciavarella, esta última vinda do Virtus Bologna, além de duas bases, Anna Makurat uma jovem polaca de imenso potencial e ainda Debora Carangelo que estava no Venezia e é uma base de créditos firmados no basquetebol italiano. Nina Dedic poste croata que assinou pelo San Martino depois de uma boa temporada nas também italianas do Broni; Que Morrison base que era uma das melhores no último draft da WNBA e que se vai estrear fora dos EUA na liga italiana ao serviço do Lucca, algo que vai ser das maiores atrações da próxima temporada.

Marie-Michelle Milapie, interior francesa que vai deixar o Flames da Liga francesa para rumar ao Campobasso e ainda o Venezia que também vai em busca de títulos em Itália e na Europa, para isso vão chegar Antonia Delaere, base belga que estava no Zaragoza onde era colega das portuguesas Maria Kostourkova e Maria João Correia, mas além da belga vai chegar a japonesa base que brilhou muito na liga alemã, ainda Laura Meldere interior letã que estava no Riga e que se juntou a Martina Fassina, extremo que era uma das melhores das polacas do Lublin e por fim Lorela Cubaj uma extremo que está na WNBA ao serviço das Seattle Storm e que vai regressar à Europa e a Itália como grande aposta deste Venezia. São algumas das entradas anunciadas que reforçam o crescimento do basquetebol italiano na próxima temporada.

Ficou aqui um primeiro olhar para o basquetebol feminino italiano que respira uma nova vida com elevadas ambições europeias para esta e as próximas temporadas.

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José AndradeAbril 11, 202211min0

Neste novo texto vamos falar da EuroCup feminina, uma competição onde tivemos a presença de uma equipa portiguesa, onde existiram muitas surpresas e por isso vamos aqui falar um pouco da caminhada até à coroação das francesas.

Ronda de qualificação – Sportiva muito perto do sonho

Na fase de qualificação, as portuguesas do União Sportiva enfrentaram as islandesas do Haukar. Na primeira mão, as açorianas deixaram tudo em aberto para o jogo em casa, perderam por 81-76, mas o jogo dos Açores acabou por ser mais complicado do que o esperado. A turma de Ricardo Botelho esteve na frente, conseguiram impor-se, mas a lesão de Raquel Laneiro e os erros de início de temporada acabaram por custar a eliminação das portuguesas que caíram de pé e a jogar muito bem. Nesta fase, equipas favoritas como o, Flammes, Tarbes, PEAC ou London confirmaram esse favoritismo e chegaram à fase de grupos, destaque nas equipas que entraram na EuroCup nesta fase de qualificação para o Ensino Lugo da portuguesa Sofia da Silva que eliminou as italianas do Campobasso depois de um jogo complicado em Itália, as espanholas venceram com uma excelente exibição da nossa Sofia da Silva o segundo jogo e conseguiram entrar na fase de grupos da EuroCup.

Fase de grupos – Presença portuguesa de luxo

Na fase de grupos onde as favoritas à conquista final se evidenciaram, tivemos a presença de duas equipas onde duas estrelas portuguesas brilham, o Ensino Lugo de Sofia da Silva que acabou por cair nesta fase de grupos ficando no terceiro lugar do grupo I e as belgas do Namur onde Inês Viana é uma das estrelas acabou por ficar no último lugar desse mesmo grupo, mas a portuguesa acabou por não ser utilizada pois ainda estava em fase de recuperação depois da longa lesão. Bourges sem derrotas nesta fase de grupos, as francesas já deixavam à vista a sua superioridade, além delas apenas o Valência e as turcas do Mersin triunfaram nos 6 jogos da fase de grupos.

As equipas que mais de destacaram foram, o Bourges, o Prometey e o ASVEL, as ucranianas do Prometey venceram o grupo B e foram a equipa com mais pontos por jogo, Bourges a equipa que marcou mais pontos, as russas do BC Nadezhda foram a melhor equipa em relação aos lançamentos de 2 pontos, elas que venceram o Grupo E, já as gregas do Olympiacos foram a melhor equipa na linha de três pontos ficando atrás do Nedezhda no Grupo E. Bourges e ASVEL foram as equipas que dominaram na luta das tabelas. Nos jogos, destaque para os duelos entre o Bourges e o Sassari, foram os jogos onde as francesas mais dominaram e proporcionaram os maiores espetáculos da fase de grupos, triunfando por 122-61 e 118-67 em cada um dos duelos. Nos melhores jogos desta fase de grupos destaque para o duelo entre o BC Polkowice e o WBC Enisey e o BC Nadezhda e o Estrela Vermelha dois grandes jogos entre as primeiras e as segundas classificadas do Grupo A e o duelo entre as primeiras e as terceiras do Grupo E.

Playoffs – Alta intensidade e muita qualidade

Já sem representação portuguesa, o Bourges reforçou o favoritismo ao eliminar o London Lion, tendo sofrido no jogo da primeira mão, Valência deixou o Estrela Vermelha para trás sem grandes dificuldades e o ASVEL “atropelou” o Hatay carimbando a passagem aos dezasseis avos de final de forma tranquila. Nesta fase além do favoritismo de algumas equipas confirmados, tivemos vários jogos que se destacaram, caso do duelo entre as russas do Nika Syktyvkar e as francesas do Roche Vendee, principalmente a segunda mão onde as francesas conseguiram equilibrar e criar mais problemas perdendo por 108-98, mas foi sem dúvida um dos melhores jogos desta fase. Ainda nestes playoffs destaque para o duelo entre as israelitas do Ramla e as belgas do Castors Braine, dois grandes jogos que nos proporcionaram dois dos melhores jogos desta fase com as belgas a passarem graças a duas excelentes exibições de Maxuella Lisowa-Mbaka.

Dezasseis avos de final – Tudo cada vez mais ao rubro

Nesta fase o Bourges passou pelas checas do Zabiny Brno de uma forma tranquila, o Valência teve de suar e sentiu dificuldades frente às turcas do Ormanspor, Olympiacos passou com classe as turcas do Nesibe e nos duelos em destaque tivemos o, BC Nadezhda vs as polacas do BC Polkowice, na segunda mão as russas superiorizaram-se, mas o primeiro jogo foi o mais equilibrado e o mais disputado desta fase da competição. Mersin e Villaneuve foram mais duas das equipas principais que conseguiram passar rodando as respetivas e gerindo muito bem, confirmando a superioridade e não dando espaço para que Lublin e Flammes respetivamente conseguissem sonhar com algo mais destas eliminatórias.

Oitavos de final – Espetacularidade e excelência

A fase decisiva estava já a ser jogada, ninguém queria ir embora da competição e por isso mesmo as lutas entre as 8 melhores equipas desta edição foram incríveis proporcionando grandes jogos. As turcas do Mersin venceram o Prometey por 86-67 e 95-66 e foram das favoritas a que não deixaram margem para dúvidas com a Temi Fagbenle a ser a maior figura destes dois jogos, “carregando” e liderando as turcas. Valência foi das favoritas a equipa que teve de suar mais para ultrapassar as polacas do BC Polkowice, mas a magia de Cristina Ouvina fez toda a diferença. Bourges deixou as gregas do Olimpiacos para trás e ASVEL eliminou o Lublin, ambas as eliminatórias decididas nos jogos da segunda mão.

Quartos de final – A animação em crescendo

Nesta fase, a juntar às quatro equipas que havia garantido a sua presença na eliminatória anterior, tivemos a vinda de duas equipas da Euroleague, no caso o Galatasaray , Landes, Atomeromu e Venezia, as quintas e sextas classificadas de cada um dos grupos da principal competição europeia, aqui marcada pelas sanções russas e por isso mesmo o Venezia que havia sido apenas sexto e as húngaras do Atomeromu que tinham ficado em último lugar no Grupo A, já as francesas do Landes haviam sido sextas e as turcas do Galatasaray apenas sétimas no Grupo B, também aqui as sanções impostas às equipas russas alteraram as equipas qualificadas. O Bourges depois de suar na primeira mão deixou as francesas do Landes para trás, o Galatasaray passou sem problemas pelo Atomeromu, Mersin “arrasou” o ASVEL num dos melhores duelos desta edição e com as turcas a causaram uma das surpresas desta temporada. Ainda o Venezia que suou, mas que eliminou o Valência.

Meias-finais – Favoritismos confirmados

Nos primeiros jogos destes 3 dias de excelente basquetebol, o Bourges confirmou o favoritismo e deixou para trás o Galatasaray com um triunfo por 69-67 num dos melhores jogos desta temporada e com Alix Duchet a ser a grande estrela mesmo perante mais uma exibição fantástica de Kelsey Plum que conseguiu 21 pontos para as turcas. No outro jogo, o super Venezia triunfou frente ao Mersin e garantiu o último bilhete para a final num duelo onde Yvonne Anderson e Kayla Thornton abriram o livro e deram um show de basquetebol.

Finais – Bourges as novas donas da EuroCup

Antes da final, o Galatasaray venceu o Mersin num duelo de turcas e garantiu assim o último lugar no pódio desta edição, num jogo onde a base da equipa derrotada, Dewanna Bonner foi a maior figura com 22 pontos. Na grande final e para surpresa de todos, o Bourges venceu de forma muito confortável as grandes favoritas do Venezia por 74-38 num grandíssimo jogo das francesas que assim causaram uma das maiores surpresas da temporada no basquetebol europeu e conseguiram assim o seu segundo troféu da EuroCup. O Venezia apenas conseguiu acertar 12 dos seus 55 lançamentos e a principal nota foram os 18 turnovers, algo anormal para o conjunto italiano que perdeu a terceira final desta competição, depois de em 2018 terem sido derrotadas pelo Galatasaray e em 2021 pelo Valência, a superequipa continua sem conseguir levantar a taça. A jogar em casa, as francesas dominaram do princípio ao fim, não existiu contestação a este triunfo que foi de muita classe e que coroou uma caminhada imaculada do Bourges com Iliana Rupert a ser a MVP da final.

Algumas das estrelas da competição

Brianna Fraser – ACS Sepsi-SIC

Das Romenas do Sepsi chega a extrema Brianna Fraser, a equipa acabou por cair nos playoffs depois do segundo lugar no Grupo B, mas Brianna foi o maior destaque da fase de grupos e acabou mesmo por terminar como a líder de pontos por jogo, mas nesta temporada na EuroCup, Brianna Fraser conseguiu, 27.5 pontos, 9.3 ressaltos, 1.4 assistências, 0.9 desarmes de lançamento e 0.8 roubos de bola de média por jogo, foi sem dúvida um dos destaques das competições europeias nesta temporada.

Maggie Lucas – Dínamo Sassari

Agora vamos até Itália para falar de uma das melhores jogadoras da EuroCup, da liga italiana e das Ligas europeias, falamos de uma base norte-americana que se destacou mesmo com as italianas a terminar a sua participação na EuroCup no último lugar do Grupo G com apenas um triunfo nesta fase, mesmo assim Maggie Lucas foi uma das estrelas desta competição com médias de 27.1 pontos, 4.9 ressaltos, 3.1 assistências e 3.1 roubos de bola por jogo.

Emma Cannon – Elitzur Ramla

De Israel chega a extrema Emma Cannon, uma jogadora que é sempre um dos destaques na Europa e nesta temporada não tem sido exceção nesta sua segunda aventura por Israel. O Ramla acabou por ficar no segundo lugar do Grupo D caindo na fase seguinte, nos playoffs frente às Castors Braine. A verdade é que entrou com tudo na competição com o primeiro jogo a ser logo de alto nível, mas a verdade é que foi a maior figura do Ramla e terminou a sua temporada na EuroCup com 26.9 pontos, 9.9 ressaltos, 1.6 assistências, 0.4 desarmes de lançamento e 1.1 roubos de bola de média por jogo na segunda maior competição de clubes da Europa.

Teaira Mccowan – Ormanspor

Na penúltima escolha para melhores craques desta EuroCup, vamos até à Turquia para falar da poste do Ormanspor, Teaira Mccowan. Falamos da líder de ressaltos por jogo nesta EuroCup, ela que é uma das melhores jogadoras na temporada na Turquia, sendo que começou com tudo nesta que foi a sua primeira temporada a competir na Europa. Falando de números na EuroCup nesta temporada, 21.9 pontos, 14.9 ressaltos, 1.0 assistências, 1.1 desarmes de lançamento e 0.6 roubos de bola de média por jogo.

Olga Dubrovina – SC Prometey

Vamos à nossa quinta e última escolhida para destaques desta EuroCup, falamos de uma base ucraniana que estava no Prometey até ao conflito que está a ser vivido na Ucrânia, Olga Dubrovina mudou-se para o Antalya, mas falando da sua época na EuroCup, a base ucraniana foi uma das figuras da temporada. Líder no que diz respeito às assistências num Promotey que venceu o Grupo B e que só caiu nos oitavos de final. Olga Dubrovina é um nome consagrado do basquetebol europeu e voltou a ter mais uma excelente temporada registando 9.5 pontos, 3.5 ressaltos, 7.2 assistências e 1.0 roubos de bola de média por jogo nesta temporada na EuroCup.

Hoje abordámos a EuroCup que terminou com o triunfo do Bourges, uma temporada com muitas condicionantes, mas o que fica foi a temporada incrível e os grandes jogos que pudemos assistir nesta EuroCup.


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