Arquivo de Noah Lolesio - Fair Play

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Francisco IsaacMarço 13, 20216min0

Emoção até ao último minuto, já que tanto o Force-Rebels ou Brumbies-Reds podiam ter sofrido reviravoltas nos últimos minutos dos seus jogos, apimentando assim mais um fim-de-semana do Super Rugby AU que agora explicamos como se passou nos três pontos fortes do costume da 4ª jornada da competição.

O DESTAQUE: A FINAL ANTECIPADA QUE FOI TUDO O QUE PROMETEU

40-38, 78 pontos no total, foi o pecúlio do encontro entre os Brumbies e Reds, as duas melhores equipas do Super Rugby AU, confirmando aquilo que se esperava deste jogo não decisivo, mas importante para aferir quem estaria em melhor forma ou com capacidade para se assumir como o candidato principal ao título nesta temporada.

No fim dos 80 minutos, os Reds saíram com a vitória e o 1º lugar debaixo do braço, verdade, só que não foi ou é possível dizer quem é o principal favorito, já que o encontro terminou com uma diferença de 2 pontos no marcador, com o ensaio da vitória da franquia de Queensland a surgir à passagem dos 78 minutos, num dos momentos mais espectaculares da história do Super Rugby, seja geral ou AU: pontapé rasteiro já encima da defesa do centro, Hunter Paisami, com Jordan Petaia a vir no encalce da oval e a conseguir num movimento aéreo capturar a bola e a colocá-la no chão, num movimento que parecia impossível de ser concretizado.

O pontapé de James O’Connor pôs um ponto final na mudança no marcador até ao apito final, e os Reds somaram uma vitória que parecia extremamente improvável quando aos 47 minutos perdiam por 16 a 31, encontrando o engenho necessário para reverter o domínio do pack de avançados dos Brumbies nas fases-estáticas ou nos piques e mauls, quando começaram a acelerar a bola, fazendo uso da perseguição aos pontapés e a sua recuperação, sem esquecer a capacidade para “pescar” a oval no turnover, onde, como sempre, Fraser McReight e Angus Scott-Young foram exímios.

Foi o embate que se esperava nos termos da emoção imposta, do disputar do jogo até ao último suspiro, de dar o máximo possível na componente física, com momentos de rasgo extraordinários, mas sem existir um risco excessivo no ataque ou nas opções através do jogo ao pé. Dois potenciais campeões, duas franquias que têm imposto domínio e genialidade na sua estratégia a defender ou atacar… quem vai ganhar no final?

O “DIAMANTE”: MARIKA KOROIBETE (REBELS)

Para melhor explicar o porquê de Koroibete ter sido seleccionado para o Fair Play como o “diamante” desta 4ª jornada do Super Rugby AU apresentamos os números do ponta: 150 metros galgados com a oval, onde foi capaz de criar 5 quebras-de-linha, ludibriar mais de 6 de defesas, 8 tackle-busts, 1 assistência e 4 placagens, uma das quais salvou um ensaio da Western Force. É um atleta extraordinário quer na vertente física ou técnica, possuindo uma panóplia de “truques mágicos” que abrem autênticas clareiras na defesa adversária, como se impõe na placagem ou controle do corredor, sendo um dos melhores jogadores na sua posição neste momento quer seja a nível do rugby australiano, do Hemisfério Sul ou do Mundo.

Não marcou ensaios na visita dos Melbourne Rebels à casa da Western Force, o que podia arguir contra o seu peso real como finalizador ou marcador de pontos, mas a influência que tem na forma como os Rebels se movimentam as operações ofensivas, é soberba e extraordinária, conferindo um contraste carregado e dominado por um cromatismo espectacular, intenso e animado, como se viu pelo show em Perth. A mestria dos offloads, o poder de aceleração e a capacidade para fazer a diferença no espaço de um segundo foram essenciais para que os comandados de David Wessels conseguissem avançar no terreno de jogo.

O “DIABRETE”: UMA PENALIDADE PODE VALER UMA DERROTA…

Uma penalidade acabou por significar uma oportunidade de ensaio, que terminou em 7 pontos e numa reviravolta a favor dos Reds, com os Brumbies a terem dado uma ajuda aos seus rivais neste caminho para a vitória. Se o toque genial de Petaia é indefensável (sorte ou não), pedia-se mais zelo por parte da equipa da casa, isto numa altura em que a oposição estava à procura de soluções para fazer a cambalhota no resultado, o que acabou por acontecer por facilitismo de quem estava na frente do marcador.

A franquia de Canberra realizou uma exibição até compacta, trabalhando bem no pack de avançados, somando um avanço progressivo através de pontapés e indo até à linha de ensaio por 5 ocasiões, mais uma que os seus adversários, não sendo suficiente para manter a invencibilidade em casa, que terminou ao fim de 10 encontros consecutivos, e isto deveu-se à acumulação de penalidades nos últimos 15 minutos, com um total de 6 (12 foi o número final de faltas cometidas pelos campeões em título do Super Rugby AU), abrindo assim o caminho para uma reviravolta emocionante para os Reds mas trágica para os Brumbies.

Se contra os Rebels na semana passada tinha ficado o aviso de que era necessário dar mais, especialmente nos últimos 20 minutos, altura em que os Brumbies têm recuado em demasia no território, cedido excessivas penalidades e dando constantes réstias de esperança a quem está do outro lado, uma combinação nada positiva para quem quer renovar o título e manter o rugby australiano sob seu controle.

OS STATS DA JORNADA

Melhor marcador de pontos (jogador): James O’Connor (Reds) – 20 pontos
Melhor marcador de pontos (equipa): Reds – 40 pontos
Melhor marcador de ensaios (jogador): Pete Samu e Folau Fainga’a (Brumbies) – 2
Melhor placador: Fergus Lee-Warner (Force) – 17 (mais 1 falhada)
Maior diferencial no ataque (jogador): Marika Koroibete (Rebels) – 150 metros conquistados, 5 quebras-de-linha e 6 defesas batidos
Mais metros conquistados (equipa): Melbourne Rebels – 501


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