The Rugby Championship 2021: calendário e destaques

Francisco IsaacAgosto 11, 20217min0

The Rugby Championship 2021: calendário e destaques

Francisco IsaacAgosto 11, 20217min0
Vai começar a maior competição de selecções do Hemisfério Sul, o The Rugby Championship. Fica a saber as datas e o favorito ao título

Bem-vindos ao The Rugby Championship 2021 que vai enfrentar um calendário complicado, muito devido ao impacto do SARS-CoV 2, implicando jogar quase tudo no mesmo espaço territorial. Mas como vai realmente funcionar? O que está em jogo? E que detalhes devemos seguir com atenção? Comecemos pela calendarização desta competição de seleções do Hemisfério Sul.

Argentina e África do Sul vão realizar os seus dois jogos nos dias 14 e 21 de Agosto, viajando depois em direção à bolha sanitária de Tasman, de modo a poderem se juntar aos seus adversários neozelandeses e australianos. Já estes têm uma Bledisloe Cup 2021 mais extensa, com 3 jogos, tendo os All Blacks derrotado os Wallabies no 1º encontro, que foi caótico, intenso e que abriu a fome para este calendário internacional das antípodas.

Nos últimos cinco anos, All Blacks levaram o título de campeão do The Rugby Championship para casa por 4 ocasiões, com a África do Sul a ter levantado a taça em 2019, deixando assim Austrália e Argentina para um patamar secundário em termos de número de vitórias e sucesso.

PERSPECTIVAS

All Blacks e Springboks são claramente os favoritos, e, quando se encontrarem pela primeira vez, ao fim de quase dois anosa 25 de Setembro, farão o seu 100° jogo, um marco histórico na principal rivalidade pelo poder no rugby mundial, com os dois embates deste ano a receberem um acréscimo de atenção, isto porque será a primeira vez que veremos os campeões mundiais a degladiarem-se frente a quem será a sua principal oposição para o bicampeonato em 2023.

Wallabies de Dave Rennie correm por fora, e caso consigam fazer o “milagre” de derrotar a Nova Zelândia na Bledisloe (só os dois últimos jogos de 3 contam para a tabela do TRC 2021) podem até sonhar com um título que lhes escapa desde 2015, mas que na realidade é desde 2001, pois em anos de Campeonato do Mundo o calendário desta competição é sempre reduzido a uma volta. Já os Pumas, que vêm de uma vitória moralizadora frente ao País de Gales (os galeses jogaram com um misto de suplentes, reservas e estreias) têm direito a uma hipótese de chegar longe, mas, e ao contrário do que se passou na temporada passada, o espaço para surpreender será menor, e isto advém de terem recuperado respeito por parte dos seus rivais.

O Choque que queremos todos ver

Jacques Nienaber e Rassie Erasmus versus Ian Foster, dois treinadores que já se tornaram lendas na África do Sul e a nível mundial versus um seleccionador que não consegue convencer os seus pares das suas capacidades técnicas e de gestão de homens. Este duelo de mentes será extremamente interessante por umas quantas razões, e escolhemos as três principais:

– o apetrecho táctico e físico edificado por Rassie Erasmus pode finalmente derrubar consistentemente a maior mobilidade e destreza de movimentos do rugby total dos All Blacks? Lembrar que o director de rugby dos Springboks só ganhou por uma ocasião (2018), consentido duas derrotas e um empate, e é manifestamente o maior desafio para os campeões do Mundo. A derrota sofrida no primeiro jogo da fase-de-grupos no Mundial de 2019 serviu de aprendizagem, percebendo a equipa técnica sul-africana onde estavam as falhas a limar e aperfeiçoar. Passados quase dois anos e umas series ganhas aos Lions, o sistema de jogo dos Springboks sofreu nova evolução, obteve uma maior dinâmica no contra-ataque e na reação ao jogo ao pé alto, o que exige nova testagem ante os All Blacks.

– Ian Foster confidenciou à imprensa que achou toda a Series de Springboks e Lions aborrecida e cinzenta, soltando umas críticas aos seus adversários num tom de superioridade, tudo isto na tentativa de desviar as atenções dos erros ao quadrado revelados no 1° jogo da Bledisloe. Erasmus, pelo seu turno, ainda não fez qualquer comentário depreciativo ou jocoso na direção dos All Blacks, mas não deverá estar para tarde. Será, portanto, o primeiro choque de diálogos e ideias públicas entre um homem que guiou uma seleção aparentemente “morta” ao título mundial, e um pensador que ainda não foi capaz de provar que tem capacidade para conduzir o “rolls royce” neozelandês, começando aqui a campanha para o próximo mundial;

– A questão mental nos jogadores é, também, um ponto quente, já que os jogadores da Nova Zelândia estão sob máximo escrutínio em relação ao conseguirem responder com força à pressão e aos períodos de maior sofrimento ou volte-face, enquanto Springboks têm a oportunidade de ouro para efectivamente se afirmarem como a força dominante e 100% vencedora, algo que têm vindo a provar desde daquela vitória em Wellington em 2018. Samuel Whitelock, Aaron Smith, Beauden Barrett, Dane Coles, Ardie Savea e Broadie Retallick têm o que é preciso para catapultar os seus colegas de seleção para outro patamar no que toca à sagacidade e resiliência emocional e física? Ou a plenitude de espírito de Siya Kolisi, Lukhanyo Am, Eben Etzebeth, Damian de Allende, Faf de Klerk e Willie Le Roux é inabalável ao ponto que nem os melhores All Blacks conseguirão os vergar?
Veremos quem sai vivo deste duplo embate, mas há que lembrar que os Springboks não se importam em perder, pois derrotas antes dos jogos importantes são plataformas para atingir um sucesso ainda maior.

4 jogadores para seguir

Invés de fugirmos aos suspeitos do costume, vamos mesmo nomear 4 nomes de classe mundial como os jogadores a seguir:

Eben Etzebeth é um segunda-linha que gosta de desafios e, jogar contra Broadie Retallick e Samuel Whitelock, é o melhor desafio que há neste momento. Um dos principais líderes dos Springboks, Etzebeth é dos atletas fisicamente mais aperfeiçoados que há, mantendo um nível de condição física constante e desconcertante, sempre pronto para mais um ruck, placagem, maul ou formação-ordenada. Passará pelas suas mãos o caminho para o sucesso dos boks nos avançados;

Damian McKenzie tem a oportunidade de ouro para se afirmar de uma vez por todas como o defesa dominante dos All Blacks, precisando só de provar que não é um problema na defesa ou na reciclagem de bola após recepção de pontapé. Grande parte da estrutura ofensiva da Nova Zelândia vai passar pelas mãos e olhos do defesa, que terá de ser uma certeza absoluta em cada nova situação de ataque, em cada saída dos 22 metros ou em cada ocasião que ficar em desvantagem numérica na defesa;

Michael Hooper já é uma lenda viva dos Wallabies, faltando só ter a arte que David Pocock, Will Genia ou Matt Giteau detinham no elevar da moral e confiança da sua equipa, um dos crassos problemas actuais dos homens de Dave Rennie. Voltou em força nos três jogos frente aos Les Bleus, com aquele ritmo defensivo constante e devorador que entusiasma qualquer um a acompanhá-lo, mesmo que seja estar minutos consecutivos a defender;

Nicolás Sanchez, el mago, foi capaz do melhor e pior em 2020, executando uma das melhores exibições do Tri Nations do ano passado (??? Pontos num só jogo contra os All Blacks) e precisa de inflamar ofensivamente uma seleção que vive entre a ordem e o caos, agressividade e passividade, elegância e erro constante.

O The Rugby Championship 2021 começa já neste sábado e até 2 de Outubro teremos uma série de duelos de alto impacto que vão ajudar encontrar respostas para diversas dúvidas.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS