Arquivo de Lendas do Ténis - Página 2 de 2 - Fair Play

joh-budge.jpg
André Dias PereiraJunho 3, 20183min0

Alto e magro, primeiro foram os seus cabelos ruivos a chamar a atenção. Até John Donald Budge começar a jogar. Depois, foram os seus feitos a torná-lo mundialmente famoso. O ténis eterniza-o simplesmente como John Budge.

Número um mundial, por cinco anos, como amador e profissional, Budge tornou-se no primeiro tenista a cumprir o Rally Grand Slam em um ano desportivo. Em 1938, o norte-americano gravou o seu nome na história vencendo o Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open.

Nascido em Oackland, Califórnia, é ainda hoje o único tenista norte-americano a ter conseguido esse feito. Antes dele só Fred Perry consuira vencer os quatro Grand Slam, contudo, Budge é o mais novo a atingi-lo (23 anos).

Vencedor de seis Grand Slam, Don Budge venceu ainda mais três em duplas (Wimbledon, Australian Open e US Open) e outros dois em pares mistos (Wimbledon e US Open).

Filho de emigrantes escoceses, cedo tomou contato com o desporto. Afinal, o seu pai, “Jack” Budge, foi ex-jogador do Rangers. Porém, John, experimentou vários desportos até se fixar no ténis.

A sua estatura, alto e magro, ajudou-o a dominar o circuito com um dos mais poderosos serviços da história. Budge era também conhecido pelo seu backhand, sendo um dos pioneiros nesse estilo de jogo.

Bugde e a hegemonia de 1938

Don Budge foi o primeiro a completar o Carreer Grand Slam em um ano. Foto: puntodebreak

Apesar de ter vencido em todos os pisos, Don começou por sentir mais dificuldades na relva. Contudo, com trabalho de treinador e esforço em 1937 e 1938 venceu em Wimbledon em singulares, pares e pares mistos. Budge tornou-se no primeiro tenista a vencer a triplice coroa em Grand Slam.

Ainda no seu período de amadorismo, um jogo para a Taça Davis, contra o alemão Gottfried von Cramm tornou-se lendário. Budge recuperou no set final de 1-4 para 8-6 embalando os EUA para uma vitória que fugia há 12 anos. O feito levou-o a ganhar vários prémios nos EUA, entre eles da Associação de Imprensa para atleta do ano.

Se em 1937 venceu Wimbledon e o US Open, o ano seguinte foi o mais dominador. Fez o rally Grand Slam em singulares, vencendo ainda o Australian Open, Wimbledon e US Open (pares) e Wimbledon e US Open (pares mistos). Em pares mistos, bem como no torneio de Wimbledon de pares, fez a dobradinha (1937 e 1938).

Budge tornou-se profissional em 1939 e começou a quebrar a hegemonia de Wllsworth Vines e Fred Parry. A sua estreia no profissionalismo foi, aliás, contra Vines no Madison Square Garden. Enquanto profissional venceu o US Pro (1940 e 1942), Wimbledon Pro (1939) e French Pro (1939).

No livro, “Wimbledon, a final que nunca aconteceu”, de Sidney Wood, Don Budge é citado como o maior de todos os tempos. Aos olhos de hoje parece uma afirmação ousada, contudo, é indiscutível que o norte-americano está entre os maiores do seu tempo e dos que mais influenciou o ténis.

A morte aos 84 anos

Em 1942 Bugde foi representar os EUA na segunda Guerra Mundial. No ano seguinte teve uma lesão no ombro que condicionou a sua carreira até final. Contudo, para além de sua habilidade dentro do court foi ainda conhecido pelo carisma, popularidade e inteligência.

Já depois de se retirar Budge conduziu treinamento para crianças e em 1964 entrou para o quadro do International Hall of Fame. Em 1999 sofreu um acidente do qual nunca recuperou, morrendo em 2000. Tinha 84 anos.

 

Don Budge vs Aka Riggs (1942)

rod-laver.jpg
André Dias PereiraMaio 12, 20183min0

Antes de Federer e Nadal, Sampras e Agassi, McEnroe e Borg, antes da Era Open havia o então. E no nascimento da Era Moderna ninguém foi maior que Rod Laver. O tenista australiano, nascido a 9 de Agosto de 1938, em Rockhampton, é uma lenda viva do ténis. A revista Ténis, em 2014, considerou-o um dos 10 tenistas que mais transformaram a forma como o ténis é jogado.

Com 11 Grand Slam conquistados, Laver foi durante anos o maior campeão da modalidade, sendo ainda hoje o único a conquistar os quatro Grand Slam na mesma temporada em duas ocasiões. Primeiro, em 1962, como amador, e depois como profissional, em 1969.

Conhecido como all court player, Rod Laver tinha uma esquerda notável e era conhecido por não ter falhas técnicas. O jornalista Rex Bellamy escreveu que a sua força no pulso e velocidade o liderou a vitórias sobre os maiores rivais.

Ao todo, a sua carreira durou 24 anos. Depois de deixar a escola, foi campeão, em 1957, dos torneios junior do Australian Open e US Open. Dois anos depois, deu-se a conhecer ao mundo ao chegar às três finais de Wimbledon. Venceu em pares mistos, com Darlene Hard.

O seu primeiro Grand Slam foi em Australia, em 1960, vencendo Neale Fraser, em cinco sets, recuperando de dois sets e salvando um set-point. No ano seguinte, levou para casa o primeiro torneio de Wimbledon em singulares. Em 1962, tornou-se no primeiro tenista, desde Don Budge, a vencer os quatro Grand Slam no mesmo ano. Entre os 18 títulos conquistados nesse ano, conseguiu a triplice coroa na terra batida: Roma, Madrid e Hamburgo. Antes, só Lew Hoad, em 1956, havia conseguido esse feito.

O profissionalismo e a Era Open

Com 11 títulos de Grand Slam, Rod Laver dá o nome ao court central do complexo do Australian Open. Foto: Vavel.

Em 1962 Rod Laver torna-se profissional, depois de vencer a Taça Davis. O arranque não foi fácil, com um período de adaptação, mas rapidamente se encontrou no patamar de grandes estrelas da época como Ken Rosewall ou Lew Hoad. Esse foi um período polémico na história do ténis. Os tenistas profissionais foram impedidos de jogar Grand Slam, reservados a amadores. Há quem diga, ainda hoje, que Federer só detém o record de 20 Major porque Laver esteve impedido de jogar os mesmos entre 1963 e 1967. 

Tudo mudou em 1968, quando se deu início à Era Open. Rod Laver tornou-se no primeiro vencedor de Wimbledon na nova Era, vencendo o campeão amador, Arthur Ashe. Em 1969 voltou a repetir o rally Grand Slam, mas agora na Era Open. Nesse ano arrecadou nada menos que 18 títulos em 32 torneios. Foram 106 vitórias e 16 derrotas. O triunfo no All England Club (quarto consecutivo) estabeleceria ainda o record de 32 vitórias seguidas, entre 1961 e 1970. A marca seria superada em 1980, por Bjorn Borg.

Ao todo, Rod Laver conquistou 11 Grand Slam: Australian Open (1960, 1962 e 1969), Roland Garros (1962 e 1969), Wimbledon (1961, 1962, 1968 e 1969) e US Open (1962 e 1969). Conquistou ainda 74 torneios em singulares e mais 37 em duplas.

Ficaram ainda famosas as suas rivalidades com Roy Emerson, Ken Rosewall, Andrés Gimeno ou Pancho Gonzales.

Ao longo dos anos, Rod Laver tem recebido várias condecorações. É membro da Ordem do Império Britânico, recebeu a medalha de Desporto Australiano e integra a Ordem Australiana. O court central do Australian Open tem o seu nome.

Rod Laver vs Ken Rosewall


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS