Arquivo de Carlos Alcaraz - Página 3 de 3 - Fair Play

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André Dias PereiraMaio 11, 20223min0

Começa a ser difícil encontrar sinónimos para o que tem sido a ascensão de Carlos Alcaraz. Ele deixou de ser o jogador do futuro para passar a ser o jogador do momento. Por outras palavras, já não é uma promessa, é uma certeza.

O espanhol tornou-se, no domingo, o mais jovem de sempre a ganhar o Masters de Madrid. E fê-lo em grande estilo, diga-se. Alcaraz venceu na final o Alexander Zverev por 6-3 e 6-1, naquele que foi o corolário de uma semana perfeita.

O triunfo sobre o alemão, de forma tão autoritária, já seria um feito digno de registo. Mas o que o espanhol fez ao longo da semana foi muito além disso e merece várias leituras.

A começar pelo óbvio: Alcaraz é, eventualmente, o melhor jogador da atualidade. Ou, pelo menos, quem está em melhor momento de forma. Este foi o segundo triunfo consecutivo do espanhol no seu país – em Abril ganhou o ATP Barcelona – e o seu quarto título do ano. Recorde-se que para além de Madrid e Barcelona, venceu no Rio de Janeiro e em Miami. Um registo que o fez ascender à sexta posição da hierarquia mundial. Considerando que há um ano não estava sequer no top-100 e que só este mês completou 19 anos de idade não deixa de ser impressionante o que tem vindo a fazer.

Mas não sendo pouco, o espanhol conseguiu ainda o feito de se tornar o primeiro jogador a derrotar, numa semana, em terra batida, e de virada, ninguém menos que Rafael Nadal (6-2, 1-6, 6-3) e Novak Djokovic (6-7, 7-5, 7-6). Aconteceu nos quartos de final e meias-finais. Esperava-se, por isso, que Alcaraz pudesse chegar fisicamente e emocionalmente desgastado à final. Nada mais errado. No vigor dos seus 19 anos e altamente motivado, despachou o número 2 do mundo de forma arrasadora. “Tu és o melhor do mundo”, reconheceu Zverev, claramente rendido ao espanhol. Também Nadal não poupou elogios ao compatriota mostrando-se feliz por Espanha ter produzido outro jogador de topo.

Roland Garros a ferver

Com Roland Garros à porta – arranca dia 22 de maio –  o ATP Madrid serve como um apalpar de pulso ao que podemos esperar de Paris. E a verdade, porém, é poderemos esperar tudo de bom. Sim, Rafael Nadal continua a ser o grande favorito, mesmo aos 35 anos. É o campeão do Australian Open e mostrou alto nível em Madrid. Tal como Novak Djokovic. Pese embora todas as contrariedades e polémicas que o têm acompanhado. É o campeão em título, quer igualar o espanhol com 21 Majors, e tem sido o único a contrariar o favoritismo de Nadal.

Só que, agora, há um novo rosto na área. Carlos Alcaraz mostrou em Madrid que está pronto para o nível seguinte e pode jogar de igual para igual com Nadal e Djokovic. E levar a melhor sobre eles fisicamente. Mas, já sabemos, um Grand Slam é um torneio e realidade à parte. Será, pois, interessante saber como Alcaraz vai encarar Roland Garros, agora com a pressão acrescida da expectativa.

E há ainda, não podemos esquecer, Zverev e Tsitsipas, ambos muito fortes na terra batida. O alemão chegou à final de Madrid e o grego às semifinais (perdeu para Zverev – 6-4, 3-6, 6-2), mostrando que estão não apenas preparados, como em bom momento de forma.

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André Dias PereiraAbril 27, 20222min0

Carlos Alcaraz é um dos grandes nomes do ténis em 2022. O prodígio espanhol, de apenas 18 anos, tem sido um meteoro no circuito ATP com impacto profundo. Em Fevereiro, tornou-se o mais jovem de sempre a ganhar um torneio Masters 100. Aconteceu no Rio de Janeiro. E agora voltou a repetir a proeza, mas em Barcelona.

Alcaraz não deu chances, na final, ao compatriota Pablo Carreño Busta, e venceu por 6-3 e 6-2. Foi o seu terceiro título de 2022 (Miami, Rio Janeiro e Barcelona)  e o quarto na carreira (Umag, em 2021). Um registro que o coloca no top-10 mundial, na nona posição. São já 23 vitórias em 26 jogos, em 2022. Para além de uma meia-final em Indian Wells.

E não se pense que este é um ano atípico do espanhol. Sim, 2022 tem sido o seu ano mais vitorioso, mas a verdade é que desde 2021 que vem dando excelentes indicadores. Para se ter ideia, há um ano estava fora do top-100 mundial. De então para cá, tem feito história. E promete não ficar por aqui. Alcaraz será por certo um nome a seguir com muita atenção em Roland Garros, onde a escola espanhola é tipicamente forte.

Mas voltemos a Barcelona. O torneio contou com nomes importantes como Sttefanos Tsitsipas, Casper Ruud, Diego Swarchzman, Grigor Dimitrov ou Felix Auger-Aliassime. Alcaraz deixou para trás Soonwoo Kon (6-1, 2-6 e 6-2), Jaume Muner (6-3, 6-3), Stefanos Tsitsipas (6-4, 5-7, 6-2) e Alex de Minaur (7-6, 6-7 e 6-4).

Do lado de Carreño Busta, foram eliminados: Zapata Mirlles (6-3, 6-3), Lorenzo Sonego (6-2, 5-7, 6-2), Casper Ruud (4-6, 7-6, 6-3) e Diego Schwartzman (6-3, 6-4).

Alcaraz chegou para ficar no top-10

Mas para além dos finalistas há a destacar os semi-finalistas Alex de Minaur e Diego Schwarzaman. Jogadores de gerações diferentes e que aqui e ali podem sempre surpreender. O australiano conquistou 5 títulos nos últimos dois anos mas continua em branco em 2022. Ainda assim, é sempre um jogador que pode causar problemas aos seus adversários. Que o diga o campeão Alcaraz, obrigado a salvar 2 match points numa partida de 3 horas e 40 minutos. Por seu lado, o argentino tem 4 títulos e 10 finais, incluindo o Masters 1000 de Miami.

Ainda é cedo para dizer onde Carlos Alcaraz pode chegar. Mas os números estão a seu favor e são ambiciosos. Com 18 anos de idade parece ser o herdeiro de Rafael Nadal como referência do ténis espanhol. O jogador de Múrcia não esconde que quer ser número 1 do mundo, mas reconhece que o mais importante, neste momento, é manter-se em alto nível.

Para além de ser um dos mais jovens a chegar ao top-10 é também o que atingiu a marca de 50 vitórias em menor número de jogos. Foram apenas 70 partidas. Para se ter uma ideia, Novak Djokovic precisou de 79, Nadal 81 e Federer, 97.

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André Dias PereiraMarço 23, 20223min0

Poucos tenistas têm mais razões para sorrir do que Taylor Fritz. O norte americano conquistou o seu primeiro Masters 1000 e subiu ao top-10 da hierarquia mundial. Aconteceu em Indian Wells, no domingo. Fritz não era o favorito, mas a verdade é que conseguiu impor a primeira derrota do ano a Rafael Nadal (6-3 e 7-5). Foi um triunfo e tanto por vários motivos. Mas vamos por partes.

Este foi o primeiro grande título de um dos mais promissores tenistas norte americano dos últimos anos. Os EUA sempre foram, tradicionalmente, uma das grandes escolas do ténis mundial. Nos anos 90, com Pete Sampras, André Agassi e Michael Chang, lideraram a cena mundial. Mas desde Andy Roddick, o último tenista norte americano a ser número 1, que o país não tem um verdadeiro protagonista na modalidade. Aliás, o último tenista dos EUA a ganhar Indian Wells tinha sido André Agassi, em 2001. Para se ter uma ideia mais concreta, o torneio existe desde 1990 e até 2001 só por quatro vezes o título não ficou em casa. E é por isso que este feito tem um gosto especial para Taylor Fritz.

Há muito que os norte americanos clamam por um novo símbolo. E Fritz, 24 anos, é um dos mais promissores. Mas nenhum ícone sobrevive sem títulos. O seu primeiro troféu no circuito aconteceu no relvado de Eastbourne. Mas era pouco. Até que ponto o título de Indian Wells pode catapultar Fritz só o tempo o dirá. Para já está assegurada pela primeira vez a sua subida ao top-10 mundial.

A caminhada: da estreia em 2015 à vitória em 2022

É preciso recuar até 2015 para recordar a estreia de Taylor Fritz em Indian Wells. Dois anos depois, em 2017, venceu o primeiro jogador do top-10 mundial. Marin Cilic foi a vítima. Em 2018 alcançou pela primeira vez os 16 avos de final. E o ano passado, as meias-finais.

Este ano chegou à glória. Para isso, deixou para trás Kamil Majchzark (duplo 6-1), Jaume Munar (6-4, 2-6, 7-6), Alex de Minaur (3-6, 6-4, 7-6 ), Miomir Kecmanovic (7-6, 3-6, 6-1), Andrey Rublev (7-5 e 6-4) e, finalmente, Rafa Nadal (6-3 e 7-6).

Esta foi também a primeira derrota do ano para o campeão do Australian Open. Rafael Nadal, ainda assim, sobe ao terceiro lugar do ranking ATP, atrás do líder Djokovic e de Medvedev. Frente ao californiano, o espanhol sentiu problemas físicos, chegando a ser atendido várias vezes pela equipa médica. Recorde-se que Nadal teve uma longa paragem por lesão em 2021, regressando no seu melhor em Melbourne. “Dei o meu melhor nas últimas duas semanas, mas desta vez não foi possível vencer”, disse o maiorquino.

Mas Indian Wells fica também marcado por mais um grande torneio de Carlos Alcaraz. O jovem de 18 anos é apontado como o sucessor de Rafa Nadal. E a verdade e que os dois se defrontaram nas meias-finais, com o triunfo a sorrir para o multicampeão (6-4, 4-6, 6-3).

Quem também mostrou estar em um bom momento é Andrey Rublev. O número 7 mundial já ganhou dois torneios em 2022, em Dubai e Marselha, alcançando agora as meias-finais, onde perdeu para o campeão. Para trás, tinha deixado rivais como Dimitrov, Hurkacz e Tiafoe.

Indian Wells acaba por confirmar o bom momento de vários jogadores, mesmo que a glória final pertença apenas a Taylor Fritz. Mas a temporada é longa e muito há ainda por acontecer.

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André Dias PereiraMarço 17, 20223min0

Indian Wells está a decorrer e já existe uma certeza. Novak Djokovic está de volta à liderança mundial. O sérvio volta a ser número 1 do mundo, mesmo sem jogar, depois de ter perdido o posto para Daniil Medvedev, a 28 de fevereiro.

O tenista russo precisava, pelo menos, de chegar aos quartos de final de Indian Wells para segurar a sua liderança. Antes do torneio, Medvedev reconhecera que sentia a pressão de ser número 1 do mundo. E a verdade é que caiu precocemente na segunda ronda perante o experiente Gael Monfils (6-4, 3-6 e 1-6).

Dores de crescimento de um tenista que promete continuar entre os grandes. Medvedev, 26 anos, é o mais sólido jogador do circuito, excluindo o Big-3. E tem vindo, gradualmente, a consolidar a sua posição. Desde 2028 acumulou 18 títulos. O mais relevante é o US Open de 2022. Além disso, foi também finalista vencido do Australian Open nas últimas duas edições. Mesmo sendo-lhe reconhecido uma grande força mental, a verdade é que o russo claudica em momentos decisivos. Foi assim na final de Melbourne contra Nadal, quando vencida por 2 sets, e agora já como número 1 do mundo.

Quem aproveitou foi Novak Djokovic, que nem precisou de jogar. Nolan desistiu de Indian Wells devido às restrições impostas pelos EUA à entrada no país para pessoas não vacinadas. A organização do torneio incluiu o sérvio no sorteio da 1ª eliminatória mas a verdade é que o número 1 do mundo não entrou nos EUA.

Sem Medvedev nem Djokovic, Nadal é agora o grande favorito. O espanhol já deixou para trás Daniel Evans (7-5 e 6-3) e Reilly Opelka (7-6 e 7-6) e segue para os quartos de final.

O furacão Alcaraz e a surpresa Kecmanovic

Com alguns nomes sonantes de fora o foco recai agora sobre as grandes promessas. E entre os jogadores em prova ninguém é mais promissor que Carlos Alcaraz. O espanhol já deixou para trás McKenzie Mcdonal e o compatriota Bautista Agut. Recentement venceu o Rio Open e entra neste toneio com altamente confiante. Veremos até onde poed ir.

Quem já está nos quartos de final é Miomir Kecmanoniv. O sérvio, 61 do ranking, é por agora a grande surpresa. Começou por eliminar Liam Broady, depois Marin Cilic e a seguir Van de Zandschulp. Porém, a vitória mais surpreendente foi nos oitavos de final contra Matteo Berretini (6-3, 6-7 e 6-4).

Também há Nick Kyrgios. O australiano segue para os quartos de final após deixar para trás Jannik Sinner. O italiano desistiu do torneio por motivo de doença. Kirgios é sempre um jogador imprevisível, capaz de ganhar a todos, num bom dia, e perder com qualquer um, num mau dia. A verdade, porém, é que tem vindo a estabilizar no último ano. Indian Wells pode, pois, ser um ponto de viragem.

Rublev é outro nome a ter em conta. Dominik Koepfer, Francis Tiafoe e Hurkacz já ficaram para trás. O número 7 do mundo já ganhou dois torneios em 2022: Marselha e Dubai. Conta o húngaro, Rublev emplacou a sua 12ª vitória consecutiva e vai defrontar o búlgaro Grigor Dimitrov, semi-finalista da edição do ano passado. Tudo está, portanto, em aberto.

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André Dias PereiraFevereiro 22, 20223min0

Carlos Alcaraz tem apenas 18 anos mas já não nenhum estranho no circuito ATP. O espanhol venceu o Rio Open este domingo e tornou-se o mais jovem de sempre a ganhar um torneio ATP 500.  Este é o segundo título da carreira de Alcaraz. O primeiro troféu aconteceu no ATP 250 de Umag, na Turquia, o ano passado, ainda com 16 anos de idade.

Desde vez, o espanhol levou a melhor sobre o Diego Schwartzman, por 6-4 e 6-2. O argentino venceu o torneio em 2018 e era terceiro cabeça de série. Por esse motivo era o favorito ao título. Em caso de vitória seria o primeiro tenista da história do Rio Open a vencer o troféu por duas vezes.

Alcaraz não apenas não deixou como foi muito superior. Ainda assim, o primeiro set foi bem jogado, longo, até o espanhol quebrar o serviço do rival e fechar em 6-4. No segundo set, veio a supremacia do espanhol, que chegou a uma vantagem de 5-1. Em apenas 1h26 minutos, Alcaraz sagrou-se campeão.

Antes da final, havia deixado para trás Jaume Munar, Federico Delbonis, Metteo Berretini e Fabio Fognini.

Com este triunfo, Alcaraz sobe do 29º lugar para o 20º, alcançando pela primeira vez o top-20 mundial. Até aqui, o mais jovem jogador a ganhar um ATP 500 era Jannick Sinner, com 19 anos e 11 meses.

Este é apenas mais um passo na meteórica ascensão de Carlos Alcaraz no circuito. Ele foi também o mais jovem jogador, desde Michael Chang e Pete Sampras, a alcançar os oitavos de final do US Open e o primeiro, desde 1973, a vencer um top-3. Foi ainda o primeiro tenista nascido em 2003 a vencer um jogo Challanger.

Mas o que este título pode representar? Bom, primeiro que Alcaraz parece estar a consolidar-se. Não é expectável que possa intrometer-se em títulos de maior relevância, contudo, em um bom dia pode eliminar qualquer um e começar a avançar para fases mais avançadas de majors.

Irmãos Cerundolo, o futuro da Argentina

Como vem sendo tradição, o Rio Open voltou a ter forte presença espanhola e argentina. Para além dos finalistas há ainda a destacar a prestação de Francisco Cerundolo. O argentino alançou as meias-finais caindo para o compatriota Schwartzman (7-6 e 6-3). Cerundolo é um nome que pode marcar o futuro do ténis albiceleste. Não apenas Francisco, mas também o seu irmão Juan Manuel, de 20 anos. Eles são os primeiros irmãos argentinos a alcançarem o top-100 mundial. Juan Manuel também jogou o Rio Open, mas caiu perante o italiano Fabio Fognini. No mais, o italiano, finalista vencido em 2015, acabou eliminado nas meias finais perante o campeão Alcaraz.

Outro candidato ao título era Matteo Berretini. O italiano ressentiu-se do clima nesta que foi a sua segunda participação no Rio de Janeiro. Ainda assim, é um nome também a ter em conta esta temporada. Número 6 mundial, Berretini tem evoluído muito nos últimos anos, somando já 5 títulos, dois alcançados o ano passado. Mas talvez mais relevante, foi ter jogado, também em 2021, a final de Wimbledon e do Masters de Madrid. Será, por certo, interessante acompanhar o seu desempenho em 2022.

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André Dias PereiraSetembro 14, 20215min0

Novak Djokovic não parece ter dúvidas, Daniil Medvedev “será em breve o próximo número 1 mundial.” As declarações não foram apenas generosas. Pelo que vimos, o russo é o mais sério candidato à sucessão do sérvio.

Flushing Meadows engalanou-se para prestigiar o número 1 do mundo, que buscava o Calendar Grand Slam e se tornar recordista de Majors (21). Do cinema (Brad Pitt, Di Caprio…) a ex-tenistas  (Maria Sharapova e até Rod Laver, o último a conquistar todos os Majors em um único ano) ninguém quis faltar. Mas todos acabaram por assistir ao primeiro título de Daniil Medvedev. E pelo nível apresentado não deverá ser o último. De facto, o russo jogou, provavelmente, a melhor partida da sua carreira. E não fez por menos. Um triplo 6-4.

O russo jogou a um nível tal que Djokovic nunca teve o jogo controlado. E por mais soluções que tentasse, o russo sempre se superiorizava. E muita dessa superioridade deveu-se ao saque, por vezes aberto, por vezes fechado. Medvedev conquistou 80% dos pontos em primeiro jogo de serviço e nada menos do que 16 ases. Verdadeiramente, o número 2 mundial nunca deu brecha para Djokovic aproveitar. Sobretudo nos dois primeiros sets, roçou a perfeição. E sempre que cometia algum erro, ou Nolan repondia, tirava um às da cartola.

Não há erro em dizer que não foi Djokovic quem perdeu, foi Medvedev quem ganhou. E deve ser valorizado por isso. Afinal, aos 25 anos ele é apenas o terceiro russo a conseguir ganhar um Major. Os outros foram Evgeni Kafalnikov (Roland Garros, 1996, e Australian Open, 1999) e Marat Safin (US Open, 2005, e Australian Open, 2005).

A importância do saque

O título de Medvedev trás ao debate a importância do saque. Ele é a base do seu jogo e da sua confiança, condicionando adversários e a forma como o jogo decorre. Claro que Medvedev tem muitos outros atributos, como a sua força mental e consistência. Sobretudo em piso rápido. O russo lidera o ATP Tour neste tipo de piso com 12 títulos, 17 finais e 147 vitórias desde 2018. Não apenas é credível a hipótese de se tornar o líder da hierarquia mundial como poderá liderar uma nova tendência no ténis mundial, o investimento do peso de jogo no saque e em ases. E quem sabe se Medveded não poderá chegar à liderança do ranking antes de 2022. Isto porque Djokovic diz não ter planos para jogar outros torneios até ao final do ano.

Ao final do US Open, o sérvio desabou todo o peso e expectativa que carregava às costas. Levará tempo para se recompor e, convenhamos, aos 34 anos já deve priorizar torneios para gerir o seu esforço. É pouco expectável que o multicampeão abandone os courts, até porque é quem mais condições tem para se isolar como o maior campeão de Grand Slams. Roger Federer, 40 anos e a contas com 3 cirurgias, poderá mesmo não regressar mais. Nadal, 35 anos, também se encontra reduzido fisicamente e deverá priorizar Grand Slams nesta fase da carreira.

Zverev, ainda não foi desta

Não é por Djokovic ter perdido que a sua qualidade é posta em causa. Seria pouco sério fazê-lo num ano em que ganhou o Australian Open, Wimbledon e Roland Garros. E sobretudo o nível apresentado nas meias-finais mostra que continua a ser o principal jogador do circuito. Para o mal de Alexander Zverev. O alemão não conseguiu repetir a vitória sobre o sérvio nas meias-finais das Olimpíadas de Tóquio e perdeu por 6-4, 2-6, 4-6, 6-4 e 2-6. Zverev, que já ganhou Masters 1000, ATP Master e Ouro Olímpico, continua sem conseguir vencer um Major.

Nesta edição há ainda a destacar outros três nomes: Felix Auger-Aliassime, Carlos Alcaraz e Botic Van de Zandschulp. Após alcançar os quartos de final em Wimbledon, Aliassime chegou agora às meias-finais do US Open, caindo para o campeão (6-4, 7-5, e 6-2). Nos quartos de final deixou para trás outra surpresa, Carlos Alcaraz. O espanhol, 18 anos, eliminou Cameron Norrie, Arthur Rinderknech e Stefanos Tsitsipas. Alcaraz é o 38º do mundo e conquistou este ano o seu primeiro título ATP em Umag (Turquia). Já Zandschulp, oriundo dos qualifying, alcançou também os quartos de final após afastar Carlos Taberner, Casper Ruud, Facundo Bagnis, Diego Schwarzman. Acabou por ser afastado também por Medvedev. Cabe dizer ainda que o campeão russo ao longo de todo o seu percurso perdeu apenas um set. Foi justamente contra o holandês.

Priorizar Marjors abre caminho a nova liderança

Com alguns Masters 1000 ainda pela frente, Medvedev tenta aproximar-se da liderança de Djokovic. Parece ser uma questão de tempo, embora tudo possa mudar em caso de lesão ou algum outro fator mais improvável. Com Federer mais fora do que dentro dos courts, e tendo em conta a intermitência de Nadal, a sua idade, tal como a de Djokovic, é muito provável que a priorização na luta pelo número de Majors abra oportunidades à sucessão do Big-3 na liderança mundial. E ninguém parece tão preparado para isso quanto Medvedev.


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