Arquivo de Alexander Zverer - Fair Play

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André Dias PereiraSetembro 23, 20193min0

A Europa venceu, pela terceira vez consecutiva, a Laver Cup. Trata-se da competição que reúne os melhores tenistas do planeta e os divide entre o continente europeu e o resto do mundo. Este ano aconteceu em Zurique.

O que falta na distribuição de pontos ATP, sobra em emoção. A prova, pensada por Roger Federer, é um sucesso de audiências e entre os aficionados do ténis. Sobretudo, porque consegue juntar na mesma equipa jogadores como Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic. Provavelmente porque a Europa tem dominado o ténis mundial nas últimas décadas, a competição se divida em dois pólos e não pelos 5 continentes. O que levanta questões em relação ao modelo para as próximas décadas.

Sem surpresa, aliás, o velho continente venceu todas as edições da Laver Cup. Mas este ano, a equipa mundo esteve perto da primeira vitória (13-11).

Os europeus não tinham Djokovic, por lesão, mas contavam com Federer, Nadal, Tsitsipas, Thiem, Zverev, Bautista Agut e Fognini. Do lado da equipa Mundo, jogaram Kyrgios, Raonic, Isner, Shapovalov, Sock, Fritz e Thompson.

Na sexta-feira, Thiem, começou por levar a melhor sobre Shapovalov (6-5, 5-7, 3-11). A equipa Mundo empatou, logo de seguida, com o triunfo de Jack Sock sobre Fabio Fognini (6-1 e 7-6). Só que Tsitsipas voltou a dar vantagem aos europeus, vencendo Taylor Fritz: 6-2, 1-6 e 10-7. No primeiro jogo de duplas, a Europa jogou Roger Federer e Alexandre Zverev. A dupla representa o que um dia se espera ser a passagem de testemunho entre os jogadores mais dominante da antiga e nova gerações. Ainda que o alemão esteja longe de uma grande temporada, a verdade é que os europeus levaram a melhor sobre Jack Sock e Dennis Shapovalov (6-3 e 7-5).

Europa ainda domina

A vantagem europeia à entrada para o segundo dia era de 3-1. No segundo dia do torneio, Isner levou a melhor sobre Zverev (6-7, 2-7, 6-4 e 10-1), empatando 3-3.  E, depois, um dos jogos mais aguardados. A jogar em casa, Federer venceu Nick Kyrgios (6-3 e 7-6), ampliando novamente a vantagem europeia para 5-3.

Nadal entrou então em cena. Foi exuberante diante Milos Raonic (6-3 e 7-6) e logo depois juntou-se a Tsitsipas para o jogo de duplas. Só que Kyrgios e Sock foram melhores (6-4, 3-6 e 10-6). A Europa terminava o dia com uma vantagem de 7-5. Só que Nadal ressentiu-se de uma lesão e acabou por não jogar ao lado de Federer, no domingo, no jogo de duplas. Era o momento mais aguardado do torneio.

Saiu Nadal, entrou Tsitispas. Isner e Sock voltaram a fazê-lo, ganhando por 5-7, 6-4 e 10-8. A equipa Mundo passava pela primeira vez para a frente (8-7) na Laver Cup. Sempre com Federer e Nadal a darem sessões de coaching, foi a vez de Dominic Thiem defrontar o norte americano Taylor Fritz. O norte americano ganhou (5-7, 7-6 e 10-5).

Com 11-7 a favor da equipa Mundo, Federer e Zverev teriam que vencer os últimos dois jogos para dar a vitória à Europa. Empurrado pelo público, Roger ganhou a Isner por 6-4 e 7-6. E no decisivo encontrou, o alemão ganhou a Raonic por 6-4, 3-6 e 10-4.

Os europeus fizeram a festa pelo terceiro ano consecutivo. E reforçam a ideia de que os maiores talentos ainda estão no velho continente. Os jogadores mostraram, ao longo do torneio, que apesar de não haver pontos ATP em jogo, queriam ganhar. Vibravam com os pontos dos companheiros e interagiam com o público. Na Era mais competitiva da história do ténis, a Laver Cup é, acima de tudo, uma prova de entretenimento e prestígio. E os tenistas fazem por honrá-la ainda que haja natural resguardo. Mas para o público, isso pouco conta. A festa foi toda para eles.

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André Dias PereiraAgosto 27, 20185min0

Arranca esta segunda-feira a 138º edição do US Open. A pergunta que uma vez mais se coloca é se haverá alguém capaz de se intrometer entre a troika do ténis: Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic.

Tem sido assim nos últimos anos. Os três grandes do ténis mundial têm se apresentado, repetidamente, como os maiores favoritos. Nos últimos anos Stan Wawrinka (2016) e Marin Cilic (2014) intormeteram-se na lista de vencedores. Desde 2004 só por uma ocasião (2014) pelo menos um dos três não atingiu a final. É preciso, claro, lembrar Andy Murray. Só que o vencedor de 2012 está muito longe da sua melhor forma e não é expectável que progrida muito na prova. É o próprio quem admite que “pensar em ganhar o US Open é irrealista”. Em 2018, o britânico realizou apenas sete jogos, tendo vencido quatro.

E por falar nesta temporada, Federer, Nadal e Djokovic surgem nos EUA ainda mais dominadores. Apesar de todos terem ultrapassado os 30 anos de idade, não parece haver quem possa verdadeiramente surgir como favorito num confronto contra qualquer um deles. De resto, os três dividiram os Major já disputados. O suíço levou o Australian Open, o espanhol, Roland Garros, e mais recentemente Djokovic conquistou Wimbledon.

A vitória de Djokovic foi também uma vitória para o ténis. Depois de uma longa paragem por lesão e um início de 2018 intermitente, que gerou mais interrogações que certezas, Nolan deu uma resposta dominadora. Não apenas venceu Wimbledon como venceu Roger Federer na final de Cincinnati. O sérvio tema vantagem psicológica e isso  coloca-o uns furos à frente de Federer no favoritismo para este torneio.

Federer, o eterno, Nadal, o líder

Apesar da idade, Djokovic, Nadal e Federer ainda dominam o circuito. Foto: Tennis World

Roger Federer, por seu lado, continua a surpreender aos 37 anos de idade. O suíço já não tem o fulgor de outros tempos, mas continua fiável. Este ano voltou a abdicar de toda a temporada de terra batida (incluindo Roland Garros) e joga um número reduzido de torneios. Só que, em Cincinnati, cometeu demasiados erros e revelou-se mais lento que o habitual. O suíço não estará no seu melhor momento, mas ninguém dúvida que tem condições para continuar a fazer história.

Rafael Nadal é o número 1 do mundo e para manter essa condição terá que chegar às meias-finais de Nova Iorque. É certo que o piso rápido não é a preferência do espanhol, mas ainda assim é o campeão em título. El Toro Miura já venceu o US Open por três ocasiões (2010, 2013 e 2017) e é um dos grandes favoritos. Mas, sobretudo este ano, está tudo em aberto e é muito difícil assumir um favorito claro. De resto, Nadal terá o compatriota e o incómodo David Ferrer como primeiro adversário.

Del Potro, Anderson e a nova geração

Entre a restante armada do ténis será interessante acompanhar a evolução de Stan Wawrinka. Campeão em 2016, o suíço teve uma longa paragem por lesão e a sua recuperação está a ser gradual. Em Cincinnati já atingiu os quartos de final, onde perdeu para Federer. Tal como Murray, é difícil de imaginar que possa atingir esse registo no US Open, mas num dia bom pode vencer qualquer um. E Wawrinka também tem no piso rápido um ponto forte.

Juan Martin Del Potro, campeão em 2009, tem feito uma grande temporada e é igualmente um nome importante. É um dos mais populares jogadores do circuito, é hoje número 3 do mundo e venceu, em 2018, em Acapulco e Indian Wells. As lesões parecem ter ficado para trás, passando a ideia de que  o argentino está de volta aos melhores tempos. Também Kevin Anderson, finalista vencido o ano passado e este ano em Wimbledon, parece já estar em outro patamar. Isso nem sempre lhe é reconhecido, mas o sul-africano joga o ténis mais consistente de sua carreira. Este ano já venceu o ATP Nova Iorque e tem justificado ser número 5 do mundo.

Obviamente, é preciso olhar com atenção para os jogadores da nova geração. Alexander Zverev e Nick Kyrgios têm recebido maiores atenções nos últimos anos, mas 2018 tem confirmado Stefanos Tsitsipas como valor emergente. O grego, 20 anos de idade, não venceu ainda qualquer torneio mas foi finalista de Barcelona e do Masters 1000 do Canadá.

Nick Kyrgios parece um caso perdido para o ténis, mas Alexander Zverev tem tudo para dar certo. Aos 21 anos, o alemão é número 4 do mundo e venceu, nos últimos três anos, nove títulos ATP. Três dos quais este ano: Washington, Madrid e Munique. Contudo, o alemão não se tem dado bem em Grand Slam caindo quase sempre de forma precoce. Em Roland Garros, este ano, já conseguiu atingir os quartos de final, o seu melhor registo. Apesar das críticas da qual é alvo, é importante lembrar que Zverev tem apenas 21 anos. E ninguém duvida que o futuro do ténis passa por ele. E, porventura, é o jogador que melhor se perfila para dar sequência à hegemonia da troika do ténis. Só que, a avaliar por 2018, Federer, Nadal e Djokovic ainda estão para durar.

US Open 2018 (trailer)


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