Women’s Euroliga 23/24: os destaques da 1ª volta dos grupos

Lucas PachecoNovembro 30, 20239min0

Women’s Euroliga 23/24: os destaques da 1ª volta dos grupos

Lucas PachecoNovembro 30, 20239min0
Lucas Pacheco faz uma actualização ao que se tem passado na Women’s Euroliga 23/24 com grandes destaques da 1ª volta

A temporada 2023-24 da Women’s Euroliga de basquete feminino chegou à metade da fase de grupos. Cada equipe realizou 7 partidas dentro de seu grupo e o returno, com mando de quadra invertido, terá início já na próxima semana. Como é praxe no mercado europeu, a interrupção das festas de final de ano costuma mexer com os plantéis, trazendo alterações nos elencos. Porém, com o aquecimento do mercado chinês e o aumento da competição pelos principais nomes, neste ano eventuais contratações não devem alterar o quadro de forças. Fenerbahçe e Mersin Cukurova, as duas equipes turcas, seguem com favoritismo.

O grupo B é liderado por três equipes tradicionais (e poder aquisitivo acima da média); com 6 vitórias e apenas 1 derrota, as tchecas do USK Praga aparecem como virtualmente classificadas para as quartas. Somente uma hecatombe tiraria a vaga; a derrota solitária veio ainda na segunda rodada, quando o time não incorporara a pivô alemã Nyara Sabally e a ala francesa Valerianne Vukosavljevic estava fora. Para um conjunto que perdeu as duas principais figuras dos últimos anos (Alyssa Thomas e Brionna Jones), natural o tempo para entrosar. Depois da derrota, o trem voltou aos eixos e a cada rodad o time parece mais preparado para competir contra as equipes turcas. Maite Cazorla trouxe mais estabilidade para a armação e adiciona defesa pressionada, elemento que faltava no ano passado.

O Mersin Cukurova sofreu a demissão do técnico Roberto Iñiguez, mas continua no topo do grupo. O altíssimo investimento, materializado na adição da estrela ucraniana Alina Iagupova, deve ser suficiente para avançar às quartas, embora convenha não cochilar – o alerta foi ligado após a derrota para o rival de Praga nesta semana (71 x 67). Praga e Mersin disputam a primeira posição do grupo.

Logo atrás, na terceira posição, o Perfumerias Avenida, da Espanha, soma 4 vitórias e 3 derrotas, campanha idêntica às polonesas de Polkowice; se a fase inicial terminasse hoje, seriam as classificadas. Avenida perdeu poder de compra e investiu em um elenco menos notável e mais novo; somado à contusão da pivô Mariele Fasoula (fora do restante da temporada européia), a posição atual deve ser comemorada. As francesas de Villeneuve estão a apenas uma vitória da faixa de classificação, assim como as italianas do Virtus Bologna, ainda na disputa.

Assim como o duelo entre Praga e Mersin determinou a liderança do grupo B, o confronto entre Fenerbahçe e DVTK definiu o líder do grupo A. As duas únicas invictas protagonizaram o jogo da rodada, vencido com tranquilidade pelas turcas: 81 x 64. Imediatamente abaixo na tabela, as espanholas do Casademont Zaragoza e as italianas do Famila Schio fecham a classificação momentânea para as quartas.

Surpresas negativas

A essa altura, esperava-se que o Valencia, atual campeão espanhol, estivesse no topo, fato contradito pela campanha negativa de 3 vitórias e 4 derrotas. Porém, nada supera a campanha tenebrosa do Lyon: o retorno à Euroliga parecia fadado ao sucesso, após a conquista da Eurocopa na temporada passada e a consolidação da liderança de Marine Johannes. O que vimos foi o exato oposto e as francesas amargam a vexatória campanha de 1 vitória e 6 derrotas.

No início da temporada, houve a justificativa da ausência de Johannes, além das contusões de Gabby Williams e Laura Quevedo. Mesmo um projeto de longo prazo sofre com a ausência de suas estrelas; o técnico deu rodagem aos jovens e promissores valores, e as experientes Sandrine Gruda, Helena Ciak, Endine Miyem não conseguiram garantir as vitórias. Quando Johannes enfim se apresentou, além do retorno de Williams, a situação já era periclitante; para piorar, com suas principais jogadoras, nesta semana, o Lyon perdeu para o romeno Sepsi (86 x 85), até então sem nenhum triunfo no torneio.

Não resta outra alternativa a não ser gabaritar os sete jogos restantes, além de torcer por tropeços dos demais candidatos. Mesmo assim, a classificação não estaria garantida. Para um projeto de tantas pretensões, a campanha não se traduz como esperado.

Menos catastrófica, a situação do Virtus Bologna no outro grupo tampouco é favorável. Outro projeto que almeja subir de degrau no continente europeu, a equipe italiana largou bem, com 3 vitórias; na sequência, a descida ocorreu de forma vertiginosa, com 4 derrotas que atrapalharam uma classificação que parecia certa. Há tempo para reverter, mas nova derrota na semana que vem pode jogar a pá de cal nos objetivos do time.

Gratas surpresas

Em uma competição em que o poder de investimento possui tanto impacto como a Euroliga, as boas campanhas de equipes humildes trazem alento. Já na temporada passada, as húngaras do DVTK Miskolc e as polonesas de Polkowice lutaram pelas vagas das quartas-de-final até as rodadas finais; dois conjuntos bem treinados que conquistaram boas e surpreendentes vitórias e que terminaram fora.

O trabalho bem feito e de médio prazo costuma render bons frutos e, uma temporada depois, ambas aparecem na faixa de classificação ao fim do turno da fase de grupos. O DVTK superou a campanha passada; menos dependente de uma pontuadora voraz (Arella Guirantes rumou para o Schio), a organização tática e a manutenção da espinha dorsal do time produziu uma campanha praticamente impecável.

Na Polônia, receita similar, com a diferença da permanência da estrela Stephanie Mavunga (agora naturalizada polonesa). O elenco trocou peças acessórias, principalmente a pivô e a armadora reserva, e reproduz o ótimo padrão tático e técnico do ano passado. Mavunga, ainda pegando ritmo da competição, tem a companhia da ala Brittney Sykes, explosiva e uma das melhores defensoras da modalidade. O caminho rumo às quartas é mais tortuoso que o do DVTK; mas continua acessível, ainda mais com o excelente técnico Karol Kowalevski.

Não podíamos deixar o Casademont Zaragoza de fora das grata surpresas: estreante na competição, outra equipe que cresce a passos lentos, ainda que sólidos, e que manteve a base exitosa do elenco da temporada passada. No âmbito caseiro, superou o Girona e caminha para se sobrepor ao tradicional Avenida; na Euroliga, o time mantem o bom momento e ocupa a terceira posição de seu grupo, a frente de potências como o Valencia, o Schio e o Lyon. Com uma torcida apaixonada, que enche o ginásio, o céu é o limite para as espanholas.

Monitorando as alemãs

Quatro jogadoras da seleção alemã disputam a edição atual da Euroliga; embora três sejam pivôs, o maior destaque até o momento recai sobre a ala Leonie Fiebich. A ala é o principal nome do surpreendente Zaragoza, liderando a equipe em eficiência (18,3, sexta posição do torneio), pontuação (12,6) e rebotes (7,9). Fiebich é uma máquina, com aproveitamentos surreais de bons (57% de dois pontos e 47% de três), além da consciência do ritmo de jogo – ela produz sem afetar suas companheiras.

Pelo Valencia, a pivô Marie Gulich protagoniza as estatísticas em um conjunto coeso e com números bem espalhados. Ela é a mais eficiente (12,4) do elenvco, além da cestinha (9,9 pontos) e reboteira (6,4). Gulich ainda arruma tempo para acumular 1,4 tocos por jogo.

O USK Praga conseguiu a proeza de perder sua dupla de protagonistas e repor à altura, com a dupla de garrafão Ezi Magbegor e Nyara Sabally, esta com 4 partidas disputadas. Seu impacto já é notado, mesmo em amostra reduzida, nos dois lados da quadra. Sequer a inexperiência no nível profissional dificultou sua adaptação e não há limites para seu crescimento.

Por fim, a pivô Luisa Geiselsoder produz bem na tímida campanha do Basket Landes (2 vitórias e 5 derrotas). Em um contexto de rotação intensa, ela possui a maior minutagem no elenco e contribui taticamente.


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