WNBA 2022: Las Vegas Aces na final depois da emoção total
O Las Vegas Aces chegou à final da WNBA após vencer a série contra o Seattle Storm por 3 x 1. O basquete beira o sublime em certos momentos, como nesta série semi-final, envolvendo 7 escolhas número 1 de draft (A’ja Wilson, Jackie Young, Kelsey Plum, Sue Bird, Breanna Stewart, Jewell Loyd e Tina Charles). De um lado, a equipe de melhor campanha na fase regular; do outro, uma equipe com um trio que nunca perdera na pós-temporada.
Todas as previsões sobre o confronto acabaram humildes perto do que vimos em quadra. Basquete no mais alto nível, equilíbrio alucinante, partidas decididas nas posses finais, arenas lotadas. O Aces avança para as finais, mas não se pode dizer que o Seattle Storm perdeu. 4 jogos para formar uma geração de amantes da liga.
O jogo 1 desta semifinal da WNBA viu uma “surpresa”, com o Storm arrancando a vitória fora de casa e tomando para si o mando de quadra: 73 x 76. O golpe inicial do Seattle foi desenhado desde o ‘bola ao alto’, que comandou as ações. Ao Aces sobrou a recuperação e correr atrás, tarefa dificílima quando Breanna Stewart está em quadra. Na partida seguinte, a dinâmica parecia semelhante, com o Aces hesitando no início da partida; o Seattle aproveitou e novamente abriu uma vantagem. Desta vez, porém, a técnica Becky Hammon adotou a estratégia do ‘small ball’, com A’ja Wilson como pivô solitária, cercada de quatro chutadoras (Gray, Plum, Young e Riquna Williams). A estratégia funcionou, ainda que o Seattle tenha contra-atacado explorando as marcadoras mais baixas em cima de Stewart e TIna Charles. A série saiu de Las Vegas empatada, após mais um placar apertado: 78 x 73.
Os ajustes de Hammon destravaram o jogo de A’ja Wilson, cuja ascensão ao longo da série mostrou sua importância à equipe. Para vencer, ela precisava diminuir a distância com Stewart, e o fez com maestria. Nas partidas 2 e 3, ela alcançou a marca (pela primeira vez na história dos playoffs da WNBA) de 30 pontos e 10 rebotes em duas partidas consecutivas.
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The Las Vegas Aces are headed to the @WNBA Finals!!#RaiseTheStakes pic.twitter.com/YJ368T5c4L
— Las Vegas Aces (@LVAces) September 7, 2022
Em Seattle, o que parecia impossível aconteceu. O duelo conseguiu ficar ainda melhor e a partida 3 pode facilmente entrar na lista de melhores jogos da história do esporte. Desta vez, o Aces começou melhor e obrigou, pela primeira vez na série, o Storm a correr atrás. A diferença que chegara aos dígitos duplos simplesmente evaporou e chegamos aos 5 minutos finais com uma trocação de cestas. Parecia video-game, nenhuma jogadora errava. Breanna Stewart de um lado, Chelsea Gray do outro.
O desenlace pendia para as donas da casa restando menos de 1 minutos para o término. Com 4 pontos a frente, o Seattle tentaria trocar cestas até o estouro do cronômetro, Mas o Aces não estava disposto a deixar escapar essa partida. Faltavam 11 segundos e Becky Hammon pediu tempo; ao desenhar a jogada, ela ressaltou: “we need a three”. Tarefa dada, tarefa cumprida: Riquna Williams converte e reduz a diferença para apenas 1 ponto.
?Sound ON?
SLOB-Clean into pindown@Kelseyplum10 saca a @_ajawilson22 para que esta juegue un pindown y liberar a @WRiquna.#WNBAPlayoffs #XsOs pic.twitter.com/IZzese49qA
— Marc Ribas (@mribas7) September 5, 2022
Sem outra alternativa, o Aces comete a falta em Tina Charles e breca o cronômetro. Aqui, o mundo parou. Tina Charles, uma das maiores cestinhas da história, iniciou a temporada no Phoenix Mercury e rumou para o Storm após a casa ruir em Phoenix; ela manifestou o desejo de conquistar um título a qualquer custo e em Seattle suas chances eram bem maiores. Se convertesse os dois lances livres, obrigaria o Aces a nova bola longa.
O destino pode ser cruel. Tina Charles errou ambos e deu a chance para o Aces não somente empatar, como ultrapassar. Em novo tempo, Becky Hammon criou outra jogada perfeita, desta vez abrindo a quadra para sua protagonista atacar no 1×1. Aconteceu isto:
?Sound ON?
SLOB-STS into ISO
Inicio con screen the screener para poner el balón en @_ajawilson22 y jugar una situación de 1c1 desde el TOP.#WNBAPlayoffs #XsOs pic.twitter.com/YsfmTt26XN
— Marc Ribas (@mribas7) September 5, 2022
No jogo de xadrez, Becky Hammon deu o xeque e passou a bola para a técnica do Seattle, Noelle Quinn. Com 2,7 segundos restantes, Noelle revidou à altura, com uma bola de três de Sue Bird da zona morta.
ISSO AQUI FOI BRINCADEIRA!!!!!! pic.twitter.com/7j4Dllw0Cj
— Isabella Mei (@falebella) September 4, 2022
Restava menos de 1 segundo, com vantagem de 2 pontos para o Seattle. Becky Hammon e suas comandadas teriam outra chance.
Play to go to OT by the LV Aces. Check the analysis below! pic.twitter.com/GByj6ig2Lk
— Clockwork Athletics (@ClockWorkSkills) September 5, 2022
Jackie Young, apagada na pontuação, converteu. A partida foi para a prorrogação, quando o Aces enfim abriu vantagem e faturou a vitória, por 110 x 98, abrindo 2 x 1 na série, com a chance de definir a passagem às finais no jogo seguinte.
Mais um duelo parelho, com equilíbrio durante os 40 minutos. Breanna Stewart simplesmente igualou o recorde pontuação dos playoffs de Angel McCoughtry, com 42 pontos; Jewell Loyd cumpriu seu papel de segunda estrela e fiel escudeira e terminou com 29 pontos. Porém, Chelsea Gray não estava disposta a prolongar a carreira de Sue Bird; a armadora do Aces centralizou as ações nos momentos decisivos e converteu posse atrás de posse. Sequer a marcação de Gabby Williams incomodou-a: 31 pontos (59% nos arremessos), 10 assistências, para carimbar a vitória por 97 x 92.
Um detalhe importante, que aumenta ainda mais a dimensão da partida e da série: a derrota marcou a despedida de Sue Bird. Uma lenda viva, que com 41 anos e 4 títulos da WNBA quase conduziu sua equipe a mais uma final. Ela foi exuberante em sua série final: em 4 partidas, 34 assistências para 5 turnovers. Números de uma gênia do esporte, marcada para sempre na história.
O Aces aguarda a definição da outra semifinal da WNBA, empatada em dois jogos, entre Chicago Sky e Connecticut Sun. O Seattle Storm despede-se da temporada, de cabeça erguida. Quando o esporte atinge níveis tão altos, não há perdedores.