Voleibol na Neve – Surgimento, curiosidades e sonho olímpico

Thiago MacielFevereiro 20, 20225min0

Voleibol na Neve – Surgimento, curiosidades e sonho olímpico

Thiago MacielFevereiro 20, 20225min0
O ambiente é de praia. Som alto, público empolgado, rede, bola... Só tem uma diferença. Não tem areia. No lugar dela, a neve.

Surgimento

Surgido de uma brincadeira entre amigos no rigoroso inverno austríaco, o Voleibol na neve deixou de ser um mero entretenimento e vem se profissionalizando ao longo da última década. O primeiro torneio oficial foi ideia de Martin Kaswurm e atualmente está na segunda edição de seu Circuito Europeu, com direito a chancela oficial da Confederação Europeia da modalidade (CEV, na sigla em inglês) – a organização continua nas mãos de Kaswurm, que ao lado do sócio Veit Manninger fez uma apresentação sobre o novo esporte no último congresso da FIVB (Federação Internacional de Voleibol), em outubro. A expectativa deles é que, já no ano que vem, a entidade ajude a colocar em prática um Circuito Mundial de vôlei na neve.

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Foto: Getty Images

Preceitos

O vôlei na neve segue os preceitos do voleibol de praia: dois jogadores de cada lado e quadra de 16 m x 8 m, com rede de 2,24 m no feminino e 2,43 m no masculino. A primeira grande diferença está no tipo de calçado usado pelos atletas, que precisam ter travas, como chuteiras, evitar quedas e escorregões. “É só vestir roupas quentes e calçados de futebol. Isso é tudo o que você precisa”, conta o tcheco Robert Kufa, segundo colocado no ranking elaborado pela CEV. “Comparado com o vôlei de praia, é muito mais difícil prever o que o adversário vai fazer, então é preciso tentar fazer uma leitura corporal deles e improvisar”, destacou. Detalhe: apesar das declarações de Kufa, não, não é tão incomum ver atletas jogando apenas de shorts e camiseta ou até mesmo regata.

Geralmente sediado na área de lazer de estações de esqui de alto padrão, os torneios de voleibol na neve também contam com bastante entretenimento ao redor: no intuito de atrair público, a estrutura muitas vezes possui até banheira aquecida de hidromassagem. O Circuito Europeu 2017 já teve etapas na República Tcheca e, neste fim de semana, realizou seus duelos na Suíça. Estão previstas ainda paradas na Eslovênia, Áustria, Liechtenstein e Itália até abril, aproveitando ao máximo o tempo frio no continente.

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Público relaxa nas banheiras aquecidas de hidromassagem Foto: Getty Images

Ambição Olímpica

O comitê olímpico austríaco organizou, com o apoio da FIVB, um jogo exibição em Pyeong Chang, durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018. A exibição, ainda que com cara de pelada de fim de ano, permitiu o início de rumores de que o vôlei de inverno poderia entrar no programa olímpico de 2026. Mas não é bem assim. Para chegar a ser parte do programa olímpico a modalidade, que no futuro pode ser olímpica, está num estágio no qual precisa consolidar número de eventos, qualidade, consolidar a consistência desses eventos, premiação, a apresentação do esporte, entretenimento. É um produto muito legal, mas tem que subir essa escada degrau a degrau. Tem um caminho longo aí. Como aconteceu com o voleibol de praia. Primeiro foi consolidado como super produto, depois chegou aos Jogos. Houve uma especulação de que havia uma “grande possibilidade” de o vôlei de neve chegar aos Jogos de 2026, uma vez que, se a Áustria for escolhida como sede, ela apontaria o variante de neve como uma das duas modalidades que ela teria direito de indicar para o programa. Essa possibilidade – de o país sede escolher uma modalidade -, porém, nunca existiu,

“O cronograma para esportes ou eventos serem adicionados (ao programa olímpico) só será anunciada após a conclusão de um estudo-chave sobre a otimização de custos dos Jogo, para minimizar os impactos para futuros comitês organizadores e os planos do local”

informou o Comitê Olímpico Internacional (COI) ao Olhar Olímpico. Além disso, o processo de escolha da sede dos Jogos de 2026 ainda está engatinhando. Por enquanto, as cidades interessadas estão “em estágio de diálogo” para o processo de candidatura.

Não sonhar ainda com estar no programa olímpico não significa não sonhar grande. E o da neve quer ir longe. Por enquanto, já são 17 países fazendo parte do circuito europeu, organizado pela CEV, que já destina no seu site espaço idêntico para o vôlei indoor, de neve e de praia. Na semana que vem começa em Wagrain, na Áustria, o primeiro Campeonato Europeu, que vai pagar 10 mil euros em premiação em cada naipe. Ainda é pouco, 10% da premiação do Campeonato Europeu de Voleibol de Praia, por exemplo.

Mas a tendência, no entender da FIVB, é essa diferença se reduzir aos poucos. “É o primeiro campeonato de vôlei de neve e no ano que vem queremos fazer o primeiro Circuito Mundial, com entre cinco e 10 etapas. Depois, organizar o primeiro Campeonato Mundial”, detalha o diretor-geral da FIVB. A aposta pessoal dele é que em dez anos os circuitos de vôlei de praia e de neve já estejam próximos da equiparação em termos de premiação. Além disso, seria uma oportunidade de países sem tradição na neve terem espaço nos chamados esportes de inverno.

“Vamos ver alguns países de temperatura quente jogando na neve. A Argentina é uma que tem grande potencial, já nos procurou. A China também. Queremos a temporada começando em dezembro e indo até agosto do ano seguinte, para pegar o inverno do hemisfério sul também.”


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