Women’s Rugby Europe Championship 2024: estreia com derrota mas positiva

Francisco IsaacFevereiro 24, 20244min0

Women’s Rugby Europe Championship 2024: estreia com derrota mas positiva

Francisco IsaacFevereiro 24, 20244min0
Estreia no Women's Rugby Europe Championship para Portugal com pontos positivos das Lobas apesar da derrota

As Lobas receberam os Países Baixos no CAR Jamor e num jogo que acabou por terminar com uma vitória (aparentemente) folgada para as visitantes, a selecção comandada por João Moura chegou a causar estragos e a estar muito perto de assustar uma conjunto que tem uma experiência bem mais vasta no que concerne ao XV. Uma estreia com derrota mas positiva e que dá garantias para o futuro neste Women’s Rugby Europe Championship 2024.

MVP: MARIANA MARQUES (CENTRO)

A autora do único ensaio de Portugal foi das atletas mais eficazes no seu trabalho individual e colectivo, mostrando o porquê de ser uma das chaves-mestras do conjunto português, especialmente num ponto que pode passar algo despercebido: subida defensiva em jogo corrido. Os Países Baixos tiver mais posse de bola, assumindo o protagonismo ofensivo do encontro, porém, na maioria das vezes isso não constituiu em constantes ensaios ou excessivas quebras-de-linha com a defesa portuguesa (que vai ser devidamente assinalado no destaque seguinte) a mostrar os “dentes” e a fechar bem, desenhando uma série de placagens de bom nível e de alto impacto, um capítulo em que Mariana Marques se afirmou do princípio ao fim.

A experiência adquirida por estar a jogar em França começa a ser notória, com a centro a ter percebido quando era necessário subir e pressionar o ataque contrário, ou esperar e descair para um dos lados de forma a não permitir perfurações por via de um offload. Noutras áreas do jogo também esteve igualmente bem, com uma presença positiva no ataque, com uma mão-cheia de acções importantes que alimentaram o “motor” ofensivo destas Lobas. Nota também extremamente positiva para Adelina Costa que teve uma série de acções que foram importante para as Lobas e que com um pouco mais de paciência podiam ter resultado em ensaios.

PONTO ALTO: DEFENDER E DEFENDER BEM!

Uma das maiores preocupações neste nível era se Portugal conseguiria apresentar uma defesa minimamente estável e dedicada ao ponto de aguentar a maior experiência, agressividade e harmonaia do ataque neerlandês, uma selecção que está a um pequeno passo de se qualificar para a 3ª divisão do WXV, e mais habituada a estes palcos. No fim do encontro, e apesar da derrota por 07-31, a verdade é que Portugal forçou quinze erros ao ataque adversário, graças a umas placagens não só de uma fisicalidade potente como de uma inteligência letal, impondo a pressão na larga maioria de portagens de bola neerlandesas, retardando os ensaios das visitantes até bem tarde no encontro. Houve uma consciência colectiva da necessidade em se comprometerem com este processo do princípio e ao fim, e só acabou por não terminar numa derrota com uma margem de pontos sofridos menor devido à indisciplina, falha na formação-ordenada e na dificuldade em parar o maul contrário.

Não tendo dados oficiais do encontro, Portugal deverá ter tido uma percentagem de eficácia na defesa a ronda os 88%, um dado que ajuda a perceber do crescimento mental, físico e táctico que esta selecção tem atravessado nos últimos anos. Contra a Suécia, uma defesa de igual nível pode valer algo muito especial neste primeiro ano no Women’s Rugby Europe Championship 2024.

PONTO A MELHORAR: CERTOS ERROS CUSTARAM CARO

Portugal acabou por consentir cinco ensaios no seu jogo de estreia no Women’s Rugby Europe Championship 2024, e muito se deveu a três pontos: inexperiência em parar o maul dinâmico contrário; indisciplina em excesso numa sequência de jogo; e formação-ordenada que cedeu perante a pressão contrária. As penalidades cometidas acabaram por custar dois cartões amarelos, sendo que nesse período com menos uma unidade em campo os Países Baixos marcaram três dois cinco ensaios. Será necessário a equipa portuguesa ser mais veloz na saída dos rucks e recuar um passo na defesa, que foram de onde brotaram a maioria das penalidades. A adaptação ao juiz-de-jogo é tão importante como perceber as movimentações do ataque adversário, e com tempo Portugal chegará a esse ponto.

Estes erros só podem ser claramente alinhavados e polidos com mais jogos a este nível, sendo necessário um investimento constante no rugby de XV para que as Lobas sejam capazes não só de contrariar a maior experiência de selecções como os Países Baixos, mas também de ir à procura da vitória e continuar na sua ascensão quer no Women’s Rugby Europe Championship como no rugby internacional.


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