Uma vitória do rugby nacional… a exportação de árbitros
Paulo Duarte, Diogo Miranda, Maria Heitor, Pedro Mendes da Silva, Diogo Miranda, Francisco Serra, Diogo Inácio, são só alguns nomes da arbitragem nacional que têm marcado presença em provas internacionais, como o WXV, Seis Nações, World Series, Rugby Europe Championship, seja no masculino ou feminino, numa demonstração que existe qualidade nos homens e mulheres do apito. É fenomenal que Portugal tenha conseguido desenvolver uma quantidade maior de árbitros em comparação com países do mesmo patamar, como Roménia, Geórgia (Nika Amashukeli é considerado neste momento um dos melhores da modalidade), Espanha, Uruguai, Chile, etc, numa prova clara que o talento existe em Portugal.
Paulo Duarte já esteve em dois Jogos Olímpicos, apitou centenas de encontros nas World Series e foi elogiado por diversas selecções e observadores internacionais, enquanto Maria Heitor foi das primeiras árbitras de um país Tier 2 a ter sido chamada para fazer parte das equipas de arbitragem nas Seis Nações feminina, marcos significativos e que deviam fazer pensar os principais agentes do rugby nacional. Mas serão excepções? Ou podem ser a ponta de um rastilho que poderá suscitar mais interesse nesta área?
Efectivamente temos ouvido por parte de antigos árbitros e responsáveis da Associação Nacional de Árbitros de Rugby constantes preocupações perante a inação ou a falta de compromisso por parte de quem governa os clubes e principais instituições em apoiar devidamente a arte e carreira de árbitro.
So happy to see Paulo Duarte on the Olympic stage…
I remember his first games as a match official (U18s) back in… well, a long, long time ago, and now he's in the Olympics doing what he does best!
Vamos, Paulo! https://t.co/K3WrwfMyVM
— Francisco Isaac (@francisaac87) July 24, 2024
Num país em que a modalidade tem profundas dificuldades em convencer árbitros a não abandonar ou desistir após anos de serviço, tanto pela forma como são tratados pelos restantes actores do jogo (árbitros jogadores, treinadores ou comentadores) ou pela falta de apoio real por parte das instituições, é incrível que já tenhamos tido uma árbitra nas Seis Nações como juiz-de-linha ou que um árbitro tenha conquistado o estatuto de residente nas HSBC World Series, agora SVNS. Isto são sinais de que há valor e qualidade não só no que toca a jogadores e treinadores, como árbitros, com estes a demonstrarem que o rugby português pode oferecer muito mais.
Curiosamente, a larga maioria destes árbitros jogou rugby, optando por se envolver com a arbitragem após se retirarem. Certos clubes apostaram neste sistema, sendo que a larga maioria dos emblemas nacionais não tem ainda colocado atenção neste ponto especifico. A Federação Portuguesa de Rugby já tentou implementar regras para que os clubes passem a investir com mais força no desenvolvimento de novos árbitros, mas os resultados não são os melhores, isto e apesar de termos uma presença maior a nível internacional.
É preciso mais investimento e outra estrutura que permita que surjam mais Marias Heitor, Paulo Duartes e afins, empurrando o rugby nacional para outro patamar e dimensão, com esta exposição a poder ser uma vitamina importante para construir um legado na modalidade ainda maior. Neste momento, e com claras grandes possibilidades em chegar a mais um Campeonato do Mundo masculino, e com a selecção nacional feminina a somar bons resultados, é importante que canalize parte dos fundos e apoios monetários em desenvolver um sistema de apoio coerente e forte que nos permita não só formar árbitros, como convencê-los a ficar nos momentos mais críticos e problemáticos.