Super Rugby Aotearoa 2020: 3 regressos e 2 novidades nas leis

Francisco IsaacJunho 4, 20206min0

Super Rugby Aotearoa 2020: 3 regressos e 2 novidades nas leis

Francisco IsaacJunho 4, 20206min0
Cartão vermelho mas com hipótese de substituição? Nehe Skudder de volta? Que novidades aguardam-nos no Super Rugby Aotearoa 2020? O Fair Play explica tudo

Estamos a dias do retorno do Super Rugby Aotearoa e há uma série de novidades que merecem destaque, desde os retornos antecipados de certos jogadores até à adição de três novas regras que têm em vista dar outra “pimenta” especial à competição. Ou seja, a Nova Zelândia promete oferecer um campeonato espectacular e emotivo – como sempre – nesta mini-competição só das franquias kiwis!

“MESSI” DO RUGBY, BIG SAM E SUPER CARTER ESTÃO DE VOLTA

Nehe Milner-Skudder, Dan Carter e Samuel Whitelock… como já tínhamos aludido nos dois artigos anteriores de antevisão deste revamp do Super Rugby, são estes três os maiores retornos à competição do Hemisfério Sul. Skudder é a grande dúvida em relação à sua condição física, uma vez que tem estado emaranhado numa teia de lesões nos últimos quatro anos, tendo jogo pouco para o desgosto dos adeptos dos Hurricanes e All Blacks.

Depois de uma saída para o Toulon, onde não jogou pois estava a recuperar de lesão, Skudder recebeu um convite para regressar à Nova Zelândia e servir a franquia dos Highlanders, oferecendo a Aaron Mauger uma peça de excelência que poderá impor tranquilidade nos corredores ou até como defesa, sendo um ponta/defesa inteligente, vibrante e “mágico”, alcunhando no Mundial de Rugby 2015 como de “Messi” da Oval. Os Highlanders viveram e vivem uma época medíocre, constando na parte inferior da tabela do Super Rugby até à 7ª jornada e a chegada do internacional neozelandês pode dar uma dose extra de confiança a elenco demasiado jovem e que perdeu demasiados jogadores-referência entre 2019 e 2020.

Já nos Crusaders, o retorno de Samuel Whitelock é… interessante. O lendário 2ª linha e ex-capitão dos All Blacks retorna a “casa” depois de uma curta e boa experiência na Top League do Japão e vai fazer parelha com Scott Barrett, acrescentando aquela dose de experiência mordaz e capacidade de decisão inteligente – para além daqueles aspectos técnicos que o elevaram à categoria de um dos melhores do Mundo na sua posição – que “musculam” ainda mais o poderio e domínio dos tricampeões do Super Rugby.

Apesar de Mitchell Dunshea sofrer com este retorno antecipado de Samuel Whitelock, a verdade é que Scott “Razor” Robertson esfrega as mãos ao pensar que tem o melhor bloco avançado de longe na competição, ficando a dúvida de quem vai ser o número 8 titular durante estas 9 jornadas deste Aotearoa… Tom Sanders ou Whetu Douglas? O que interessa é que Samuel Whitelock está de volta e a “torre de assalto” de Christchurch está pronto para voltar a lançar o seu domínio nas alturas, na portagem de bola e no dar o exemplo.

E, finalmente, o rufar dos tambores acabou por vigorar em Auckland com a apresentação de Dan Carter! O lendário e mítico médio-de-abertura que ganhou dois mundiais com os All Blacks, consagrado três vezes como o Melhor do Mundo para a World Rugby e um dos maiores nomes dos Crusaders, regressa ao Super Rugby cinco após ter partido em direcção a outras paragens… fará parelha com Beauden Barrett numa espécie de dulpo-10? Ou vai surgir sempre do banco de suplentes na 2ª parte para dar uma ajuda extra aos Blues de Leon McDonald que ganham uma força-extra para estas 9 jornadas que aí vêm!

SENHOR ÁRBITRO QUE LEI É ESTA?

A NZRU (Federação de Rugby da Nova Zelândia) rechaçou as novas leis experimentais optativas da World Rugby, mas decidiu aplicar três novas leis especiais só para este Super Rugby modo “Kiwi”: cartão vermelho 2.0golden point; e rucks recebem uma “ordem presidencial” de serem mais rápidos. Mas são as duas primeiras que tomam todas as atenções  e vale a pena olharmos para ambas com foco, começando pela novidade no cartão da cor proíbida.

Ora, se um jogador a dada altura do jogo receber ordem de expulsão directa, a sua equipa pode substituí-lo passado 20 minutos do momento em que saiu de campo. O jogador será penalizado pós-jogo, sim, e poderá mesmo ser chamado ao comité de análise de lances (para agressões mais graves ou placagens indevidas que colocaram o jogador placado em situação perigosa), mas a equipa desse atleta só sai penalizada dentro de campo durante e apenas 20 minutos, numa espécie de duplicação do tempo de castigo do cartão amarelo. Para a NZRU isto beneficia o espectáculo, impede que um desequilíbrio entre as equipas seja criado por saída antecipada de um jogador que levou a cabo um acto individual e não colectivo.

Se efectuarem a pergunta “Mas e se um jogador for expulso quando faltarem 19 minutos e 58 segundos para o fim do jogo? Já não entra ninguém, certo?“, a resposta é fácil: certo… a não ser que o jogo se prolongue para lá dos 80 minutos porque a bola não saiu de campo ou… por causa do Golden Point.

Esta é outra das novidades do Super Rugby Aotearoa, a entrada em jogo do golden point que vai impedir que surjam empates durante os 80 minutos de jogo, seguindo para um prolongamento de 10 minutos (ainda não confirmado). Mas como funciona? Bem, caso um jogo termine aos 80 minutos numa igualdade pontual, as duas equipas continuarão a jogar após um mini-intervalo, abrindo a hipótese que haja um vencedor, decidido por um drop, pontapé de penalidade ou ensaio.

A pontuação de jogo é a mesma: 4 pontos por vitória, 1 ponto se perderem por menos de 7 pontos, 1 ponto de bónus caso a equipa marque 3 ensaios (e mantenha essa diferença para o adversário) e 2 pontos caso se mantenha o empate mesmo após o prolongamento. Ou seja, e como diz Victor Ramalho é uma espécie de “não há empates, mas há empates“, complicando um pouco as “contas” das equipas mas oferecendo a oportunidade de mais 10 minutos de espectáculo para os adeptos. É uma espécie de cópia do que acontece na National Rugby League, só que mais abstracto, algo duvidoso e que vai semear o “terror” para quem não tem capacidade física para aguentar um pouco mais.

Em termos do breakdown, a NZRU pede às equipas para serem mais claras e “limpas” no jogo no chão, impedindo os dois movimentos por exemplo, alertando que os árbitros têm ordens para punirem severamente equipas que tentem retardar a saída da bola do ruck. Isto é… rugby rápido, contínuo e igual ao que já existia antes desta paragem devido ao SARS-CoV-2.

Estas são as grandes novidades para o Super Rugby neozelandês, que vão desde reforços vindos de fora ou atletas recuperados de lesão (Ardie Savea por exemplo) com a introdução de curtas novidades no que toca às leis de jogo, de forma a reunir outra atenção e expectativa para o frente-a-frente destas 5 franquias “kiwis”.

O registo de Skudder e Whitelock no Super Rugby (Foto: Getty Images)

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