Six Nations 2020: adiamentos, os destaques até aqui e as nossas apostas

Francisco IsaacMarço 14, 20208min0

Six Nations 2020: adiamentos, os destaques até aqui e as nossas apostas

Francisco IsaacMarço 14, 20208min0
O Covid-19 fez a sua primeira vítima no rugby com o Irlanda-Itália a ser adiado, seguindo-se por completo a jornada final da competição. Quando será decidido? E quem é que foram os destaques até este ponto?

E… tudo adiado quer seja para o apuramento de campeão (há três contenders em jogo ainda) ou na data para realização da última jornada (e 1/3), sendo assim umas Seis Nações irregulares mas que terão direito a uma decisão final dentro de alguns meses!

O que há para saber desta paragem prolongada, os principais destaques até aqui e o dois momentos decisivos até então!

HÁ FECHO DAS SEIS NAÇÕES 2020?

Possivelmente, sim haverá direito a serem jogados os quatro encontros que sofreram o adiamento falando-se que a sua realização ficará reservado para a janela internacional de Outubro-Novembro deste ano, caso tudo corra bem em termos da contenção e controlo do surto de Covid-19. Porquê não ficar para Junho ou Julho? Ou mesmo Maio? Devido aos campeonatos de clubes. Ao contrário do que poderá acontecer com o andebol ou futebol, no rugby, e em especial no Hemisfério Norte, a ligação entre as principais ligas profissionais e as suas federações é menos “amistosa” e onde o entendimento é extremamente ténue, não prescindindo os clubes do seu período de funcionamento e, principalmente, dos seus atletas internacionais.

Isto força desde logo que os jogos de selecções só possam decorrer nos períodos acordados com a World Rugby, ou seja, Outubro-Novembro ou Junho-Julho, sendo que as Seis Nações têm direito – desde quase todo-o-sempre – a cinco fins-de-semana divididos entre Fevereiro-Abril. Não só isso, mas há ainda outro pormenor… off-seasonpre-season que têm de ser respeitados como estabelecido com as entidades competentes – a Associação de Jogadores de Rugby Profissionais, World Rugby, Federações e Liga de Clubes – não podendo assim prolongar temporadas tão facilmente como se pensa.

Por isso, em Outubro teremos: Irlanda-Itália (4ª jornada), País de Gales-Escócia (5ª jornada), França-Irlanda (5ª jornada) e Itália-Inglaterra (5ª jornada). Em termos de quem pode ser campeão, há três candidatos com a oportunidade de chegarem lá: Inglaterra, França e Irlanda. A Irlanda tem primeiro que derrubar a Irlanda e conseguir o ponto de bónus, para chegar a Paris com a possibilidade intacta de levantar o título, mas é na capital francesa que tudo poderá se complicar, pois precisam de obter a vitória como o extra ponto de bónus ofensivo, difícil perante o adversário final, com a Força a poder ser campeã caso derrote a Selecção do Trevo com um ponto de bónus ofensivo.

A Inglaterra só tem de ganhar à Itália com o ponto de bónus ofensivo e esperar que em Paris acabe tudo com uma vitória sem extras de qualquer um dos lados. Portanto, teremos um final emotivo adiado por alguns meses e que coroará um novo campeão das Seis Nações… qual é a vossa aposta?

O último França-Irlanda em 2018!

TIPURIC RENDE COMO POUCOS, EDDIE JONES RESPIRA, HASTINGS ASCENDE E ALLDRITT ABRE UM NOVO MUNDO

Foram vários os protagonistas até à 5ª jornada e escolhemos cinco que merecem ser recordados por vários motivos como Eddie Jones. O seleccionador inglês chegou à competição e começou mal, com uma derrota merecida às mãos de uma França renovada e que dominou os ingleses durante quase todo o encontro, sofrendo uma onda de críticas no final, algumas justificadas e outras nem tanto, ficando no ar a dúvida se o homem que em 2016 e 2017 levou a Inglaterra ao Grand Slam tinha capacidades para continuar a liderar.

Não desesperando e distanciando-se da luta contra os media (apesar de alguns comentários sarcásticos de parte-a-parte), Eddie Jones manteve boa parte da sua estratégia e garantiu três vitórias consecutivas, frente à Escócia, Irlanda e País de Gales, mostrando que o sistema desenvolvido nos últimos anos consegue derrubar qualquer adversário procurando só que as unidades sirvam a equipa com total compromisso, algo que não aconteceu em Paris na primeira ronda. Tom Curry não é um nº8 que encaixa nos padrões comuns da posição, mas foi um substituto de qualidade de Billy Vunipola, Jonathan Joseph mostrou-se altamente competente a jogar a ponta, Ben Youngs que foi completamente destruído pela maioria dos adeptos e “entendidos” mostrou que é um dos melhores formações do Hemisfério Norte, lembrando sempre que o seleccionador escolheu os melhores jogadores à sua disposição e colocou o melhor XV dentro de campo em todos os jogos.

Em França foram alguns os nomes que merecem o total destaque como Charles Ollivon (ergueu-se como o novo capitão dos Les Bleus e foi o representante máximo da paixão e lealdade da França em campo), Romain Ntamack (não é um abertura mágico como outros, mas funciona como um “relógio”, seja nos pontapés, em dar continuidade ao jogo ou a manter a expressão táctica intacta), Virimi Vakatawa, entre outros, mas nenhum chegou aos calcanhares de Gregóry Alldritt.

O 3ª linha-centro foi para o Fair Play um dos dois melhores jogadores da competição até ao momento – o outro foi Maro Itoje -, seja pelas excelente técnica de placagem onde dominou vezes sem conta o portador da bola, o ataque “agressivo” ao breakdown onde arrancou diversas penalidades, as portagens de bola aceleradas que apanhavam os seus adversários despercebidos em alguns momentos, entre outros elementos que o elevaram ao topo de jogador-decisivo dos Les Bleus nesta campanha e que até poderá acabar em título de campeões – dependente de variáveis.

Já a Escócia que deu volta à situação com uma vitória improvável perante a super-favorita França, finalmente houve boas novidades na posição de médio-de-abertura com Adam Hastings a mostrar que é possível fugir à sombra de Finn Russell. O nº10 demorou a confiar nas suas competências mas em Roma, na 3ª ronda, fez toda a máquina de Gregor Townsend a funcionar, impondo outro ritmo e velocidade às linhas atrasadas da Escócia funcionando espetacularmente bem com Stuart Hogg, o que ofereceu uma nova letalidade e um “acordar” para este elenco de jogadores que procura chegar a outro patamar. Frente à França, a capacidade em conferir uma certa letalidade no jogo contínuo fez total mossa numa defesa gaulesa menos intensa em comparação com os jogos anteriores, com Hastings a deslumbrar no sidestep e no desorganizar dos seus adversários, mostrando-se a um alto nível num encontro de importância.

Por fim, Justin Tipuric… o que se pode dizer do asa do País de Gales que tem sido a par de Dan Biggar o melhor jogador da sua selecção? É sem dúvida alguma um asa completo, que tão facilmente aparece à ponta para sprintar e fugir aos seus adversários como encaixa uma placagem inteligente, levantando-se rapidamente para ir ao breakdown arrancar a oval, com estes “detalhes” a marcarem presença nesta edição das Seis Nações para além destes números: 3 ensaios, 1 assistência, 128 metros, 64 placagens (100% eficácia e 7 dominantes) e 4 turnovers.

A exibição de sonho de Alldritt frente à Inglaterra

CAMILLE CHAT E AQUELE TURNOVER E O BLUNDER DE HOGG

Escolhemos dois momentos que vão ficar marcados na galeria destas Seis Nações 2020: o turnover de Camille Chat aos 80 minutos no França-País de Gales e aquele não-ensaio certo de Stuart Hogg no Irlanda-Escócia. Em Cardiff, a França estava na frente do resultado por 4 pontos de diferença quando faltavam meros segundos para o apito final… Nick Tompkins consegue uma quebra-de-linha nos seus 40 metros e sai disparado, ultrapassando vários franceses pelo caminho, parecendo uma flecha quase impossível de parar… no encalço veio Arthur Vincent que placou com bravura e raça, colocando-o no chão.

Mas com o apoio a rapidamente, esperava-se o pior… só que apareceu Camille Chat a lançar-se com todas as forças à oval no chão e ficou completamente agarrado à mesma numa excelente posição corporal. Sem que ninguém dos galeses conseguisse tirar o talonador dali, o juiz de jogo avaliou e apitou penalidade a favor da França. Ponto final e os Les Bleus conquistavam uma preciosa vitória num dos estádios mais difíceis de ganhar no Hemisfério Norte.

E aquele erro de Stuart Hogg que já dentro da área de ensaio deixa cair a oval das suas mãos? No jogo de abertura na competição, os escoceses foram visitar Dublin e quando o resultado estava num 13-06 favorável à equipa da casa, Stuart Hogg teve a oportunidade para reduzir e/ou até empatar o encontro. O fantástico nº15 (que é o jogador com mais metros conquistados nesta edição da prova) recebe um passe à ponta e sem ninguém a incomodá-lo, coloca a bola no chão! Festejos, saltos e… TMO!

Quando visto o replay é facilmente perceptível que Hogg largou a bola no ar, deixando-a assim cair desamparada num erro total de concentração que acabaria por custar pontos precisos aos escoceses. Foi daqueles momentos que alguns dos maiores jogadores do Mundo já viveram, mas desta vez calhou ao fantástico defesa que pode não ter começada nada bem as Seis Nações acabando por voltar ao seu melhor nas últimas rondas.

O momento marcante de Chat (6:32)


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS