Seis Nações 2020 R2: campeão ao tapete com dedicatória de Larmour

Francisco IsaacFevereiro 9, 20206min0

Seis Nações 2020 R2: campeão ao tapete com dedicatória de Larmour

Francisco IsaacFevereiro 9, 20206min0
Larmour, Conway e Stockdale aceleraram e a Irlanda não deu hipótese ao País de Gales, estando agora a 3 jogos de conquistar o Grand Slam. Esta é a nossa análise à 2ª ronda das Seis Nações 2020

A França foi até a Roma somar mais 5 pontos, a Irlanda por pouco não fazia o mesmo frente ao País de Gales (que salvou a honra no suspiro final) e a Inglaterra saiu vencedora de um jogo impróprio para se jogar! Esta é o resumo resumido da 2ª jornada das Seis Nações 2020, analisada ao pormenor abaixo!

JORDAN “THE TRICKESTER” LARMOUR NUMA IRLANDA COMPACTA

Quem diria que a Irlanda derrotaria o País de Gales depois de na semana anterior ter realizado uma exibição mediana frente à Escócia? Andy Farrell lançou os “dados” e apresentou uma estratégia mais compacta e dinâmica, com olhos para a procura de perfurações e de apostar em algum risco nos passes, o que apanhou os homens de Wayne Pivac algo desprevenidos nos primeiros 25 minutos, altura de maior descontrole no que toca à posse de bola.

Com Peter O’Mahony a realizar uma exibição de excelência, oferecendo consecutivas plagens dominantes e à procura de recuperar a posse de bola no contacto, e James Ryan a assumir-se cada vez mais como uma unidade imprescindível em diferentes departamentos (alinhamento, defesa e manutenção da posse de bola no avanço curto no contacto), a avançada irlandesa foi controlando o ímpeto e fisicalidade dos avançados de gales, que erraram em demasia no set-pieces e na construção de fases, mas que ainda assim estiveram melhor em comparação com os 3/4’s.

Dan Biggar tentou conferir uma circulação positiva à oval nas acções atacantes sem que surtissem efeito, já que o par de centros e o três-de-trás pareceram algo desconexos na execução das jogadas ou na leitura da defesa contrária, mostrando que o País de Gales cede em demasia sob pressão, como foi notado entre os 50-67 minutos de jogo. Durante 15/20 minutos, os galeses “acamparam” nos 22 metros da Irlanda e tentaram de sucessivas formas chegas ao ensaio, acabando por perder sempre o controlo da bola ou a consentir uma penalidade inesperada, o que prejudicou por completo as suas hipóteses de virarem o resultado.

Outro pormenor essencial para a Irlanda foi o papel do três-de-trás, com Andrew Conway (72 metros, 3 quebras-de-linha, 2 defesas batidos e 1 ensaio), Jacob Stockdale (115 metros, 4 quebras-de-linha e 2 defesas batidos) e Jordan Larmour (103 metros conquistados, 1 ensaio, 1 assistência, 4 quebras-de-linha, 5 defesas batidos) a galvanizarem o ataque irlandês completamente e a cada novo momento. Larmour encheu o campo, conferiu um poder de aceleração extraordinário e foi uma presa quase impossível de apanhar pelo País de Gales, enriquecendo por completo o ataque da Irlanda neste jogo.

Se a Irlanda levantar o caneco no final da competição, não surpreenderá nada que Jordan Larmour seja designado como o melhor jogador da competição e, até ver, merece essa distinção pela forma como mudou a Selecção do Trevo no ataque.

ESCÓCIA-INGLATERRA… OU COMO O RUGBY É UM DESPORTO DE INVERNO

Chuva, demasiada chuva e um vento incessante e acelerado impuseram dificuldades extremas a escoceses e ingleses na luta pela Calcutta Cup 2020, que terminou com vitória dos 23 homens de Sua Majestade por 13-06. Foi um jogo mal jogado no ataque, mas fisicamente entusiasmante na defesa (Maro Itoje foi incansável na linha-defensiva, recuperando muito rapidamente da placagem para se submeter a uma nova vaga defensiva), pormenores típicos do antigo rugby do Hemisfério Norte que aparecem sempre que as condições atmosféricas trazem problemas para o handling e estabilização das operações mais delicadas ofensivas, onde Ali price e Willie Heinz estiveram francamente abaixo do esperado.

Contudo, não foram só os formações a revelarem vários problemas na execução das suas estratégias, já que nem Adam Hastings ou Stuart Hogg, do lado da Escócia, e George Ford ou George Furbank, na Inglaterra, foram incapazes de serem coerentes nas suas acções transitando de boas opções com a bola nas mãos para uma fracasso sucessivo no jogo ao pé e na estabilização do controlo e posse da oval.

O encontro acabou por ser ditado por meros detalhes… o ensaio inglês adveio de uma sucessão de erros da equipa da casa, com Maro Itoje, Joe Launchbury e Ben Earl a empurrarem o impetuoso e acelerado Ellis Genge – foi essencial Mako Vunipola voltar ao XV, mas o pilar dos Leicester Tigers começa a “gritar” pelo seu lugar na Inglaterra – para dentro da área de validação, já muito perto do apito final. Poucas foram as oportunidades de ensaio, forçando então um carácter mais maçador e demorado a uma Calcutta Cup que era decisiva para um dos dois lados.

A Inglaterra mantém as suas esperanças para chegar ao título, enquanto a Escócia volta a sair do campo sem qualquer ensaio marcado nesta edição da competição.

FRANÇA-ITÁLIA… O INESPERADO MELHOR ENCONTRO ATÉ AGORA DAS SEIS NAÇÕES

Uma Itália mais apaixonante ofereceu uma réplica bem positiva na sua visita ao Stade de France que acabou com vitória justa para os Les Bleus, que mostraram os mesmos argumentos do primeiro jogo com algumas pinceladas interessadas oferecidas por Arthur Vincent, Grégory Alldritt, Romain Ntamack e Julien Marchand a rubricarem excelentes prestações. Em específico há que destacar a velocidade de execução da plataforma de ataque da França, conseguindo passar de uma divagação aparentemente sem propósito para transitar rapidamente para um jogo lógico e perfurante, onde o importante é criar situações de inferioridade número do adversário – mesmo que não signifique conquista de largos metros – seguindo-se uma genialidade de Antoine Dupont ou de Romain Ntamack.

A Itália até respondeu bem na defesa estática com constantes placagens dominantes, em que Jake Polledri (25 placagens efectivas, o máximo até agora nesta edição das Seis Nações 2020) e Carlo Canna foram imperiais, ressentindo-se especialmente quando a reposição na linha era lenta ou no excessivo envolvimento de atletas no ruckbreakdown, bem aproveitado pela França. Os italianos também podem queixar-se de si próprios no ataque, uma vez que perderam quatro alinhamentos nos últimos 15 metros, três dos quais a serem mesmo junto da linha de ensaio dos Les Bleus, largando a bola no maul ou a realizarem uma fraca transmissão da oval entre as suas unidades.

A França executou o plano de jogo, mostrou-se sempre lúcida, respeitou o adversário e apresenta um elenco cada vez mais compacto e focado, sendo neste momento o alvo a abater da competição, tanto pelo que já mencionámos como ainda pelo facto de ter uma profundidade espectacular de atletas imensa (Penaud lesionou-se e entrou Vincent Ratte mantendo qualidade, igualmente quando ficou de fora Vakatawa por lesão com Arthur Vincent a não fracassar).

REGISTOS DA 2ª RONDA

MVP da Ronda: Jordan Larmour (Irlanda) – 1 ensaio, 1 assistência, 103 metros, 4 quebras-de-linha, 5 defesas batidos;
Placador da Ronda: Maro Itoje (Inglaterra) – 22 placagens (96% eficácia), 2 turnovers e 1 penalidade conquistada no breakdown;
Melhor Marcador da Ronda: Romain Ntamack (França) – 13 pontos (1 ensaio, 1 conversão e duas penalidades)


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