Rugby Português “lá fora”: Manuel C. Pinto e a estreia pelo Narbonne
O Fair Play acompanhará semanalmente as participações de alguns dos internacionais portugueses em campeonatos fora de Portugal, com o olhar a estar quase exclusivamente reservado para o que se passa em França, e podes ficar a saber tudo o que se passou neste artigo. Neste primeiro “Rugby Português lá fora” destaque para a estreia oficial de Manuel Cardoso Pinto e para as boas exibições de Jean Sousa, Diogo Hasse Ferreira, José Madeira e Francisco Fernandes.
O DESTAQUE DA SEMANA: MANUEL CARDOSO PINTO (RACING CLUB NARBONNAIS)
O polivalente 3/4’s, Manuel Cardoso Pinto, estreou-se na ProD2 depois de ter perdido as duas primeiras jornadas por lesão e, no seu primeiro encontro ao serviço do Rugby Club Narbonnais (ou Narbonne), realizou uma exibição de média qualidade, sendo que o jogo apresentou algumas dificuldades acrescidas seja pelo estado do campo, já que alguma chuva proporcionou um relvado pesado, ou pela vertente física, impondo um combate mais focado nas fases-estáticas, em detrimento da participação contínua das linhas atrasadas.
O antigo atleta da AEIS Agronomia efectuou 6 intervenções com bola, percorreu quase 30 metros, conseguiu uma quebra-de-linha (não “limpa” mas conta como tal) e bater dois defesas, falhando 2 placagens nas 5 tentativas realizadas, não tendo cometido erros quer na recepção dos pontapés ou acompanhamento de jogadas como apoio, dando uma imagem extremamente positiva e que, na generalidade, não parecia a sua estreia na segunda divisão de rugby de França.
A derrota do Narbonne frente ao Montauban de Jean Sousa (ver nos restantes destaques), até podia ter sido evitada se a equipa da casa tivesse optado por jogar com as unidades e tentado um jogo mais expansivo, invés de constantemente pontapear a oval e esperar por um erro do adversário, que mesmo quando se sucedeu, nunca foi bem aproveitado. Nos últimos 15 minutos do encontro, o Montauban esteve reduzido a 13 unidades (duas expulsões por cartão vermelho directo) e mesmo assim nunca arriscaram na circulação de bola, quando tinham claramente superioridade na largura do campo, o que acabou por limitar o raio de acção de Manuel Cardoso Pinto nas intervenções ofensivas.
Tivemos oportunidade para falar com Manuel Cardoso Pinto após o encontro, com três perguntas sobre o jogo e futuro.
Manuel, jogo muito disputado que não acabou como queriam. Como te sentiste na estreia? Estavas nervoso antes de começar?
Honestamente não sabia o que esperar da intensidade e do ritmo de jogo porque era a minha estreia, vim de lesão, estava a jogar à ponta e tinha feito o último jogo em junho. Estava muito ansioso.. os jogos aqui são às 19h30 e eu só dizia “devia ser ao meio dia”. Mas quando a hora chegou os nervos e ansiedade desapareceram. Relativamente ao jogo, foi o que eu esperava. Fisicamente um nível muito superior a qualquer jogo que já joguei e muito jogo ao pé. Apesar disso, senti-me bem e percebi que os jogadores rápidos e esguios podem realmente fazer a diferença neste campeonato.
O que mais gostaste da tua exibição e o que achas que sentiste que tens de melhorar?
O que mais gostei foi aquela adrenalina de voltar a entrar em campo com um estádio enorme em que estavam sentadas 7/8 mil pessoas a gritar o nome do clube… fiquei logo arrepiado. O rugby aqui em algumas cidades do sul é realmente como o futebol em Portugal. A nível de jogo, acho que literalmente deixei tudo mesmo em campo.. nunca corri tanto num jogo como naquele. Para melhorar, baixar a placagem e não ir sempre a “matar” na pressão ao jogo ao pé. Recebi um estrelinha Midol e por isso fiquei muito contente.
Estipulaste algum objetivo para esta época a nível individual?
Agora que perguntaste isso, não… Não estabeleci nenhum objetivo. Fora do rugby estou a tentar aproveitar ao máximo a experiência e fazer-me perceber a sorte e a oportunidade que tenho mesmo que por vezes seja duro e no rugby quero só jogar o máximo de jogos possíveis e manter-me sem lesões.
NOTÍCIAS DE OUTROS JOGADORES
Simão Bento também fez a sua estreia na ProD2 pelo Stade Montois, entrando nos últimos 15 minutos da vitória do clube do sul de França. Anthony Alves, colega de equipa do antigo jogador do Técnico Rugby, também saltou do banco de suplentes e somou minutos na vitória por 26-22 ao US Carcassone, jogo que José Lima (que começou como suplente) igualmente jogou – Samuel Marques não foi convocado devido a lesão sofrida no encontro anterior.
Mike Tadjer voltou a iniciar o encontro como suplente no Perpignan, entrando em campo aos 51 minutos. 5 placagens efectivas (1 falhada), 5 metros percorridos, 4 introduções concluídas (nenhuma falhada) estavam a ser números positivos neste 2º encontro do Top14 até receber ordem de expulsão temporária aos 80 minutos.
Rui Maria Freitas estreou-se oficialmente pelo Eemland, da primeira divisão dos Países Baixos, num encontro que acabou aos 43 minutos de jogo, devido a uma lesão do árbitro principal. O ex-CR São Miguel conseguiu uma quebra-de-linha e dois defesas batidos, rubricando uma boa primeira aparição pelo emblema da região de Utrecht.
Jean de Sousa saiu a sorrir do campo do Narbonne, depois de uma vitória que chegou praticamente no fim do encontro, com o 2ª linha português a rubricar uma grande prestação, especialmente na defesa, com 13 placagens, 2 turnovers e 2 alinhamentos roubados, sendo substituído à passagem do minuto 54.
José Madeira voltou a ser titular no Grenoble Rugby e, como aconteceu no segundo encontro da ProD2, o 2ª linha português foi dos melhores jogadores nesta segunda vitória consecutiva da sua equipa. Praticamente inultrapassável na defesa, carregando bem a oval nas três ocasiões que dispôs, tendo se imposto nos alinhamentos, o ex-Belenenses Rugby tem deixado a sua marca nesta 2ª temporada a jogar fora de Portugal.
O 1ª linha Francisco Fernandes tornou a ser titular no Béziers Hérault, trabalhando na formação-ordenada num jogo emotivo e que terminou com derrota para o português, com o Provénce Rugby a conseguir três pontos já após o soar do fim do encontro. Uma penalidade, 10 placagens efectivas e mais alguns números de relevo demonstram que aos 36 anos está num bom momento de forma.
Diogo Hasse Ferreira somou mais uma aparição pelo US Dax Rugby da Nationale (equivalente à 3ª divisão francesa) e num jogo que esteve dividido até ao apito final, o pilar luso não pôde festejar com a sua equipa. O atleta formado no GDS Cascais completou 54 minutos, com uma boa intervenção nas fases-estáticas sem deixar de se apresentar ao serviço no jogo corrido.
Mesma sorte que Diogo H. Ferreira teve Dany Antunes, o ponta/defesa português que entrou a partir do banco do suplentes, não conseguindo evitar a derrota do Massy em casa do SC Albi na 2ª jornada da Nationale. Num jogo “pesado” e de alta fisicalidade, o português teve pouco espaço para brilhar apesar de algumas tentativas para dar outra largura e expansão à bola do Rugby Clube Massy Essonne.
Éric do Santos capitaneou Anglet Rugby à segunda vitória consecutiva neste início de época do clube que milita na Féderale 1. O 2ª linha efectuou quase duas dezenas de placagens, imperou com qualidade no alinhamento (1 roubo no ar) e marchou bem nas entradas no contacto, com um papel decisivo na vitória por 16-09 na receção ao Tyrosse.
Pedro Bettencourt cumpriu os 80 minutos na derrota do Oyonnax Rugby, efectuando uma exibição compacta, principalmente no que toca à defesa, com 12 placagens (1 falhada). Tentou ser uma das “armas” para desbloquear o resultado de um dos candidatos à luta pela subida, mas, infelizmente, a derrota acabou por chegar para lá dos 80 minutos. Nota média-alta para este retorno à titularidade depois de não ter jogado o 1º jogo da ProD2 e sido suplente utilizado no jogo anterior.
Luigi Dias ocupou o lugar de nº8 no US Marmande Rugby (Féderale 1) e realizou uma prestação de alta qualidade, saindo com qualidade a partir da formação-ordenada, completando 40 metros e 2 quebras-de-linha, num jogo que terminou numa igualdade a 20 pontos.
O talonador do RCS Rumilly, Loic Bournonville, jogou 60 minutos na vitória por 20-18 na visita ao campo do AS Macon da Féderale 1. Jogo de qualidade do 1ª linha que não falhou em quase nenhuma introdução da oval no alinhamento, foi um dos aríetes de serviço e vai sendo um dos destaques deste emblema no sudeste francês.
Lionel Campergue, internacional português por 12 ocasiões, começou no banco de suplentes do Rugby Club Bassin D’Arcachon (Féderale 1) e foi decisivo na 2ª metade do encontro, com duas introduções de bola que valeram ensaios de maul dinâmico do seu clube, a primeira vitória da temporada.