Rugby Moments: quando os Lobos “amadores” beliscaram os All Blacks

Francisco IsaacMaio 4, 20193min0

Rugby Moments: quando os Lobos “amadores” beliscaram os All Blacks

Francisco IsaacMaio 4, 20193min0
1º episódio da nova rubrica da secção de rugby do Fair Play: momentos da oval para nunca mais esquecer! Começamos pelos Lobos no Mundial 2007 frente aos All Blacks!

O Desporto é feito de grandes momentos e o rugby como tal não só não escapa, como consegue dar alguns dos melhores de sempre. Seja pelos famosos Hakas da Nova Zelândia, as vitórias improváveis da Argentina, o Mundial de 1995 da África do Sul, a ida dos Lobos ao Mundial de Rugby, o Fair Play fala aqui alguns dos melhores momentos do Rugby. Ensaios, placagens, hinos, sorrisos, lágrimas e tudo mais!

RUI CORDEIRO DÁ UM MERGULHO PARA A VIDA

Entre os anos 2005-2007, os bilhetes vendidos pela Federação Portuguesa de Rugby para os jogos dos Lobos em casa continham uma frase especial: Um Ensaio para a Vida. Esta frase ou, se quisermos, expressão ficou etiquetada à força e paixão da Alcateia que marcou uma série de gerações durante essa época. Em 2007 fez-se história com o apuramento de Portugal para o Mundial de Rugby e o Ensaio para a Vida voltou a aparecer, desta feita no Stade de Gerland em Lyon ante a super, soberana e imperial Nova Zelândia.

Um jogo história entre os (quase) totalmente amadores portugueses versus os profissionais com uma cultura de rugby (quase) sem igual neozelandeses… Alcateia versus All Blacks. Num jogo que foi quase de sentido único, com os 16 ensaios dos All Blacks a surgirem durante 80 minutos. Foi, um resultado natural, perante uma equipa que nunca tinha estado no Mundial de Rugby e estava a experimentar a sua primeira presença nestes palcos.

Contudo, Portugal não deixou de lançar placagens inacreditáveis aos pés e joelhos de alguns dos melhores jogadores do Mundo, como Conrad Smith, Aaron Mauer, Mils Muliaina, Andrew Hore, Ali Williams ou o saudoso Jerry Collins (capitão nesse jogo), ficando bem patenteado o espírito dos atletas portugueses no que toca à defesa e agressividade na cara das adversidades.

Vasco Uva, Paulo Murinello, Diogo Coutinho, Diogo Mateus foram protagonistas das melhores placagens nesse jogo, sendo que algumas ainda hoje em dia aparecem em vídeos de Highlights do Mundial 2007. Contudo, o momento marcante deste encontro foi o ensaio de uma das maiores lendas da primeira-linha de Portugal, que apesar de não ter realizado mais que 44 jogos por Portugal, deixou uma marca profunda no rugby português (lembrar que foi um dos jogadores da Académica que ganhou a 2ª e 1ª divisão pelo clube) e nesse encontro assinou o seu nome na ficha de jogo com letras douradas.

À passagem do minuto 48, Portugal conseguiu montar 8 fases seguidas com a oval nas mãos, avançando no território de forma sistemática para espanto dos All Blacks, que já estavam a ganhar por 50 pontos de diferença. Um pique, dois… três e ao sétimo, Rui Cordeiro montou uma esquadrilha de ataque apoiado em Tiago Girão, David Penalva e José Pinto e entraram pela a área de validação a dentro… sem que fosse claro se o pilar tinha ou tocado com a oval no chão.

Vídeo-árbitro… e é ensaio! Uma explosão de emoção correu pelas bancadas fora, entre choros, gritos, aplausos com as multidões a sorrirem perante o que se tinha passado. Os amadores tinham conseguido marcar um ensaio ante os espectaculares profissionais neozelandeses.

Fica para a História os 23 jogadores que Tomaz Morais escolheu para o encontro: André Silva, João Correia, Cristian Spachuck, Marcello d’Orey, Gonçalo Uva, Diogo Coutinho, Paulo Murinello, Vasco Uva, Luís Pissarra, Gonçalo Malheirio, Pedro Carvalho, Diogo Mateus, Miguel Portela, António Aguilar e Pedro Leal;

Suplentes: Rui Cordeiro, Joaquim Ferreira, David Penalva, Tiago Girão, João Uva, José Pinto, Duarte Cardoso Pinto

Terá sido este o Rugby Moment da oval portuguesa de sempre?


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