De Portugal ao Super Rugby quem vão ser os campeões em 2018?
João Pedro Oliveira, Rodrigo Figueiredo e Francisco Isaac juntaram-se e discutiram quem vão ser os campeões dos principais campeonatos de rugby a nível “planetário”… com Portugal incluído. As nossas “opiniões” sustentadas pelos nossos argumentos. Concordam? Ou falhámos em alguma das profecias? E se tivermos razão o que merecemos?
TOP14 – De França será o Champagne do costume ou há candidato-surpresa?
João P. Oliveira: La Rochelle, é a grande surpresa deste ano no campeonato francês, La Rochelle está a fazer uma campanha sensacional com 10 vitórias em 14 jogos, vencendo na maioria todos os confrontos diretos aos seus principais adversários ao título. Nomes como Victor Vito, Levani Botia, Gabriel Lacroix e Rene Ranger são suporte seguro que podem encaminhar os “Les Corsaires” para o primeiro título de campeão francês na história do clube.
Francisco Isaac: La Rochelle, podendo ser repetitivo, não consigo ver o Clermont revalidar o título (está a 6 pontos do playoff, mas a 13 do 1º lugar ocupado pelo Stade Rochellais), nem o Toulon a assustar França como no passado (apesar da grande forma de alguns dos seus melhores jogadores como Ma’a Nonu ou Fekitoa) ou o Montpellier. Olhando para isto repito a escolha do meu colega João Oliveira… La Rochelle. Os “atlânticos” estão numa forma fenomenal com Gabriel Lacroix, Vitor Vito (que falta que faz aos All Blacks!), Kevin Gourdon ou Réne Ranger. Vai ser muito difícil parar com a “revolução” Rochellais!
Rodrigo Figueiredo: Montpellier, Na viragem para a 2ª volta da competição, as equipas do 5º ao 10º lugar encontram-se separadas por apenas 6 pontos. Sendo a 6ª posição a que dá o último acesso à fase final da competição, teremos certamente 6 candidatos ao título. O Montpellier é a minha escolha. Pelo equilíbrio existente na equipa entre poder de choque e gestão do jogo, terão as melhores hipóteses de serem campeões se conseguirem conter a experiência de outras equipas. Em momentos decisivos como serão as finais da competição será importante que Vern Cotter, um dos melhores treinadores da atualidade, consiga montar uma equipa que acredite ser capaz de levantar o troféu.
Aviva Premiership – Em terras de Sua Majestade vamos ter bicampeonato?
João P. Oliveira: Exeter Chiefs, atuais campeões em título, considerados na época passada como o Leicester do Rugby inglês após a surpreendente conquista do campeonato, a equipa de Exeter não acusou a pressão na presente época de ser o alvo a abater e até ao momento lidera a Premiership em acesa disputa com os Saracens de Londres. É das equipas que melhor define o que é o jogo coletivo em detrimento da qualidade individual dos seus jogadores.
Francisco Isaac: Exeter Chiefs, podendo parecer “arrogante”, em 2016 já tinha dito que sentia uma força extraordinária a equipa de Dover e 2017 confirmou a qualidade da equipa de Baxter. Em 1º lugar destacado, a 10 pontos do 2º lugar, com um rugby alucinante que dura 80 minutos (ganharam quatro jogos na 2ª parte, quando o adversário “arrebentou” o motor) e “agressivo”, os Chiefs estão a dominar Inglaterra e dificilmente vão tropeçar. A melhor defesa do campeonato, o ataque mais letal (Saracens e Wasps marcaram mais pontos) e a equipa técnica mais “cínica” das Terras da Sua Majestade.
Rodrigo Figueiredo: Exeter Chiefs, Os campeões em título são os principais candidatos à (re)conquista do mesmo. Se os Saracens têm um plantel recheado de estrelas, os Exeter Chiefs têm tudo menos isso. Nic White, Jack Nowell e Henry Slade como nomes mais sonantes, o impressionante estilo de jogo praticado pelos comandados de Rob Baxter é um deleite para os seus adeptos. Baxter, como homem da casa (jogou 14 anos em Exeter, 10 como capitão), poderá levar a sua equipa ao inédito bicampeonato depois de no ano passado ter feito história ao levar para Exeter o primeiro título de campeão inglês de sempre.
European Champions Cup – O regresso do Trevo ou a Cimitarra mantém o controlo?
João P. Oliveira: Leinster Rugby, a equipa irlandesa não perde há 11 jogos, a última derrota foi no dia 22 de Setembro contra os Cheetahs para a Guinness Pro14. Lidera o seu grupo na Champions Cup com 4 vitórias em 4 jogos, “pool” onde está o campeão inglês Exeter Chiefs e o actual 2º classificado do Top14, Montpellier. É uma favorita indiscutível a vencer o torneio pela dinâmica de jogo que apresenta e um plantel de grande qualidade que fornece na sua grande maioria a Seleção da Irlanda.
Francisco Isaac: ASM Clermont, é a minha aposta… sim, ficam sempre à “porta” mas acredito que é o ano dos franceses. Franck Azéma tem uma equipa de alto valor, bem construída, rápida e “divertida” que quando quer espalha o “terror” em termos de domínio de território. Raka ficou sem “joelho” e por isso há-de falhar o resto da temporada, mas há Fofana, Lamerat ou o novo “diamante” do rugby francês, Damien Penaud. Leinster e Saracens são grandes candidatos, com o Munster a correr por fora, mas este é o ano do Clermont.
Rodrigo Figueiredo: Sem Opinião;
Super Rugby – O furacão dos Barrett, a Cruzada de Read-Robertson ou há rugido de Joanesburgo?
João P. Oliveira: Crusaders, é provavelmente a competição mais difícil de realizar uma previsão, todos os anos aparecem novas equipas e jogadores a despontar ao mais alto nível. Mas a regularidade dos Crusaders com 8 títulos no Super Rugby fazem da equipa de Christchurch a grande favorita, sendo que tem no seu plantel para 2018: 12 internacionais All black´s e duas novas estrelas dos sub-20, Braydon Ennor e Will Jordan. Curiosidade também para ver os Hurricanes e a nova era de Tana Umaga à frente dos Blues.
Francisco Isaac: Hurricanes, dos irmãos Barrett e Savea, Skudder, Laumape ou Fifita têm tudo para voltar a subir ao “trono” do Super Rugby. Com uma super equipa, a formação de Wellington tem o melhor rugby do Hemisfério Sul (a atacar), faltando-lhe aquela consistência da avançada dos Crusaders ou a “ferocidade” dos Lions em alguns momentos do jogo. Mas quando engatam… bem, fazem qualquer equipa de “gato-sapato” aplicando não só velocidade e “magia”, como pressão total.
Rodrigo Figueiredo: Lions, À terceira é (tem de ser) de vez! Depois de duas finais perdidas nos dois últimos anos, os Lions de Joanesburgo tentam alcançar o título inédito. Apesar de perderem alguns jogadores importantes como Kwagga Smith (Seleção de Sevens), os Lions preparam-se para atacar a competição com toda a força. A equipa mais poderosa do continente africano terá certamente um longo caminho até à final desta competição imprevisível, mas terá sempre mais hipóteses de vencer se continuar com o estilo de jogo que a caracterizou no passado recente.
Six Nations – Eddie Jones vai ter direito a tri ou há contender na Escócia?
João P. Oliveira: Inglaterra, A seleção da rosa comandada pelo australiano Eddie Jones, é a vencedora em título do torneio e não perdeu um único jogo nos Test-Match´s de Novembro. Esse facto demonstra o bom momento que a Inglaterra atravessa, a sua boa dinâmica de jogo é visível e creio ser a única equipa neste momento capaz de fazer frente aos All Blacks. O torneio das seis nações 2018, vai por à prova a Inglaterra para o Mundial de 2019 no Japão.
Francisco Isaac: Inglaterra, dificilmente será outro o campeão das Seis Nações. Eddie Jones montou uma “fortaleza”, com a defesa inglesa a ser das melhores não só na placagem, mas também na recuperação da oval no breakdown e a sua “reciclagem”. A Escócia está bastante bem, com um dos melhores rugby’s a nível mundial e a Irlanda é extremamente eficaz e “fria”, mas a esta Inglaterra, com os jogadores que tem disponível, é quase impossível de parar.
Rodrigo Figueiredo: Irlanda, Muito e bem se fala sobre a Inglaterra de Eddie Jones. No entanto, a crescente forma dos clubes irlandeses nas competições europeias poderá ser mau agoiro para o australiano. Na verdade, Leinster, Munster e Ulster têm jogado bom rugby e depois dos November Tests em que a Irlanda ganhou os três jogos a equipas tão diferentes como a África do Sul, Argentina e Fiji, a Irlanda é o alvo a abater. Joe Schmidt terá que preparar uma equipa capaz de ir a Twickenham na última jornada com um só objetivo: estragar a festa do tri-campeonato inglês.
Divisão de Honra – O Campeonato dos 5 candidatos (e da Surpresa de Coimbra)
João P. Oliveira: AEIS Agronomia, está de regresso aos seus tempos gloriosos, a entrada do treinador Frederico Sousa no comando técnico dos agrónomos deu frutos logo na primeira época com a conquista da Taça de Portugal e Supertaça. Uma equipa que parece ter descoberto a fórmula de conquista, com jovens da “cantera” de muita qualidade aliados a jogadores estrangeiros que de facto fazem a diferença como José Rodrigues e Meli Mccaw. Veremos se a conquista do aguardado campeonato nacional será em 2018.
Francisco Isaac: GDS Cascais/AEIS Agronomia, é complicado escolher um candidato total ao título Nacional, uma vez que o campeonato (ao contrário do que alguns dizem) está ao rubro, bem disputado e com vários candidatos a esgrimirem os seus argumentos em campo. Mas a Agronomia é a equipa que joga melhor, com alguns dos melhores jogadores do Campeonato Nacional. O Cascais pelo seu lado é a formação com mais “ganas”, raçuda, lutadora e que gosta de pressão. Ambas as equipas promovem confrontos épicos em campo, com uma dose de intensidade bastante boa para o rugby português.
Rodrigo Figueiredo: Sem Opinião
Rugby Championship – Há quem faça frente ao poderio dos All Blacks?
João P. Oliveira: Nova Zelândia, 14 títulos em 21 edições, dão uma supremacia geral aos All Blacks para o torneio em 2018. Desde sempre uma referência no rugby mundial, Steve Hansen irá muito provavelmente apresentar no Rugby Championship deste ano o quinze titular que irá atacar o Mundial.
Francisco Isaac: Nova Zelândia, por mais que se queira, é impossível arranjar um candidato ao Rugby Championship que não os super All Blacks. Steve Hansen pode ser criticado por algumas das suas escolhas ou pelo facto dos neozelandeses terem feito mais faltas/erros em parâmetros de jogo que não era hábito acontecer. Contudo, 2018 há-de ser um de reafirmação do jogo dos All Blacks e o Rugby Championship vai voltar a ficar em mãos neozelandeses.
Rodrigo Figueiredo: Nova Zelândia, Para mal do Rugby mundial, o Rugby Championship conhecerá o mesmo vencedor dos últimos anos. Digo por mal, num sentido de imprevisibilidade e emoção nos jogos ao mais alto nível, porque apesar de tudo é pelos All Blacks serem como são que o Rugby evoluiu até onde está hoje. Quando o resto do mundo está preocupado em resolver um problema na formação ordenada ou breakdown, já Steve Hansen o resolveu e tem no seu staff quem lhe diga como jogaria contra os All Blacks. Esta postura faz com que estejam sempre um passo à frente de todos e durante o Rugby Championship 2018 não será diferente.