3 destaques/detalhes da 4ª ronda das Seis Nações 2022

Francisco IsaacMarço 13, 20225min0

3 destaques/detalhes da 4ª ronda das Seis Nações 2022

Francisco IsaacMarço 13, 20225min0
A França continua na rota de somar um Grand Slam em 2022, e Francisco Isaac conta tudo o que se passou nesta ronda das Seis Nações

Não há campeão antecipado, o que significa que Irlanda e França vão ter de esperar pela última jornada a fim de se saber quem vai ser o novo campeão das Seis Nações 2022, isto depois de uma jornada emocionante, extremamente física e de luta intensa até ao apito final.

O MOMENTO: JONATHAN SEXTON E O ÚLTIMO JOGO EM TWICKENHAM

Aos 36 anos de idade, Johnny Sexton, médio-de-abertura que já foi condecorado como o melhor jogador do Mundo por uma ocasião, despediu-se de Twickenham, uma vez que a lenda do rugby irlandês só irá jogar até 2023, encerrando no Campeonato do Mundo em França uma carreira espectacular e recheada de títulos e glórias. Ou seja, como para a próxima temporada o sempre emocionante jogo entre Inglaterra e Irlanda será realizado no Estádio Aviva, esta foi a última ocasião em que o nº10 pisou as quatro-linhas do relvado mais mítico do rugby inglês, e, nesta “despedida”, foi uma das peças-chave de Andy Farrell para somarem uma fundamental vitória que poderá ainda significar o título das Seis Nações, caso os seus arquirrivais ingleses sejam capazes de derrotar a França em Paris na próxima ronda.

Em relação a Sexton, o equilíbrio que impôs a partir da sua voz, transmitiu confiança a um conjunto irlandês que jogou praticamente 80 minutos contra 14 jogadores – fruto do cartão vermelho de Charlie Ewels -, isto para além da “ode musical” vocalizada a partir daquele seu pé afinado, com um 50/22 e uma série de pontapés longos de extrema dificuldade para o três-de-trás inglês captar. Uma das imagens do encontro, que acaba por encaixar no momento desta 4ª ronda das Seis Nações, é já perto do final do encontro, altura em que surge Johnny Sexton a insistir com os seus colegas para quererem mais, recusando um recuar ou afrouxar mesmo com o resultado e vitória garantida.

A imagem de marca de um jogador que sempre quis mais para a Irlanda ou Leinster, nunca ficando satisfeito com o “normal”, pois para Sexton o especial esteve e está sempre a um passo (ou pontapé) de distância.

O JOGADOR: MELVYN JAMINET É ALEGRIA FRANCESA EM MOVIMENTO

No meio desta nova era do rugby francês de Fabien Galthié, e entre os vários jogadores que têm ascendido nos Les Bleus, Melvyn Jaminet é um dos mais especiais e importantes deste elenco, sobretudo pela paz e inteligência colocada nas suas acções, como aconteceu em Cardiff frente ao País de Gales, isto para além do factor X que possui, vislumbrado no ensaio marcado por Anthony Jelonch. Jaminet tem uma cultura de rugby especial, diferenciadora e apaixonante, lendo bem as acções do bloco contrário o que permite à França ter uma espécie de “farol” sereno e de confiança, com o defesa a corrigir o posicionamento dos seus colegas ou a conseguir reorganizar a sua equipa de modo a tentar encontrar algum tipo de vantagem em situações críticas defensivas.

Contra o País de Gales, e frente a um Dan Biggar inspirado no aspecto táctico e do jogo ao pé, e com um Liam Williams a mostrar-se no seu esplendor quase máximo nos termos de ir atrás da oval após os pontapés, Melvyn Jaminet foi fechando espaços e a evitar males maiores da boa estratégia de contra-ataque dos seus adversários, respondendo com uma elegância especial e que começa a apaixonar adeptos de todas as nações. A cultura táctica e o esplendor técnico do defesa do Perpignan permitem à França ter outra capacidade de resposta a partir do três-de-trás, que está sempre num modo de ameaça total quando Jaminet consegue recepcionar a oval com espaço e sair a jogar com Damian Penaud, Yoram Moefana, Gabin Villiere ou qualquer outro ponta que compõe o ramalhete destes Les Bleus.

Oito pontos a partir da bota e uma assistência para ensaio, significa que Jaminet esteve em todos os momentos de colecção de pontos de uma França que ainda está no caminho do Grand Slam nestas Seis Nações 2022!

O BRAÇO-DE-FERRO: PODERÁ ESTA ITÁLIA SER ALGO DIFERENTE?

A Itália foi incapaz de derrubar a Escócia no Olímpico de Roma, mas os 20 minutos finais deram para os adeptos transalpinos encherem a confiança que algo especial poderá brotar no futuro, pois há matéria-prima suficiente para acreditar em algo surpreendente e especial no horizonte italiano. Mas será mesmo assim? Ou esta canção será mais do mesmo? A verdade é que este elenco de Kieran Crowley é extremamente jovem e inexperiente em termos de número de internacionalizações, já que alguns dos seus melhores activos como Gianmarco Lucchesi (21 anos e 11 jogos pela Itália), Michele Lamaro (23 anos e 13 aparições ao mais alto nível), Paolo Garbisi (21 anos de idade e 16 encontros pela Squadra Azzurra) ou Ange Capuozzo (estreou-se neste encontro com dois ensaios) ainda nem passaram a fasquia dos 23 anos ou das 20 internacionalizações, e isto é um indicativo importante para perceber a qualidade presente nestas novas gerações do rugby italiano.

Contra a Escócia, aqueles 20 minutos finais foi prova dessa genialidade que estes novos jogadores podem e deverão trazer aos Azzurri, com Garbisi a dar um show constante na condução de bola, sempre bem apoiado por por Edoardo Padovani, Juan Brex, Pierre Bruno (jogo estonteante do ponta) ou Michele Lamaro, para depois surgir Ange Capuozzo desamparado e cair para uma dupla de ensaios na sua estreia como internacional. É preciso dar mais tempo a esta Itália, que começa a ser um problema positivo nos sub-18 e sub-20 das Seis Nações, esperando-se agora um novo futuro para o “wooden” spoon de 2022.


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