Rugby Europe Championship 2023: a prestação dos “Lobos” pt.3

Francisco IsaacAbril 3, 20235min0

Rugby Europe Championship 2023: a prestação dos “Lobos” pt.3

Francisco IsaacAbril 3, 20235min0
Portugal conquistou o 2º lugar no Rugby Europe Championship 2023 e Francisco Isaac analisa as exibições dos "Lobos" em 3 partes

Chegamos à terceira e última parte da análise sobre a selecção nacional de Portugal no Rugby Europe Championship 2023, e depois de termos olhado para os dados individuais, construção dos ensaios, ideias por detrás, números, é altura de elegermos os melhores desta 1ª fase de Test Matches deste ano!

MVP NOS AVANÇADOS: NICOLÁS MARTINS (3ª LINHA)

Nesta luta entre avançados, admitimos que não foi fácil optar por um, uma vez que três jogadores estiveram a um nível soberbo, não desmerecendo o trabalho e capacidade de trabalho e/ou engenho dos restantes. Quem são eles? José Madeira, Thibault de Freitas, e Nicolás Martins. Vamos falar rapidamente nos dois primeiros para passarmos ao MVP deste REC 2023, começando pelo segunda-linha do Grenoble Rugby, que voltou a ser impressionante em todos os aspectos, seja na defesa (dos melhores e principais placadores), trabalho sem bola (dos jogadores com maior taxa de sucesso em incomodar no breakdown), poder no alinhamento (três roubos), engenho para “inventar” (o tal ensaio frente à Roménia), e apoio ao placador.

Já Thibault de Freitas foi dos jogadores que mais minutos somou, impondo sempre um estilo combativo e que criou sucessivas dificuldades à 3ª linha contrária na formação-ordenada, fechando bem os espaços de acesso do médio-de-abertura contrário, isto sem falar da qualidade a transportar a oval.

Posto isto, é altura de falarmos de Nicolás Martins, e do porquê de merecer o destaque… o jovem asa do Soyaux Angoulême XV Charente foi dos jogadores com melhor taxa de aproveitamento em três parâmetros defensivos: placagem (100%), turnovers nos rucks ou contacto (4) e placagens dominantes (3). A agilidade física combinada com um discernimento para saber quando e em que zona actuar foram preponderantes para Portugal ter tido mais sucesso nesta campanha, com Martins ainda a mostrar bom trabalho nas fases-estáticas, tanto no seu processo como no desenvolvimento, criando um impacto sentido na forma como o pack dos “Lobos” se manobrava ou dominava o adversário. Naquela que está a ser a sua segunda época como internacional “A”, e no qual atingiu a 5ª internacionalização na final, Nicolás Martins arrebatou-nos durante este Rugby Europe Championship 2023, e é o MVP no bloco dos avançados.

MVP NOS 3/4’S: RODRIGO MARTA (PONTA/CENTRO)

Como nos avançados, a escolha pelo melhor acabou discutida a três:  José Lima, Nuno Sousa Guedes e Rodrigo Marta. Em relação aos dois primeiros, é importante referir que o centro foi inegavelmente uma das chaves para os “Lobos” terem se mostrado avassaladores no controlo da oval, impondo boas combinações de ataque, com o atleta do RC Narbonnais a conseguir quatro quebras-de-linha, oito defesas batidos e umas incríveis cinco assistências para ensaio. Já o defesa do CDUP foi constantemente um problema para as equipas adversárias de Portugal neste Rugby Europe Championship 2023, lançando excelentes contra-ataques à mão, ou a submeter grande pressão através de um jogo ao pé refinado e inteligente, criando bons emparelhamentos com o três-de-trás português.

E, então, porquê Rodrigo Marta? Bem, três razões, com a primeira a ser o facto de ter mostrado a mesma qualidade exibicional tanto como ponta ou centro, injectando uma intensidade e dinamismo contagiante e, na maioria das vezes, disruptivo para o bloco opositor. Depois os números, com o facto de ter sido o melhor marcador de ensaios de Portugal, o jogador com mais quebras-de-linha da competição (14), mais defesas batidos (29), mais metros conquistados (338) e maior taxa de eficácia na captação de pontapés, sendo factos suficientes para perceber o impacto do atleta do Dax na selecção. E, por fim, o perigo que consegue gerar sem bola, algo bem visto nos jogos contra a Espanha e Roménia, assumindo um peso total na forma como os “Lobos” de Patrice Lagisquet se movem em campo, e forçam problemas constantes.

AFIRMAÇÃO DE 2023: DAVID COSTA (PILAR)

O primeira-linha de 23 anos e jogador do GD Direito foi um dos melhores jogadores portugueses neste Rugby Europe Championship 2023, destacando-se na formação-ordenada (apenas duas penalidades cometidas e duas forçadas), onde a capacidade de entrega foi estrondosa, isto sem falar dos números de nível na defesa, com 45 placagens efectivas (3 falhadas) e um turnover. A exibição de gala frente à Roménia foi importante, especialmente quando estamos em ano de Campeonato do Mundo, com David Costa a oferecer soluções ao staff técnico, com as quatro titularidades em cinco jogos a ser prova da confiança que o pilar merece neste momento, estando na luta por um lugar na primeira-linha titular.

DESEMPENHO DE PATRICE LAGISQUET (E STAFF): NOTA 5

Sim, Patrice Lagisquet, Luís Pissarra, João Mirra, e os restantes membros do staff nacional português queriam o título, e sentiram que os últimos 20 minutos da final do Rugby Europe Championship poderiam ter sido melhores, mas é impossível dizer que os “Lobos” não foram dominantes em 90% da competição, tendo mesmo sido a melhor a equipa na primeira-parte frente à Geórgia. 28 ensaios marcados, 11 sofridos, 195 pontos marcados, 88 pontos sofridos, e o 2º melhor resultado de sempre das cores nacionais em provas internacionais da FIRA/Rugby Europe nos últimos 50 anos, sendo suficiente para perceber o quão dominante Portugal foi durante toda a campanha.

Em 2023, os “Lobos” conseguiram somar a maior vitória de sempre frente à Roménia (maior margem e resultado), derrotaram a Espanha, e disputaram o resultado com a Geórgia, lembrando que já em 2022 a selecção nacional forçou um empate aos Lelos. A qualidade de jogo da selecção nacional entusiasma, está assente em dogmas dinâmicos com uma intensidade ligada à eletricidade, com só as fases-estáticas a precisarem de uns ligeiros acertos, mais especificamente os alinhamentos (contra a Espanha só 50% foram conquistados). Temporada de crescimento assinalável, com uma equipa mais madura e que tem se assumido não como “surpresa”, mas sim como certeza.


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