Portugal falha acesso à final – o “Cross Kick” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 10, 20225min0

Portugal falha acesso à final – o “Cross Kick” do Europeu de sub-20

Francisco IsaacNovembro 10, 20225min0
Portugal não estará na final do Rugby Europe Championship 2020, e fica entregue à luta pelo bronze, num percalço inesperado para a selecção sub-20

Ao fim de 5 épocas de Portugal na final do Rugby Europe Championship de sub-20, os “Lobos” deste escalão de formação falham o jogo da luta pelo título de campeão, depois de consentirem uma derrota frente aos Países Baixos por 19-14, sendo um dos maiores dissabores da temporada internacional do rugby nacional que explicamos como aconteceu nos seguintes três pontos.

MVP: PEDRO LOPES (TALONADOR)

Numa meia-final que acabou da pior forma possível, alguns jogadores conseguiram se sobressair e mostraram uma maior clarividência e capacidade anímica, tendo carregado os “Lobos” sub-20 até ao último minuto, mantendo a discussão pela vitória até ao suspiro final. Gonçalo Costa, Salvador Cunha (excelente entrada a partir do banco de suplentes, trouxe outra rotação à posição de formação, aplicou uma assertividade maior no passe e colocou mais dificuldades aos Países Baixos), Manuel Salgado, José Ferreira e Pedro Lopes foram os nomes que mais nos sobressaíram e que entram na descrição atrás feita, com o talonador português a merecer uma atenção maior pela agressividade, fisicalidade e espírito imposto durante todos os 80 minutos.

A exigência física saída do corpo do primeira-linha português foi extremamente dura, e mesmo assim terminou o encontro a conseguir guiar a formação-ordenada para desmantelar a oposição neerlandesa – Afonso Tapadinhas entrou muito bem no jogo e ofereceu outro poder nesta fase-estática -, colocando uma série de placagens e apoios ao portador de bola de excelência, mantendo sempre uma intensidade alta e constante que  foi essencial para a avançada portuguesa conseguir dar boa resposta a partir das suas fases-estáticas, ou do jogo mais em redor do ruck. Envolveu-se positivamente bem no jogo corrido, com um par de entradas de impacto, aglomerando placadores em seu redor, sendo sempre veloz a sair do chão para voltar estar ao serviço da sua equipa.

Um talonador com as qualidades necessárias para chegar a outro patamar, como mostrou nesta meia-final do Rugby Europe Championship de sub-20.

PONTO ALTO: FORMAÇÃO-ORDENADA DEU A RESPOSTA

Uns 43 minutos iniciais para esquecer, especialmente nos primeiros minutos da 1ª e 2ª parte, altura em que Portugal consentiu 16 pontos, onde se assistiu a uma equipa apática, com poucas soluções no jogo aberto, notando-se um tremer preocupante na transmissão da bola entre unidades da linha de 3/4’s, seguindo-se um reerguer e um acreditar que era possível dar a volta ao resultado naqueles 35 minutos finais (o tempo de jogo foi bem para lá da hora regulamentar, devido a uma sequência de penalidades e faltas criadas pela formação neerlandesa), em que a entrada de Salvador Cunha acabou por ser fundamental para injectar outra fluidez à manobra atacante.

Este é um dos pontos positivos desta derrota no Rugby Europe Championship, a resposta vinda do banco de suplentes que foram capazes de conferir outra eficiência e letalidade ao jogo, permitindo assim às unidades mais “virtuosas” como Gonçalo Costa, Manuel Salgado ou José Ferreira saírem a jogar com mais espaço – durante os primeiros 40 minutos tiveram de ir procurar bola e situações de ataque em pontos do jogo que não lhes eram favoráveis -, o que acabou por ajudar a equipa a se transportar e, até, acampar dentro do meio-campo dos Países Baixos.

Para esse domínio territorial entrar em exercício foi, também, importante a formação-ordenada e alinhamento, com o primeiro elemento a garantir uma boa plataforma de ataque que devia ter ainda penalizado mais os jogadores neerlandeses, especialmente naquela última penalidade, apesar de sabermos do risco de rapidamente o juiz-de-jogo poder alterar o sentido da falta, sendo um risco menor em comparação com o alinhamento e maul.

PONTO A MELHORAR: APATIA E FALTA DE SOLUÇÕES PÔS FIM AO SONHO DO TÍTULO

Os últimos 10 minutos desta meia-final foram, para quem assistiu em directo, extremamente emotivas e, para os adeptos portugueses, frustrante, uma vez que Portugal parecia estar sempre muito perto de conseguir o ensaio do empate, tendo sido negado esse resultado graças não só a uma excelente defesa neerlandesa, como também alguns erros de análise e de decisão dos “Lobos”, que se deixaram ir na intensidade e emotividade do encontro.

Os primeiros 43 minutos foram de uma apatia geral, descontrolo parcial na estratégia de jogo com a oval a soluçar numa parte considerável das transmissões e recepções de passe, e falta de lucidez para aproveitar os (poucos) erros cometidos pelos adversários do conjunto português neste jogo decisivo para chegar à luta pelo ouro no Rugby Europe Championship. Faltou mais liderança, um fio condutor de jogo mais estável e coerente, e outra capacidade de leitura de como não alimentar o jogo ao pé dos Países Baixos, para além de ter mais calma no gerir as emoções naquele trecho final do jogo.

Verdade que poderiam ter sido assinalados dois ensaios de penalidade a favor de Portugal – jogo ilegal no ar sob José Ferreira e derrube intencional no maul quando a bola se encaminhava para a linha-de-ensaio -, mas foi notório que quando estes sub-20 quiseram realmente dominar o encontro, assim o conseguiram.

Foto de Destaque de Miguel Rodrigues Fotografia


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