Portugal está na final! – o “Cross Kick” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacOutubro 5, 20225min0

Portugal está na final! – o “Cross Kick” do Europeu de sub-18

Francisco IsaacOutubro 5, 20225min0
Nervos, pontapés aos postes e emoção no fim, Portugal vai voltar a estar na final do Europeu de sub-18! Fica a saber o que se passou na meia-final

Jogo nada divertido para quem acompanhou do princípio ao fim esta meia-final do Campeonato da Europa de sub-18, já que Portugal depois de ter conquistado uma vantagem larga no marcador no início da 2ª parte (18-05), acabou por permitir que a Espanha ultrapassasse no marcador, com os portugueses a arrancar o empate nos últimos minutos, resultado numa igualdade a 21 pontos no fim do tempo regulamentar. E o que se seguiu? Pontapés aos postes! Aí os Lobos sub-18 tiveram mais força mental e engenho para garantir o acesso à final pelo 2º ano consecutivo.

MVP: GUILHERME VASCONCELOS (CENTRO)

Em todos os melhores momentos de Portugal, Guilherme Vasconcelos esteve sempre presente, apresentando um conjunto de elementos técnicos e físicos que foram fazendo a diferença na disputa directa com o adversário, com o centro a ser fundamental em dois factores: placagem e domínio defensivo na sua zona de acção; e capacidade para inventar soluções sob pressão, para além de ter dado um apoio agressivo constante aos seus colegas de equipa.

A genialidade desenhada no primeiro ensaio de Portugal foi estonteante, apanhando o adversário completamente desprevenido, com isto a facilitar a missão de Francisco Perloiro (excelente o ponta a perceber onde a oval ia cair), sem falar de como foi tirou espaço de manobra ao ataque contrário, forçando até duas penalidades no chão à Espanha, o que mostra aqui a sua polivalência e capacidade para efectuar diferentes papéis dependendo das necessidades da equipa.

Pode não capturar a atenção num primeiro momento, contudo, Guilherme Vasconcelos tem todos aqueles pormenores que se procura não só num centro, mas numa unidade de dinamismo alto: imprevisibilidade, certeza nas suas acções, agressividade bem calculada, destreza ágil, e velocidade de movimentos técnicos, quer seja a chutar, ir ao breakdown ou placar.

PONTO ALTO: AGRESSIVIDADE RESULTOU EM PONTOS

Qual foi a principal diferença entre Portugal e Espanha nos primeiros 35 minutos? A agressividade e a forma como ambas as equipas se impunham no contacto, com os atletas portugueses de João Uva e Miguel Leal a estarem num patamar superior em comparação com o seu rival desta meia-final do Campeonato da Europa de sub-18. Cada placagem ou ida ao breakdown era “afiada”, apontada para não só causar dano no adversário – os Leones foram forçados a substituir três jogadores por lesão no decorrer da primeira-parte -, mas também para criar um ponto de domínio, servindo quase como uma injeção de confiança dos jogadores lusos, que acabaram por se superiorizar nesse período de tempo.

Enquanto Portugal soube disputar bem o alinhamento (durante um período da 2ª parte, deixaram a Espanha ter mais espaço e à vontade, o que gerou problemas), maul, defesa curta ou longa, breakdown, e pontapés, o domínio do jogo esteve nas suas mãos, colocando a equipa contrária num estado de nervos completo e que foi lhes tirando confiança mental e técnica para tentarem explorar o jogo exterior e nos corredores.

Quando esta agressividade sucumbiu à pressão de um possível desespero da Espanha, Portugal acabou por ficar entregue à defesa e a ver o adversário a crescer, permitindo não só um empate, como uma desvantagem que acabou por voltar à igualdade já quando nos aproximávamos do último minuto do tempo regulamentar.

PONTO A REVER: DISCIPLINA PODIA TER CUSTADO UMA FINAL

17 penalidades, dois cartões amarelos, e uma queda anímica que poderia ter custado a revalidação da final no Campeonato da Europa de sub-18, a disciplina de Portugal foi um vector profundamente negativo e que deixou alguma amargura a quem via de fora, pois foi visível a desnecessidade de enveredar por um certo tipo de hostilização, com este factor a só ajudar à recuperação da Espanha. Naquilo que parecia ser uma repetição da final do Europeu de sub-20 de 2021, a selecção portuguesa foi para lá dos limites da legalidade de várias situações, gerando uma série de conflitos – que se percebeu algo intencional, de modo a tirar os Leones da sua zona de conforto – que acabariam por forçar o juiz-de-jogo a exigir contenção emocional.

Quando a capacidade física conseguia manter a mesma bitola interruptamente, era fácil para os jovens jogadores portugueses recuperarem de uma penalidade ou de uma situação de desvantagem, indo buscar a oval na sequência seguinte, impedindo que se gerasse ensaio ou pontos da Espanha, como ficou visto e bem observado nos primeiros 45 minutos do encontro. Porém, mal o “pulmão” geral começou a não bombear com semelhante harmonia, surgiram erros e falhas que resultaram na reviravolta no marcador a favor da Espanha.

No fim, Portugal voltou a um bom mindset e garantiu uma vitória importante e que resultou no acesso à final do Campeonato da Europa de sub-18 2022.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS