Portugal e o tour a África: XV e dados sobre a Namíbia

Francisco IsaacJulho 10, 20245min0

Portugal e o tour a África: XV e dados sobre a Namíbia

Francisco IsaacJulho 10, 20245min0
Portugal vai estar em campo neste Sábado para enfrentar a Namíbia e Francisco Isaac faz uma análise ao que esperar da equipa da casa

Portugal entra em campo neste Sábado dia 13 de Julho com a Namíbia a ser o primeiro adversário dos lobos neste Tour a África, uma selecção que também esteve presente no último Campeonato do Mundo da modalidade e que vai lutar pela vitória. Mas o que sabemos sobre os Welwitschias? Vão poder contar com o seu melhor 23? E quais são as principais forças e fragilidades? Aqui fica uma análise com a resposta a estas três perguntas!

NAMÍBIA: ENTRE A ESTAGNAÇÃO E EVOLUÇÃO

A par da África do Sul, a Namíbia é uma das três únicas selecções africanas a ter pisado os relvados de Campeonatos do Mundo, muito devido à qualificação facilitada e que lhes tem permitido contornar os diversos e profundos problemas  que têm assolado a federação desde a primeira década do século XXI. A estagnação é o cenário actual da segunda federação mais poderosa de África, já que nem tem sido capaz de apresentar um conjunto sério nas Currie Cup ou definir um campeonato local, perdendo nessa frente até contra a Costa do Marfim, Madagáscar e não só.

Mas o que isto interessa para Sábado? Para perceber que a selecção sénior da Namíbia é a única fonte de “rendimento” e foco de atenção do país, colocando uma pressão extra na equipa e, por outro lado, um investimento superior que por vezes criou crises orçamentais, como se viu entre os de 2014 a 2019. Mesmo nos sub-20 foi ultrapassado pelo Quénia, o que revela um problema extra, agora na renovação da equipa sénior. Outra situação crítica é o facto da selecção principal raramente ter jogos internacionais, sofrendo de longos períodos de inactividade e de falta de ligação entre os atletas convocados. E por falar em convocados…

UM 23 COM EXPERIÊNCIA MAS COM VÁRIAS AUSÊNCIAS

Torsten Van Jaarsveld (retirado), Aranos Coetzee (retirado), Tiaan de Klerk, Des Sethie, Richard Hardwick, Damian Stevens, JC Greyling, Gerswin Mouton, Johan Deysel e Cliven Loubser são as ausências mais notáveis e que vão fazer alguma mossa na equipa, especialmente Hardwick, Stevens e Greyling. Na avançada, a primeira-linha não é totalmente inexperiente, mas está longe daquilo que apresentou no passado Mundial nesse sector e que poderá sofrer problemas se os Lobos se apresentarem com os seus melhores pilares e talonadores. Depois na 2ª e 3ª linha, as maiores ausências são as de Tiaan de Klerk e Richard Hardwick, dois dos actuais líderes da equipa a par de Prince Gaoseb e Max Katjijeko, os dois melhores jogadores da avançada namibiana.

Por isso no sector dos 8 há ausências de peso, e pode afectar a equipa caso Portugal saiba usar o alinhamento, saídas rápidas a partir da formação-ordenada e intensidade no breakdown, mas já lá iremos às forças e fragilidades. Na linha de 3/4s também se nota um punhado de ausências, em especial Deysel, Greyling e Stevens, três nomes com significativa importância neste conjunto africano. Contudo, e apesar de não estarem esses, a Namíbia vai poder contar com um dos melhores chutadores do Mundo do rugby: Tiaan Swanepoel.

O comandante das linhas atrasadas namibianas é um jogador dinâmico, intenso, inteligente e mordaz, muito similar a Joris Moura, por exemplo, ou até Hugo Aubry, mas com outro nível de experiência e conhecimento. No par de centros também está outra das forças deste conjunto, com Danco Burger e Alcino Isaacs, que já vêm fazendo parelha nos últimos anos, isto quando Deysel não está envolvido na equipa. Concluindo… ambas as selecção não têm o seu melhor 23 disponível, dando oportunidades a jogadores que querem chegar a outro patamar e estatuto.

PESADOS, FÍSICOS E RESILIENTES

Primeiro ponto: a Namíbia gosta de exercer uma fisicalidade agressiva, fazendo bom uso do peso que tem não só nos avançados, como nos 3/4s, o que pode acarretar problemas caso o conjunto português conceda demasiado espaço e não se prepare mentalmente para os primeiros trinta minutos, aquele que costuma ser o melhor período dos Welwitschias. A formação-ordenada não é propriamente um aspecto ultra positivo, mas há qualidade no trabalho na primeira-linha, sendo que a 3ª linha é móvel e inteligente na luta no breakdown, especialmente Gaoseb.

A linha de 3/4s não é inventiva, e nem é reconhecida pela sua audácia, optando por um tipo de jogo mais duro, de recurso aos pontapés curtos e de tentar forçar erros ao adversário através dos constantes choques no contacto. Há uma jogada que costuma ser do seu apanágio já dentro dos 40 metros adversários, com ligação do 10 ao 9 para depois soltar o 13 no canal que ancora adversários para depois inverter para o 10 jogar rápido com a 3ª linha. É algo que só é possível visualizar quando acontece, e que caso não haja segurança e rapidez em amparar os golpes, pode suscitar uma série de dificuldades.

O maul dinâmico é outro pormenor que pode surgir, mas já no Campeonato do Mundo 2023 foram vistas demasiadas dificuldades na sua formação e execução, com Portugal a ter desenvolvido um sistema de resposta sólido e que garante sucesso na maior parte das vezes.

Perante isto, e não sabendo o 23 escolhido por Simon Mannix e João Mirra, é necessário dizer que os Lobos são ligeiros favoritos para este encontro caso entre a melhor equipa em campo, ou com só algumas alterações. O jogo está marcado para o dia 13 de Julho, sendo que a transmissão será anunciada pela Federação Portuguesa de Rugby.


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