A paixão vitoriosa dos Jaguares! – Ronda 9 Super Rugby 2018

Francisco IsaacAbril 14, 20188min0
Surpresa bombástica em Melbourne, com a paixão vitoriosa dos Jaguares a impor uma derrota à suposta melhor equipa australiana em 2018!

UMA VITÓRIA À ARGENTINA: DE RAÇA E MANHA!

Inacreditável a decisão final dos Rebels que num jogo que lhes correu francamente mal, ainda tiveram a ousadia de ir ao alinhamento na última penalidade que podia ter-lhes dado a vitória… a ousadia saiu cara, já que podiam ter se dado por contentes com o empate a 25, mas não, Bill Meakes, o capitão na ausência de Hodge, foi dar “ouvidos” aos seus avançados e acabaram por perder a bola num dos pontos mais fortes dos argentinos: alinhamento e maul.

Mario Ladesma conquista, desta forma, a sua primeira vitória fora de portas na sua estreia em 2018 como treinador da franquia dos Jaguares. Depois de uns primeiros 40 minutos muito duros, em que saíram para o balneário a perder por 17-03, houve uma mudança total de foco com uma segunda parte de raça, força, intensidade e querer.

Passaram de fazer faltas no chão (6) para recuperar a oval de uma forma legal e que colocou a formação da casa irritada, entrando os australianos num acesso de fúria que só resultou em penalidades atrás de penalidades, que Nicolás Sanchez aproveitou para começar a nivelar o resultado.

Ao fim de 70 minutos, os argentinos estavam a poucos pontos de dar a volta ao jogo, com os Rebels a sentirem profundas dificuldades para encontrar espaço e fugir para lá do meio-campo. Nem Mafi, Maddocks, Haylett-Petty ou English conseguiram guiar a equipa na direcção certa, sucumbindo aos “encantos” da avançada móvel e motivada dos Jaguares (Creevy começou no banco mas mal entrou fez uma diferença absoluta).

Aos 74 minutos veio o ensaio de Batista Ezcurra, com o centro a captar a oval e a mergulhar para o ensaio após uma assistência deliciosa de Sánchez! Com a tal decisão final de Meakes, os Rebels acabariam por perder o controlo da bola, com os argentinos a chutar para fora! Vitória por 25-22 e estão na disputa por um lugar nos playoff!

Os Rebels voltam a tropeçar e agora coloca-se a questão: o estado de graça terminou para a formação de Melbourne?

A 1 MÊS DA CONVOCATÓRIA AÍ ESTÁ BEN SMITH

Depois de vários meses de sabática, Ben Smith regressou em Fevereiro aos treinos preparando-se com afinco para estes dois anos decisivos na carreira do melhor defesa dos últimos 5 (ou mais) anos do rugby mundial.

O neozelandês teve um começo “morno” de temporada, prestando mais trabalho no campo da liderança, guiando a sua equipa no sentido certo, ou no disparar de bons pontapés ou em dar a segurança necessária nas costas dos Highlanders.

Contudo, não se tinha visto ainda o Ben Smith do costume a atacar, com aquela passada que nem é curta nem larga, nem é estupidamente veloz mas também não é de um falsa-lentidão, onde os seus skills brilham de uma forma intensa.

Faltava isso aparecer em 2018. Chegamos a um dos jogos mais esperados da 9ª ronda, com a visita dos Brumbies de Pocock ao campo dos Highlanders…. e aí surgiu Ben Smith na vitória por 43-17.

Se na semana passada elogiámos a excelente exibição de David Pocock (esta semana voltou a roubar bolas nos rucks e a placar tudo e todos), esta temos de destacar a participação decisiva de Ben Smith no jogo frente aos australianos.

Foi de longe o jogador que mais metros galgou no encontro, completando mais de uma centena com a oval na mão, com 3 quebras-de-linha, 4 bolas bem recepcionadas no ar (sempre de uma dificuldade extrema) e 6 defesas batidos. Mas o mais importante foram os dois ensaios, ambos decisivos em momentos que os Brumbies tentavam ripostar e igualar o placard.

Se o primeiro é uma corrida em que deixa estatelados três possíveis placadores, o segundo é uma corrida imparável do defesa que vai dos seus 40 metros até à área de validação sem que haja um opositor ao seu nível de explosão e velocidade. Aos 31 anos, Ben Smith fez a decisão certa em tirar a licença sabática, já que voltou ainda melhor, revigorado e com uma “fome” de voltar a dominar na posição de nº15.

LAM, ALAIMALO E BRIDGE… OS TRÊS ASES DO MOMENTO

Ben Lam, Solomon Alaimalo e George Bridge têm cerca de 21 ensaios concretizados ao fim de 9 rondas do Super Rugby… é, no mínimo dos mínimos, impressionante o que os três pontas/defesas andam a fazer na competição.

Bridge tem uma capacidade especial para ler o jogo e finalizar jogadas, apresentando-se como um jogador muito similar a Ben Smith; Ben Lam faz lembrar Rieko Ioane em termos de velocidade, explossão e espectacularidade; e Alaimalo é um jogador diferente que se assemelha a uma mistura de Rokocoko com Howlett (com as devidas diferenças) munido de uns pés velozes e uma ferocidade no contacto única.

Se George Bridge teve o seu fim-de-semana de descanso em virtude da folga dos Crusaders, já Ben Lam e Solomon Alaimalo desafiaram-se no jogo entre Hurricanes e Chiefs, realizado no Westpac Stadium. E que desafio foi!

Na vitória da formação de Wellington, Lam e Alaimalo somaram praticamente 300 metros no total, com mais de 8 quebras de linha (3-4 a favor do ponta dos Chiefs, mas a melhor fuga foi de Lam a passar no meio da defesa atirando dois placadores para o chão), 13 defesas “fintados” (8-7 para o nº11 dos Hurricanes), com Lam a conseguir um ensaio à ponta, atingindo os 9 na competição.

Alaimalo pode não ter feito o “gosto à mão”, mas foi um dos veículos pla qual a equipa forasteira conseguiu avançar no terreno por diversas vezes, com um excelente trabalho de pés, um tremendo sentido de oportunidade que dá outra consistência ao três-de-trás da equipa de Colin Cooper.

Curiosamente, nenhum destes três é internacional pelos All Blacks… será que Bridge vai conseguir a convocatória? Ou será o ex-7’s Ben Lam a ter uma oportunidade para fugir pela ala? Ou será o estreante Solomon Alaimalo a juntar-se aos test camps dos Bicampeões mundiais?

A FORÇA DOS WARATAHS E O ENGENHO DOS REDS

Um dos clássicos mais aguardados do Super Rugby 2018 correu da melhor forma para os espectadores da oval, já que Waratahs e Reds efectuaram um jogo de boa qualidade, com excelentes ensaios, placagens de levantar o estádio, turnovers “mágicos” e de erros incalculáveis.

De um lado estava a super-equipa com Michael Hooper, Bernard Foley, Ned Hannigan e Kurtley Beale, do outro estavam os “jovens” Caleb Timu, Chris Feauai-Sautia, Samu Kerevi e Filipo Daugunu… ou seja, este jogo tinha tudo para dar um espectacular jogo de Super Rugby.

Durante os primeiros 40 minutos, existiu um equilibrio tanto em termos de território (53/47 em prol dos tahs’), como de posse de bola (os Reds tiveram mais mas nunca utilizaram-na da melhor forma) como de oportunidades, com a equipa da casa a ser a única a chegar à linha de ensaio.

Nayaravoro estava a ter pouco espaço para fugir pela linha, tendo mesmo deixado escapar um ensaio em cima da área de validação, já que uma soberba placagem de Daugunu provocou que o ponta a largasse para a frente, enquanto que os Reds não encontravam forma de pôr a oval nas mãos dos jogadores certos para partir a defesa e sair disparados até aos últimos metros.

Faltou, essencialmente, paciência às duas franquias australianas, que estavam mais focadas em atingir uma boa vantagem de forma célere, do que construir o jogo e de dar boa conclusão a uma série de sequências de fases à mão.

No regresso do intervalo o encontro ganhou contornos mais “fantásticos” como o resultado final de 37-16 conta. Os Waratahs aproveitaram com eficência as suas (poucas) hipóteses de ir até à linha de ensaio, com Taqele Nayavoro a conseguir marcar, praticamente, um ensaio de praça-a-praça após uma intercepção fácil, resultado de um péssimo passe de Jono Lance.

Os Reds por sua vez estiveram mais de 3 minutos (média) no último terço do terreno, mas foi rara a jogada que corresse da melhor forma, com passes errados, turnovers permitidos, bolas mal captadas ou mauls mal construídos… faltou essencialmente uma voz de comando, uma maior estabilidade táctica e um sentido apurado de oportunidade.

Os Waratahs continuaram a marcar ensaios e acabariam mesmo por chegar ao ponto de bónus que lhes garantiu três pontos de vantagem sobre o 2º classificado da conferência australiana.

DESTAQUES

MVP da Ronda: Taqele Naiyaravoro (Waratahs)
Jogo da Ronda: Waratahs-Reds
Placador da Ronda: Pieter Labuschagne (Sunwolves)
Agitador da Ronda: Ben Lam (Hurricanes)
Vilão da Ronda: Bill Meakes / avançada (Rebels)


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