Os 3 destaques do Portugal-Austrália”A” no caminho para o Mundial 2023

Francisco IsaacAgosto 26, 20235min0

Os 3 destaques do Portugal-Austrália”A” no caminho para o Mundial 2023

Francisco IsaacAgosto 26, 20235min0
Francisco Isaac faz a análise do último jogo de preparação de Portugal para o Mundial 2023, com Nicolás Martins a ter sido o MVP

Não acabou em vitória, mas Portugal realizou uma estupenda exibição frente à segunda equipa dos Wallabies, conseguindo mesmo sair para o intervalo na frente por 2 pontos, lutando pela vitória até ao suspiro final, e estes são os 3 destaques a retirar deste último encontro de preparação para o Mundial 2023!

MVP: NICOLÁS MARTINS (ASA)

Que monstruosa prestação do nº7 de Portugal que terminou o encontro com um ensaio marcado, 17 placagens efectivas, três turnovers, dois alinhamentos roubados ao adversário e mais de 40 metros de conquista com a oval em seu poder.

A fisicalidade imposta foi notória e fez a diferença na luta no breakdown, impondo uma pressão desconcertante à Austrália “A”, especialmente em momentos em que estes se aproximaram da linha-de-ensaio com perigo. Inteligente na forma como placava, Nicolás Martins rapidamente se reerguia do contacto e voltava a estar pronto para nova acção defensiva, numa demonstração estrondosa do momento de forma que vive nos últimos meses.

Já no que toca às suas acções na manobra ofensiva, o 3ª linha foi dos mais complicados de parar, irrompendo em várias placagens e a conquistar boas linhas-de-vantagem a favor dos “lobos”, isto sem falar do ensaio que marcou ou o par de jogadas iniciadas com impacto positivo no jogo.

A par destas acções, a sua influência no alinhamento foi sentida, conseguindo estorvar algumas introduções da oposição, com o timing de salto a ser perfeito. A melhor exibição desta noite, a par de Samuel Marques, José Lima, José Madeira e João Granate, com Patrice Lagisquet a ter razões para sorrir pela forma como estas exibições individuais conectaram-se bem com a parte colectiva.

PONTO ALTO: INTENSIDADE ALTA E DESCONCERTANTE!

Os “lobos” estiveram durante 65 minutos num ritmo altamente intenso e que na primeira-parte causou sérios problemas à Austrália “A”, procurando constantemente semear o caos e o inesperado, o que acabou por render dois ensaios e mais uns quantos pontos ao pé, para além de ter efectivamente colocado a equipa contrária encostada aos seus 22 metros durante certos períodos do jogo.

Com Samuel Marques a organizar e a excitar os seus colegas, jogando excelentemente com Jerónimo Portela (bom retorno à titularidade) e Nuno Sousa Guedes, Portugal foi desenhando excelentes movimentações ofensivas, que podiam ter terminado em ensaios com um pouco mais de calma no último terço.

Mas, a energia, agressividade, velocidade e imprevisibilidade foi inacreditável e animou o espectáculo, com a selecção nacional a demonstrar as mesmas virtudes já vistas frente aos Estados Unidos da América, Roménia, Espanha ou Geórgia, estando cada vez mais perto de ser um ataque consistente, sendo que só falta afinar os offloads sem destino e que acabam por trazer mais problemas.

Dois ensaios frente a uma selecção carregada de estrelas dos Wallabies, e que têm mais internacionalizações somadas que o XV que vai defrontar a França neste Domingo, numa clara prova que Portugal está no caminho certo para causar furar e surpresas em França.

PONTO A MELHORAR: INDISCIPLINA FOI A RAZÃO DA QUEDA

19 penalidades cometidas… um número que nada agrada à equipa técnica e que no Mundial 2023 poderá ser um problema crasso, caso Portugal não consiga limar estas arestas. Seja por “mãos” a mais no ruck, foras-de-jogo, chegadas tardias ao breakdown, formação-ordenada (esteve bem mais estável que no jogo com os Estados Unidos da América) ou de outra índole, a verdade é que foram excessivas e acabaram por ajudar a construir a reviravolta final da equipa adversária. Muitas destas penalidades são geradas por excessiva pressa em recuperar a oval ou sair a jogar, acrescentando uma dose de caos desnecessária.

O acompanhamento ao portador de bola por vezes é mais “lento”, o que força a deixar cair uma penalidade para impedir uma recuperação rápida do adversário, ou o tentar desacelerar o ataque contrário para permitir a reposição defensiva, foram os pontos mais negativos neste aspecto.

De qualquer forma, a natureza deste jogo parece ter levado a estes “excessos” e mal chegue o Mundial 2023, Portugal estará efectivamente noutro patamar e pronto para o desafio.


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