O ano de 2022 para o rugby português: resultados e objectivos

Francisco IsaacDezembro 5, 20227min0

O ano de 2022 para o rugby português: resultados e objectivos

Francisco IsaacDezembro 5, 20227min0
Seja o feminino ou masculino, os 7's ou XV, o rugby português teve um ano de 2022 de alta qualidade e contamos-te o que se passou neste artigo

Revemos o que se passou em 2022 com as selecções nacionais séniores, de formação, quer masculina ou feminina, do XV ao 7’s, num ano de glória e bons resultados no geral para o rugby nacional.

O FEITO: PORTUGAL ESTÁ NO MUNDIAL 2023

Não há dúvidas que o principal feito deste ano de 2022 vai para a qualificação dos “Lobos” para o próximo Campeonato do Mundo, conseguindo realizar um Torneio de Qualificação imaculado, com duas vitórias e um empate, mostrando o seu melhor rugby quando era mais necessário. Verdade que o Rugby Europe Championship acabou por terminar numa monumental desilusão, com as duas derrotas ante Roménia e Espanha a serem decisivas para aquilo que seria, à altura, o “adeus” ao sonho de chegar ao próximo Campeonato do Mundo, surgindo depois a tal última oportunidade quando os “Leones” viram-se desqualificados por utilização indevida de um dos seus atletas.

Depois dos homens de Patrice Lagisquet ultrapassarem a desilusão, a verdade é que rapidamente os “Lobos” voltaram ao trabalho, e souberam tirar ilações importantes tanto do REC 2022 como da Janela dos Internacionais de Verão, garantindo as ferramentas necessárias para olhar para Novembro com bons olhos, mesmo que um dos adversários era um super-candidato (Estados Unidos da América). Do acreditar no sonho à desilusão, para voltar a embarcar na viagem rumo a França 2023, a selecção sénior masculina de XV acabou por ofertar o maior presente da temporada ao rugby nacional com um apuramento memorável e adornado com tons de sofrimento e alegria ao bom gosto da oval lusa.

O REGISTO DE SUCESSO: LOBAS IMPARÁVEIS

Três vitórias e apenas uma derrota no ano de retorno à actividade no XV, um registo minimamente impressionante para as “Lobas” e que promete ser o catalisador perfeito para convencer as lides desportivas portuguesas a querer apostar no rugby feminino nacional, ajudando a essa comunidade a dar o mais que merecido salto a nível internacional. João Moura e as atletas que compuseram este ramalhete da selecção feminina sénior de XV merecem todos os elogios possíveis depois de terem sido capazes de dar passos assertivos e poderem sonhar com algo mais, já que se fala de uma expansão no Women’s Rugby Europe Championship, com a selecção portuguesa a estar, para já, num bom lugar para poder ser promovida ao principal nível do rugby feminino da Rugby Europe.

Neuza Reis, Adelina Costa, Sara Moreira, Mariana Marques, Inês Spínola, Mariana Santos (sensacional tanto no XV como nos 7’s), Daniela Correia, Maria Costa, Márcia Santos, Beatriz Rodrigues, entre outras atletas, foram responsáveis por demonstrar que o rugby feminino português tem as condições mínimas e necessárias para querer chegar a outro patamar, impondo uma paixão, artimanha e alegria em campo totalmente contagiante.

A CONFIRMAÇÃO: SUB-18 E UM CASO DE AMOR COM FINAIS

Miguel Leal e João Uva conseguiram dar a melhor continuidade aos resultados que Rui Carvoeira e Francisco Branco alcançaram nos sub-18 entre 2015 e 2018, com a nova equipa técnica nacional a garantir nova final para os sub-18 em 2022, derrotando a Espanha na marcação de pontapés aos postes, numa das meias-finais mais emotivas dos últimos 10 anos para este escalão. Mas estarão estes sub-18 a crescer, ou a ida às finais deve-se à ausência da França (não está na competição desde que perdeu para a Geórgia em 2018)?

É inegável que estes sub-18 têm sido bafejados por um talento imenso de várias novas promessas do rugby nacional, como Mateus Ferreira, Duarte Cortes, Manuel Vareiro, Henrique Cortes, Bernardo Cardoso, Sebastião Petronilho, Manuel Meneres, Diogo Raposo, Guilherme Vasconcelos, Pedro Correia ou Francisco Perloiro, e que existe uma lógica de jogo bem interessante desenvolvida pela equipa técnica, assente numa agressividade positiva e de querer procurar soluções através de um jogo ao pé inteligente e um sistema de jogo ritmado por uma boa intensidade, o que tem garantido um ascendente ante o principal rival de Portugal, a Espanha, e a chegada à final da maior competição internacional deste escalão. Depois da ida inédita à discussão do título de campeão em 2021, 2022 veio a confirmar o mesmo cenário, não sendo uma excepção, mas sim uma confirmação.

A DESILUSÃO: SUB-20 E UM ESCORREGAR INESPERADO

Nem tudo poderia ser positivo nesta lista, e a eliminação precoce dos sub-20 no Campeonato da Europa deste escalão acabou por ser a maior desilusão da temporada, com a derrota frente aos Países Baixos a afastarem os “Lobos” de participar no próximo World Rugby Trophy. Demasiados erros, excessiva indisciplina, umas quantas inesperadas lesões e um fio-de-jogo pouco claro, foram os ingredientes que levaram à derrota frente ao conjunto neerlandês, atirando os comandados de João Luís e Nuno Damasceno para um 3º lugar que terá de ser o estímulo necessário para em 2023 voltarem melhor e com outras competências.

A REFLEXÃO: HÁ QUALIDADE NOS SEVENS PARA MAIS?

Respondendo directamente à pergunta: para o feminino sim, há espaço para mais mas é necessário garantir ajudas e apoios à equipa técnica nacional, para além de ser fulcral desenvolver que uma parte das atletas se dedique exclusivamente aos 7’s a nível internacional; no masculino, a resposta também é na direcção do sim, sendo que para isso é necessário voltar a investir nas competições internas dos 7’s (os clubes têm de se juntar e se preocupar a reactivar o campeonato nacional, com o apoio total da Federação Portuguesa de Rugby) e construir um programa minimamente lógico e interessante para os atletas que podem estar interessados em se dedicar exclusivamente à variante.

Portugal no masculino perdeu o comboio para a Alemanha, Bélgica e Itália, já para não falar que apanhou alguns sustos frente a conjuntos como a Lituânia, e para 2023 é necessário encontrar um caminho diferente, de crescimento credível e sustentável, mesmo que a maior parte dos esforços esteja alocado ao XV. A ida ao Campeonato do Mundo de 7’s foi um momento extremamente positivo, mas não foi o ponto de viragem para os 7’s, até porque os atletas continuam a pedir mais atenção e apoio para os 7’s, como o capitão Rodrigo Freudenthal explicou ao Fair Play.

PRÉMIOS INDIVIDUAIS FAIR PLAY

Melhor atleta XV masculino: Samuel Marques (Carcassonne)
Melhor atleta XV feminino: Mariana Marques (Valkyries Normandie RC)
Melhor atleta 7’s feminino: Mariana Santos (Agrária)
Melhor atleta 7’s masculino: Rodrigo Freudenhtal (CF “Os Belenenses”)
Melhor atleta jovem: Gonçalo Costa (Moseley Birmingham)
Capitão do Ano: Tomás Appleton (CDUL)
Melhor atleta a jogar no Estrangeiro: José Madeira (Grenoble Rugby)

RESULTADOS DAS SELECÇÕES

XV sénior masculino: Apuramento para o Campeonato do Mundo 2023 através do Torneio de Qualificação;
XV sénior feminino: Apuramento para o Rugby Europe Championship continua em 2023, mas em 2022 não perderam para o Trophy;
7’s sénior masculino: 5º lugar no Rugby Europe Championship | Apuramento para o Campeonato do Mundo já jogado em Setembro passado;
7’s sénior feminino: 3º lugar e apuramento para o Rugby Europe Championship 7’s 2023;
Sub-18 masculino: 2º lugar no Rugby Europe Championship;
Sub-20 masculino: 3º lugar no Rugby Europe Championship;
7’s sub-18 femininos: 9º lugar no Rugby Europe Championship;
7’s sub-20 masculinos: 3º lugar no Rugby Europe Championship;


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