Mitre10 4ª Jor – Canterbury regressa às vitórias “graças” ao Golden Point!

Francisco IsaacOutubro 4, 20207min0

Mitre10 4ª Jor – Canterbury regressa às vitórias “graças” ao Golden Point!

Francisco IsaacOutubro 4, 20207min0
Foi o primeiro jogo a ser decidido após os 80 minutos e o ensaio de ouro calhou para os lados de Canterbury, depois de terem estado a perder durante toda a 2ª parte! Mais uma análise à Mitre10, desta feita à 4ª jornada da competição neozelandesa de províncias

Se a luta pelo Ranfurly Shield foi novamente desenhada com contornos titânicos em termos de emoção, o que dizer do clássico entre Canterbury e Wellington que foi forçado a ir ao primeiro prolongamento da Mitre10 Cup 2020/2021, com a equipa do sul a garantir os 4 pontos através de uma intercepção inesperada mas imperdível!

As nossas picks da 4ª jornada da competição provincial neozelandesa… concordas?

A MELHOR EQUIPA DA JORNADA: CANTERBURY

Um detalhe ditou o destino final do encontro entre Canterbury e Wellington, com uma intercepção primorosa de Isaiah Punivai quando já estávamos dentro daquele período especial do Golden Point, ou seja, um prolongamento de 10 minutos que se estabelece após se registar um empate no tempo normal de jogo. Mas recuemos ao início e meio para perceber até que ponto a formação de Canterbury mereceu o destaque da Melhor Equipa da 4ª jornada da Mitre10.

Os da casa começaram praticamente na frente do resultado e foram capazes de suster aquela irreverência que os leões de Wellington têm sido responsáveis neste arranque de época, limitando as roturas defensivas através de uma defesa paciente mas móvel, calculista mas altamente reacionária a fazer um jackal que garantiu turnovers preciosos pelas acção de Tom Christie (belo jogo do asa de 20 anos, com 14 placagens e um ensaio), Tom Sanders e Mitchell Dunshea, o mais recente nome chamado aos All Blacks por virtude da lesão de Quinten Strange.

O domínio na defesa foi essencial para Canterbury começar a ganhar espaço para ir arriscando em alguns set-pieces diferentes e que procuravam criar alguma desorientação nos seus adversários, especialmente através de combos como o 9-12-15 após um alinhamento curto ou na colocação dos asas como movimentadores de bola junto às linhas de fora, tendo finalmente dado “frutos” aos 20 minutos jogo com um belo ensaio finalizado por Mitch Drummond – o toque de midas de Manasa Mataele na jogada está só ao alcance dos virtuosos.

A vantagem de 6 pontos na primeira-parte (18-12) era justa e até pecou por escassa e acabou por oferecer assim uma rampa de esperança aos jogadores de Wellington, que operariam uma reviravolta no marcador muito graças por aquela imprevisibilidade de algumas das suas principais unidades como Vince Aso, Peter Umaga-Jensen (não pára de se assumir como um futuro candidato a um lugar nas escolhas para centros da selecção neozelandesa) ou Billy Proctor.

Porém, Canterbury continuou a ser visivelmente o elenco mais poderoso e dominador, controlando a bola durante longos períodos da 2ª parte mas que por vezes ficou aquém do esperado na hora de concluir as movimentações ou jogadas, surgindo algumas precipitações que em jogos anteriores ditaram derrotas. Quando a vitória parecia já não escapar a Wellington, surgiu aquela faceta do tudo é possível de Canterbury, com um ensaio de trabalho total dos seus avançados finalizado por Tom Christie, forçando o encontro a ir para o tal Golden Point, que acabaria com os gritos e hurras de vitórias do lado da equipa visitada.

Foi a primeira grande exibição da temporada para Canterbury que parece ter se encontrado depois de duas derrotas amargas nas duas jornadas anteriores e tudo foi baseado naquela lógica “irritante”: cinco da frente rigoroso, terceira-linha arrogantebully, formação e abertura compactos e uma restante linha de 3/4’s talentosa e com aquele jeito para inventar erros na defesa contrária.

A SURPRESA: NORTH HARBOUR

Tasman, a super equipa da temporada, finalmente tropeçou na Mitre10 (manteve a liderança no entanto da divisão Championship da competição) e foi contra os “lanternas-vermelhas” da primeira divisão desta liga de províncias neozelandesa, North Harbour! Num jogo de suposta superioridade do elenco onde mora David Havili, Mitch Hunt, Mark Telea ou Andrew Makalio, o encontro acabou por ser brindado com uma disputa de igual para igual com o resultado a só atingir números mais diferenciadores nos 15 minutos finais, altura em que a equipa da casa ligou os “motores” e acabou por infligir três ensaios aos Makos com Havili a conseguir um de honra para atenuar o marcador em 40-24, a favor de North Harbour.

Com o antigo atleta do GD Cascais Jared Page em campo e a marcar um ensaio, Harbour fez uso do seu poder físico para irem se movendo entre a defesa de Tasman, forçando falhas de placagem na primeira cortina defensiva garantindo-lhes um avanço substancial que lhes motivou a tentar explorar o jogo ao pé, pondo à prova David Havili, com o defesa a registar um erro nesse âmbito que acabou por dar ensaio a James Little (sobrinho de Walter Little, uma das lendas dos All Blacks).

Foi talvez dos melhores duelos desta Mitre10 Cup 2020/2021 com duas equipas a apresentarem estratégias e formas de jogar algo díspares mas que funcionaram a favor do espectáculo, ainda por mais quando tivemos direito a dois ensaios de intercepção (Mark Telea e Finlay Christie) e com o underdog a ser capaz de ferir e até ganhar por uma boa diferença no final dos 80 minutos. As constantes penalidades por fora-de-jogo ou limpeza ilegal no ruck acabaram por sair caras a Tasman, tendo cometido 15 penalidades no decorrer de todo o encontro, oferecendo pontos a um dos melhores chutadores da Nova Zelândia, Bryn Gatland.

O MVP DA JORNADA: ALAMANDA MOTUGA (COUNTIES MANUKAU)

O asa é o escolhido da semana para subir ao lugar do melhor jogador da 4ª jornada da Mitre10 Cup e que vai muito para além dos três ensaios da sua autoria na vitória de Counties Manukau sobre Manawatu. Motuga foi no ataque um peça sempre de grande movimento, disponível para surgir na sombra dos movimentadores de bola, acelerando rapidamente no momento em que a oval ia ter às suas mãos, sendo que nas funções como defesa foi autor de 12 placagens e 1 turnover, realçando todos aqueles detalhes que fizeram de si um dos principais atletas dos 7’s da Samoa. Vale a pena ter em atenção à maneira como facilmente transita de velocidades, sem esquecer a visão de jogo que lhe possibilita perceber como infligir dano na defesa contrária, combinando velocidade e fisicalidade com toda excelência.

Nota para a estupenda prestação de outro jogador dos 7’s, desta feita dos All Blacks: Salesi Rayasi. Dois ensaios, quatro quebras-de-linha, sete tackle busts, cinco defesas batidos continuando na sua linha de ascensão dentro do rugby neozelandês.

O primeiro ensaio de Alamanda Motuga (00:51)

RANFURLY STATUS: O TROFÉU TROCA DE MÃOS NOVAMENTE!

Bem, o Ranfurly Shield está a fazer uma pequena digressão pela Nova Zelândia e durante uma semana ficará a viver (pelo menos) na “casa” de Hawke’s Bay de Ash Dixon e companhia, depois de terem “roubado” legitimamente o Log o’ Wood dos seus adversários de Otago! Num encontro que se esperaria dividido, o tabuleiro de jogo pendeu quase totalmente para o lado dos visitantes que acabaram o encontro com um diferenças de 19 pontos (28-09), fazendo diferença totalmente através dos seus mecanismos no bloco avançado que acabou por criar constantes dificuldades para Otago, abrindo um caminho estável para que surgissem os ensaios dos seus homens mais rápidos das linhas atrasadas. Mais uma semana e o Ranfurly Shield está pela 4ª vez em mãos diferentes em 2020!

DADOS BÁSICOS

Maior marcador de pontos (equipa): North Harbour – 40 pontos
Maior marcador de ensaios (equipa): Counties Manukau e Manawatu – 5 ensaios
Maior marcador de pontos (jogador): Bryn Gatland (North Harbour) – 20 pontos
Maior marcador de ensaios (jogador): Alamanda Motuga (Counties Manukau) – 3 ensaios
Melhor da Jornada: Alamanda Motuga (Counties Manukau)

Tabela de Marcadores de Pontos e Ensaios à 4ª Jornada

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