Men’s Rugby Europe Championship 2025: dados e análise pt.2
Entramos nesta segunda parte da análise à prestação dos Lobos neste Men’s Rugby Europe Championship 2025 olhando agora para os sectores e plataforma de ataque e defesa, percebendo se houve evolução ou regressão em comparação a 2024.
Arranquemos pelos avançados e em especial para o alinhamento. Portugal terminou a competição com uma eficácia de 80%, um número que estava nos 90% durante a fase-de-grupos mas que depois rapidamente caiu a pique a partir das meias-finais (60% frente à Espanha e 75% ante a Roménia). Enquanto Luka Begic esteve disponível para jogar – lembrar que o talonador sofreu uma lesão frente à Roménia estando indisponível para as meias-finais e não foi convocado para a final -, os Lobos garantiram a larga maioria das suas introduções e foram capazes de montar uma série de mauls dinâmicos de imensa pujança, galgando metros e a conseguir transformar até em ensaios. As soluções para o talonador do Stade Montois nunca foram suficientemente boas e é verdadeiramente uma preocupação massiva, já que é necessário encontrar um plano B e C que efectivamente resulte e garanta alguma estabilidade. Antes de passarmos para outro sector, importante referir que o contra-alinhamento português funcionou a um nível espetacular, interceptando um total de 15 introduções adversárias, um novo máximo comparado a 2024, com Nicolás Martins e José Madeira a terem sido peças-chave nesse processo. Ou seja, em suma, o alinhamento andou a duas velocidades, e que tanto foi garante de alívio e recuperação, como andou a fornecer munições aos blocos contrários.
A formação-ordenada apresentou-se mais estabilizada que em 2024, mas, novamente, ruiu por completo quando chegou a fase do mata-mata, concedendo um total de 12 penalidades entre a meia-final e final. É difícil apurar qual poderá ter sido o problema e mudança de paradigma entre a fase-de-grupos e a eliminar, mas os Lobos foram incapazes de dar sequência a um trabalho interessante que se vinha a construir desde o Verão passado. No 2º encontro ante a Roménia foi chocante a facilidade com a equipa adversária soube manusear e manipular o cinco-da-frente de Portugal, especialmente quando foram realizadas substituições, impondo constantes problemas e falhas que acabaram por ajudar à queda dos Lobos para 4º lugar. É impossível pedir resultados quando foi inexistente a palavra consistência nos encaixes de 8 contra 8, principalmente nos jogos a doer. No fim, os Lobos terminaram com um 80% de sucesso nas introduções próprias, atrás dos três primeiros classificados deste Men’s Rugby Europe Championship 2025.
Entre alinhamentos e formações-ordenadas importa também falar rapidamente do maul dinâmico, que teve momentos de franca alta qualidade, como foi engolido e fragilizado em diversas situações. Se no 1º encontro frente à Roménia resultou em 14 pontos para os Lobos, já no segundo jogo foi uma plataforma sem sentido, incapaz de responder aos Stejarii e sem a letalidade de outros tempos. Novamente, inconsistente e instável.
Neste artigo vamos optar por só falar da defesa e reservar o ataque (e como foram marcados os ensaios) para uma 3ª parte desta série de artigos. Portugal fechou o Men’s Rugby Europe Championship 2025 como a defesa com mais placagens somadas, atingindo um total de 885, um recorde dos Lobos desde que temos estas métricas disponíveis para leitura. Com Nicolás Martins, José Madeira e Diego Pinheiro Ruiz a terem realizado mais de 200 entre os três, os Lobos terminaram a temporada com um percentil de 90% na eficácia, falhando só 102, um número positivo, especialmente no que toca à fase-de-grupos. Contudo, o problema esteve exactamente o quão destrutivo foram as placagens falhadas, como por exemplo no encontro ante a Espanha. Na meia-final a selecção nacional portuguesa deixou fugir o portador de bola adversário somente em 15 de 208 ocasiões, mas foi o suficiente para os Leones conseguirem chegar à área-de-ensaio em três situações, o que demonstra a permeabilidade da cortina defensiva dos Lobos quando é obrigada a se adaptar ao adversário.
🏆 After five rounds of #REC25, here are the best tacklers of the season! pic.twitter.com/YanJbT7qGq
— Rugby Europe (@rugby_europe) March 18, 2025
Já foi um problema notado ante a Namíbia, África do Sul, Escócia e Estados Unidos da América, mostrando que efectivamente há um problema grave no seio de como a equipa treina a sua plataforma de defesa e como injecta o estímulo necessário para conseguir parar o ataque adversário de forma dominante e assertiva. A insistência em querer manter certos padrões ‘impostos’ a partir de 2024 é um erro e custou aos Lobos um total de sete derrotas nos últimos 14 meses, um número altamente preocupante.
Por fim, a disciplina. Portugal terminou a edição de 2025 do Men’s Rugby Europe Championship outra vez no ‘vermelho’, ostentando um total de 70 penalidades cometidas em cinco jogos, uma média de 14 por jogo. O que é especialmente agravante é o facto de os Lobos terem terminado sempre como a equipa mais ‘faltosa’ em todos os seus jogos, evidenciando problemas enormes tanto no sair rápido do chão, no colocar as mãos na bola no breakdown quando não deve ou em falta de apoio positivo ao portador de bola. Somar ainda cinco cartões amarelos a estas 70 penalidades, o que prova que a indisciplina ajudou largamente aos adversários de Portugal durante toda a campanha. Nem com Tomás Appleton a tentar corrigir a sua equipa em momentos delicados foi Portugal capaz de estancar esta ‘hemorragia’ que foi pesadamente sentida na meia-final.
Ao somarmos os pontos negativos no mesmo bolo e comparando com os positivos, é notório que Portugal teve uma queda de qualidade de jogo desde o 1º momento, apesar de ter garantido 100% de vitórias na 1ª fase, com só o jogo com a Roménia a ter sido realmente uma exibição de excelência do 1º ao último minuto. Em relação a 2024, os Lobos terminaram com melhores números na defesa directa, apesar de terem consentido mais ensaios, com a indisciplina a ter sido largamente pior em comparação ao ano passado. A formação-ordenada esteve em melhor nível , assim como o alinhamento e maul dinâmico.
Foto de Destaque de Luís Cabelo Fotografia.
🇪🇸 Ohhhh what a score for @ferugby who extend their lead!
Minguillon runs in for his second try of the day. #REC25 pic.twitter.com/zk4G6kEGhk
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