Men’s Rugby Europe Championship 2024: Portugal cai ante a Geórgia

Francisco IsaacMarço 18, 20245min0

Men’s Rugby Europe Championship 2024: Portugal cai ante a Geórgia

Francisco IsaacMarço 18, 20245min0
Os Lobos não conseguiram contrariar o favoritismo da Geórgia e sucumbiram por 36-10 em Paris, e esta é a análise de Francisco Isaac

Portugal termina em 2º lugar no Men’s Rugby Europe Championship 2024, tendo perdido a final da competição frente à super Geórgia, selecção que coleccionou o seu 7º título consecutivo, mantendo os Lelos total controlo e domínio. Os Lobos tiveram uma vida difícil em Paris e tentamos explicar o que se passou em três destaques.

MVP: PEDRO BETTENCOURT (CENTRO)

Foi de longe dos jogos em que Portugal teve menos espaço ou capacidade para fazer valer o seu jogo ofensivo, com a Geórgia a controlar a posse de bola na maioria das ocasiões ou a forçar sucessivos erros do conjunto português cada vez que estes tinham a bola em seu poder. Contudo, houve um jogador que se destacou mesmo dentro da linha de 3/4’s e que tentou mudar o rumo dos acontecimentos: Pedro Bettencourt. O ex-CDUP e actual jogador do Oyonnax fez mossa na oposição tanto a atacar (duas boas oportunidades ofensivas advieram de si) como a defender, com um dos melhores momentos a ter se verificado na segunda-parte quando o centro capta a oval dentro dos seus 40 metros, chuta, pressiona, consegue açambarcar Davit Niniashvili e forçar no fim uma penalidade a favor dos Lobos.

A larga maioria das suas acções foi extremamente positiva, sabendo bem quando interferir para criar caos na Geórgia, salvando até os Lobos de sofrerem um ensaio no decorrer da primeira-parte. O centro voltou a mostrar o porquê de ser um dos melhores jogadores de Portugal nos últimos três anos. Destaque também para as grandes exibições de Nicolás Martins (dois turnovers, três offloads, 15 placagens efectivas) e José Madeira (cartão amarelo discutível porque nem foi o 2ª linha a estar envolvido numa situação menos legal), para além das boas entradas de Hugo Aubry e Rodrigo Marta.

MELHOR PONTO: DEFESA DISSE PRESENTE NA 1ª PARTE

Não foi uma prestação positiva, não só pelo resultado final como pelos vários períodos de jogo em que Portugal foi inferior aos Lelos em situações em que não se esperava que assim fosse, mas não se pode tirar a enorme prestação da defesa na primeira-parte que manteve a linha-de-ensaio inacessível para os Lelos, forçando até estes a optar por chutar aos postes. A fisicalidade e agressividade imposta não só na placagem individual mas na comunicação colectiva e capacidade de entreajuda injectou algum fulgor na selecção nacional, que parecia resgatar alguns laivos de esperança e positivismo a cada nova recuperação no breakdown ou na placagem, que infelizmente não terminaram em pontos por inoperância do ataque. Com Nicolás Martins, José Madeira, David Wallis, José Lima, Tomás Appleton e Pedro Bettencourt a liderar na arte de abater Lelos, a verdade é que a entrega e eficácia na defesa deu provas que Portugal, com um pouco mais de trabalho, voltará ao mesmo nível de 2022 e 2023.

PONTO A MELHORAR: FASES-ESTÁTICAS INEXISTENTES

Foi um problema contra a Roménia, Espanha e, agora, Geórgia, sendo que neste jogo foi sentido como um tremor de terra. Se no Mundial 2023 Portugal conseguiu forçar sucessivos erros na formação-ordenada dos Lelos, neste jogo foi o total oposto ao ponto que os agora heptacampeões passaram por cima e deixaram uma marca profunda negativa na primeira-linha que iniciou o encontro. António Santos, Luka Begic e Abel da Cunha não foram capazes de aguentar o primeira impacto sendo dobrados na larga maioria das FO, à excepção de duas em que os Lobos conquistaram penalidades (mais por tentativa ilegal de manobrá-la por parte dos Lelos). Percebe-se que o desejo esteja no formar de uma nova fornada de primeiras-linhas, mas numa final destas ficou um sabor amargo e uma pergunta no ar que estes jogadores talvez não mereciam que se fizesse. O alinhamento consentiu também uma mão cheia de erros, o maul foi bem anulado e mesmo no carregar a bola ou ir ao ruck para protegê-lo foi negativo em diversas situações, algo inesperado.

A experiência é algo que se conquista com o tempo, mas haverão jogos frente aos Springboks, Escócia, Tonga nos próximos meses, e era importante contar com os jogadores de topo, especialmente aqueles que estão mais rodados e que podem efectivamente colocar os Lobos mais perto de chegar ao seu 3º Campeonato do Mundo. Ter uma primeira-linha no banco mais experiente poderia ter sido fulcral e não tinha beliscado o trabalho dos que começaram, pelo contrário. O ataque de Portugal também foi um ponto extremamente negativo, com os Lobos a jogarem mais em prol de uma adaptação à Geórgia que tentar mostrar as suas próprias ideias… não ajudou ter Hugo Aubry no banco de suplentes, que mal entrou se sentiu uma diferença considerável no ataque português, soltando Tomás Appleton para aquilo que sabe fazer melhor sem ter de se preocupar com pontapés, recolocação táctica lá atrás, etc.

DADOS DO JOGO

Marcador de ensaios: Rodrigo Marta (5)
Pontapés: Hugo Aubry (2) e Hugo Camacho (3)
Melhor placador: José Madeira (17 placagens efectivas)
Melhor Jackler: Pedro Bettencourt (2)


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