Lobos em 2024: números, dados e ideias pt.1

Portugal encerrou a temporada 2024 em Novembro, com os Lobos a terem garantido apenas quatro vitórias em nove jogos, tendo sido a pior temporada desde 2018, num ano de reestruturação de parte do elenco e em que foram realizadas diversas alterações no staff técnico nacional. Neste primeiro artigo vamos olhar para o número de jogadores utilizados, quem somou mais minutos, os principais pontuadores, as posições que tiveram menos consistência e outros dados de importância associados ao elenco.

QUASE MEIA CENTENA DE LOBOS EM 2024

Entre Daniel Hourcade/João Mirra e Simon Mannix/Olivier Azam, Portugal fez uso de 49 atletas, com apenas dois a terem jogado a totalidade da campanha de 2024, sendo esses Tomás Appleton e Luka Begic. Ambos foram titulares nos 9 jogos de Portugal, com o capitão de Portugal a ter somado praticamente 360 minutos em 2024, não fosse ter sido substituído num dos jogos do Men’s Rugby Europe Championship 2024. Seguem-se José Lima (sete vezes titular e um jogo como suplente), Manuel Cardoso Pinto (o mesmo que o anterior) e Pedro Vicente (entrou sempre a partir do banco de suplentes) com um total de oito jogos, vindo depois Hugo Aubry, Nicolás Martins, João Granate, Abel da Cunha e Duarte Torgal com sete cada. No espectro oposto, nove jogadores só vestiram a camisola em um jogo, com quatro desses a somarem apenas uma média de 40 minutos. Samuel Marques só esteve envolvido num jogo, mas foi o jogador que no rácio de jogos/pontos valeu mais, com o formação a ter conseguido 11 pontos na visita de Portugal a Murrayfield.

Em comparação com as restantes selecções europeias, Portugal foi a 4ª selecção com mais jogadores utilizados, ultrapassado por Bélgica (57), Espanha (55) e Roménia (54). A média de idades da equipa de Portugal rondou os 25, tendo 20 realizado a sua estreia pelos Lobos, entre os quais Hugo Camacho, Hugo Aubry, Pedro Vicente, Abel da Cunha, Luka Begic, Manuel Vareiro, entre outros. Dos 49 atletas utilizados, só 22 jogam nos campeonatos franceses – 21, já que Abel da Cunha assinou pela AEIS Agronomia no Verão de 2024 -, com o campeonato nacional português a continuar a contribuir com a maioria fatia, ao contrário do que alguns comentadores querem fazer sugerir.

Um ponto interessante é que Portugal nunca conseguiu conjugar a sua melhor equipa, ficando sempre a faltar um ou dois atletas, especialmente dos que actuam em França, às vezes deixados de fora por opção técnica e não por impossibilidade pessoal, sendo importante perceber que sem eles, Portugal não estaria perto de lutar pela ida ao próximo Campeonato do Mundo.

PONTOS E ENSAIOS

Em relação aos pontos marcados a partir de pontapés, Hugo Aubry terminou a temporada com 62 pontos marcados (16 conversões e 10 penalidades) para além de ter realizado quatro assistências para ensaio, seguindo-se Domingos Cabral com 21 (6 conversões e 3 penalidades) e Samuel Marques com seis (três conversões). Já em ensaios concretizados, Manuel Cardoso Pinto terminou o ano com 4 ensaios, seguido por Hugo Camacho, José Paiva dos Santos, Lucas Martins e José Lima, todos estes com três. O assistente principal foi Simão Bento, que realizou três assistências para ensaio nesta temporada, seguido de Lucas Martins com outras três, e Hugo Camacho e Tomás Appleton com dois cada.

"I just become space"

That's Simão Bento's mantra, mindset, mojo, or whatever you wanna call it

A MoM performance for me from a "kid" who is creating his own luck

2 minutes and 20 seconds of pure skill pic.twitter.com/oUdazDRgaD

— Francisco Isaac (@francisaac87) July 21, 2024

Como mandam as boas regras do rugby, dos 30 ensaios marcados pelos Lobos, sete apenas vieram dos avançados, com destaque para Luka Begic que conseguiu dois toques de meta naquele que foi o seu ano de estreia por Portugal. O maul perdeu a ligeira importância que ganhou com Patrice Lagsiquet, mas a formação-ordenada mostrou um bom nível nos encontros frente à Namíbia, Estados Unidos da América e Escócia, muito por conta do excelente input imposto por Olivier Azam, uma super aquisição para o staff da selecção nacional.

Infelizmente também foi a pior temporada desde 2018 em termos do rácio de ensaios marcados/sofridos, com Portugal a ter consentido 35 toques de meta e a ter marcado cerca de 30, sendo um segundo estatístico negativo perante a campanha portuguesa. Iremos noutra parte fazer uma análise mais profunda às secções de jogo dos Lobos, mas a defesa esteve a léguas do seu potencial em comparação com os anos de 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023, especialmente a partir da segunda parte do ano, no qual a selecção nacional permitiu aos seus adversários marcarem um total de 23 ensaios, um ponto preocupante e que deveria estar no pensamento de Simon Mannix e o seu staff técnico.

Com estes dados ficamos a saber que Portugal operou várias mudanças, mas a maioria dos jogadores transitaram do último ciclo mundialista, com algumas das estreias a terem sido importantes para garantir algum tipo de vitamina aos Lobos, como Hugo Aubry, Luka Begic ou Lucas Martins. Na segunda-parte iremos olhar para como os ensaios foram marcados e sofridos, indo às secções de jogo numa terceira, enquanto na 4ª iremos destacar os melhores da temporada.

🇵🇹⭐️What a debut season it was for young Hugo Aubry! 👏 #REC24 pic.twitter.com/ZZfK9DQdNV

— Rugby Europe (@rugby_europe) March 26, 2024